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"Amor Sombrio" - Saga "Love, Death & Eternity"

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Jess Silver
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Mensagem por Jess Silver Sáb Jun 30, 2012 4:57 pm

JuhSalvatore escreveu:awnnn, q fofuraaa
amei essa luta interna do Drake
é por esse e outros motivos que eu o amo
mesmo com tudo que ele viveu, ainda pensa em proteger a Cassie... sério, perfeição.

Jess, ta perfeito, sério.
como tudo o que escreves, amei.
querendo mais aqui.
beijoos.


Juhzinhaaaa brigada mais uma vez pelo apoio amor, fico muito feliz que continue gostando!
logo logo eu posto mais
beijooos!
Jess Silver
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Mensagem por JuhSalvatore Sáb Jun 30, 2012 6:26 pm

Jess Silver escreveu:
JuhSalvatore escreveu:awnnn, q fofuraaa
amei essa luta interna do Drake
é por esse e outros motivos que eu o amo
mesmo com tudo que ele viveu, ainda pensa em proteger a Cassie... sério, perfeição.

Jess, ta perfeito, sério.
como tudo o que escreves, amei.
querendo mais aqui.
beijoos.


Juhzinhaaaa brigada mais uma vez pelo apoio amor, fico muito feliz que continue gostando!
logo logo eu posto mais
beijooos!

de nada amr, eu que agradeço por continuar a postar coisas tão perfeitas!
ebaaa, lerei.
beijoos.
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Mensagem por Jess Silver Qui Jul 05, 2012 6:34 am

Meninas, hoje tem novo capitulo mais logo!
beijoos!
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Mensagem por Convidad Qua Jul 25, 2012 10:07 am

Oi Jess, desculpe pela demora, mas já voltei e li os 3 últimos capítulos que você postou.
Como sempre, a história vem me prendendo a cada leitura que faço e estou me apaixonando cada vez mais pelo Drake *-*
Está praticamente estampado na cara dele o quanto gosta da Cassie, assim como ela. Fico preocupada em saber o quanto é difícil pra ele se controlar quando está perto dela, já que a sede é grande, mas ao mesmo tempo, sei o quanto Drake zela pela proteção de Cassie. É certo ela se sentir um pouco em perigo quando está com ele, já que sabe a criatura que seu amigo se tornou, mas aquilo que sente por Drake sempre fala mais alto, de forma que permite esses encontros em sua casa com ele.
Está ficando cada vez mais difícil de esconder esse segredo, espero que Cassie consiga! Achei lindo você contando a forma que eles se olhavam quando estavam deitados na cama. Está nítido o quanto se aproximam a cada dia!
Quando sai o primeiro beijo, Jess?! Razz Eu quero! rsrsrs
Em fim, como de costume, tá tudo perfeito e a sua escrita nunca deixa a desejar!
Quero mais cap. Jess!
Beijos flor

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Mensagem por JuhSalvatore Sáb Jul 28, 2012 10:42 am

Jessiee! quando tem mais?
to tendo abstinência da sua fic, e isso não é legal!
to aqui esperando por mais, viu? isso é pra você ver que eu não te esqueci.
beijoos.
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Mensagem por Jess Silver Dom Ago 12, 2012 9:30 am

GALERAAAAA, VOLTEEEEEIIIIIIII!!!!
Juh e Pri, mil obrigadas por não me terem abandonado enquanto eu estive fora, não fazem ideia de como foi bom voltar agora, abrir esse tópico e ver vossas mensagens aqui, foi beleza mesmo!
tenho muitas saudades vossas, acreditem, mas este negócio de ferias fora de casa torna dificil vir na net :/
no entanto eu volteeeei, e logo à noite a Cassidy, o Drake & CIA voltam tambem! espero que continuem a gostar da história, vou me esmerar por continuar a escrever tão bem como antes, pra nao dececionar voces!
obrigada mais uma vez pelo apoio!!
beijoos
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Mensagem por JuhSalvatore Dom Ago 12, 2012 4:00 pm

magiiina amora, estaremos aqui esperando mais, e eu, pelo menos, tenho certeza de que estará tudo fantástico!
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Mensagem por Jess Silver Dom Ago 12, 2012 4:07 pm

JuhSalvatore escreveu:magiiina amora, estaremos aqui esperando mais, e eu, pelo menos, tenho certeza de que estará tudo fantástico!

obrigadaaaa Juh, vou tentar postar o mais depressa que posso Smile
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Mensagem por Jess Silver Dom Ago 12, 2012 4:18 pm

*** AVISO ***


Beem galera, sim eu tou de volta, e quero apenas deixar um aviso antes de postar mais um capítulo dessa história que já rola há algum tempo kkkk
eu só tenho mais uma semana de postagens antes de entrar novamente pra ferias, entao tentarei me despachar a postar o máximo de capitulos que possa nesse período de tempo

siiim, voces estão pensando bem, vai ser até um enjoo de "Amor Sombrio", mas eu quero deixar essa história terminada quando acabarem minhas ferias e começarem as aulas
nesse novo ano escolar eu nao poderei vir tantas vezes à net, e de certeza nao poderei perder tempo postando novos capitulos todos os dias, então vou tentar deixar todas as minhas histórias terminadas antes dessa altura
daíi vir a enchente de capitulos novos que eu prometi antes kkk

além do mais eu nao dividirei os capitulos em várias partes, vou postar tudo junto, porque assim será mais rapidinho ainda pra acabar de postar o livro (que é enorme Mad)
então aqui vai mais um capitulo, peço desde já desculpa se eles ficarem gigantescos, e compreendo se alguem perder a força pra ler a meio kkkk


mas espero que gostem na mesma, e uma vez mais obrigada!!
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Mensagem por Jess Silver Dom Ago 12, 2012 4:35 pm

Capítulo 9



Cassidy



O dia amanheceu enublado, com as nuvens tão carregadas que se previa que chovesse dentro de pouco tempo. Não era um cenário nada apelativo, ainda por cima para quem tinha de se levantar cedo para ir para a escola. Mas também não podia ficar deitada o dia todo. Isso era para Drake.
Drake… pensar nele fazia com que algo se revolvesse dentro de mim. Já não o via há cerca de dois dias, e isso preocupava-me. Depois de ele se ter despedido de mim naquela noite nunca mais tinha dado sinal de vida. Eu tentava continuar com a minha rotina, a cada dia que passava parecia mais fácil, mas continuava a custar não o ter ao meu lado.
A minha principal missão agora era não dar nas vistas. Tentar parecer normal por fora, para que as pessoas não desconfiassem de como estava arrasada por dentro.
Cumpri com a minha rotina matinal, sempre as mesmas coisas, a pensar o que teria Drake feito na noite anterior, para não ter um minuto para vir ter comigo. Talvez fosse doentio precisar tanto que ele estivesse comigo… ou talvez fosse simplesmente normal, porque desde que tinha um ano e meio que me habituei a estar com ele quase todos os dias da minha vida.
Sinceramente, há dezasseis anos que eu passava os aniversários, as datas importantes, o Dia de Ação de Graças e até o Natal e a passagem de ano com ele. Drake estava sempre comigo, fosse em que situação fosse. Claro que agora sentia saudades por não o ver há dois dias e duas noites inteirinhas.
Mas não podia pensar nisso. Senão ia começar logo de manhã a chorar imenso.
Acabei de tomar o pequeno-almoço, arrumei a cozinha e fui ao meu quarto buscar o meu casaco e a minha mochila. Depois desci, saí de casa e tranquei a porta, guardando as chaves no bolso das calças enquanto corria para a paragem de autocarros, que ficava mesmo ao lado da minha casa. Esperei cerca de quatro ou cinco minutos até ver a camioneta aparecer, e entrei.
- Bom-dia Cassidy. - Cumprimentou-me o Sr. Shuester, o motorista.
- Bom-dia Sr. Shuester. - Cumprimentei-o também, e fui-me sentar num dos bancos.
Hoje o dia ia ser importante por outra razão, mas teria de esperar pelo final da tarde. Cheguei à escola e deparei-me logo com Denise e Mary, que vieram receber-me. Alec vinha agarrado a Denise, como de costume.
- Como estás, Cass? - Perguntou ele, antes de me dar um beijo na testa.
- Ótima. E vocês?
- Também. Nem vais acreditar no que eu ouvi assim que cheguei aqui há escola! - Comentou Denise, com aquele seu ar de coscuvilheira impossível de ignorar.
- O que descobriste?
- A mãe da Ruth Gibbs está grávida! Acreditas?!
- Pois, não é nada do outro mundo. - Respondi, revirando os olhos.
Mas já devia saber que, com Denise, havia sempre outra coisa por trás.
- Pois, mas dizem que o pai da criança não é o marido, o Sr. Gibbs. Dá para acreditar? Eu nunca pensei que a Srª. Gibbs fosse dessas de ter amantes…
Ri-me da ideia. A mãe de Ruth era uma pessoa simpática e alegre, falava bem a toda a gente e quase não tinha inimigos, o que era difícil numa vila pequena como a nossa, com tanta gente a gostar de mexericos. Era natural que mais cedo ou mais tarde arranjassem algo para implicar com a senhora.
- Não ligues. Deve ser mentira, como quando inventaram que o Sr. Falks estava falido e teria de viver da nossa caridade. - Revirei os olhos.
- Pois, também acho. - Concordou Mary.
E continuámos a conversar sobre os mexericos que as velhas de Olliver's River passavam o tempo a inventar, até Bianca entrar pelas portas principais, despertando logo a atenção de toda a gente.
Trazia uma camisola quente, num belo tom de cor-de-rosa claro, umas calças de ganga justas ao corpo e umas botas quentes, castanhas. A juntar ao cachecol castanho trazia umas luvas nas mãos, para não resfriar. Estava realmente muito frio nesse dia, mas ainda assim ela parecia saída de uma passagem de modelos.
- Bom-dia a todos. - Declarou alegremente, distribuindo beijos para o ar que a rodeava, e todos os rapazes lhe sorriram, entusiasmados.
Mas Kevin já a esperava, encostado à parede do fundo, e ela apressou-se a ir ao encontro dele. Desviei o olhar, sem querer presenciar aquilo logo de manhã. Iria deixar-me ainda mais nostálgica.
- Não penses nisso, Cassie. Eles não interessam. - Sussurrou Alec, com um sorriso compreensivo.
Agradeci-lhe e depois ouvimos o toque de entrada para as aulas, pelo que nos dirigimos para a sala de aula. A primeira aula da manhã passou lentamente, porque foi demasiado chata para eu conseguir prestar atenção. Continuámos a ler a obra em estudo no momento, Orgulho e Preconceito - o meu professor de Inglês adorava os clássicos da literatura - mas eu continuava a pensar em Drake e no que podia fazer para o ajudar.
E foi assim que se passou grande parte da manhã. Tentava não pensar em como a minha vida tinha mudado, tentava dar-me com as pessoas como costumava fazer antes de aquilo acontecer a Drake. E estava a pensar nele, a meio da última aula da manhã, quando recebi aquela mensagem no meu telemóvel.
Tirei-o rapidamente do bolso do meu casaco e, a tentar não dar nas vistas para a professora não me apanhar, vi a mensagem que tinha recebido. Não reconhecia o número.

Preciso que vás a minha casa esta tarde, quando acabarem as aulas. Vou lá ter contigo. Preciso de levar algumas coisas minhas de lá. Conto contigo para me ajudares, os meus pais não podem saber de nada.
Drake


Fiquei sem ar de tão chocada quando li aquilo. Estava à espera de notícias dele, claro, mas não esperava que chegassem desta maneira. Olhei à minha volta na sala de aula, a ver se alguém tinha notado a minha reação. E depois, ao ver que estava toda a gente concentrada no livro que estávamos a ler, respondi rapidamente a Drake.

Vou lá ter contigo, não te preocupes.

- Miss Portman, quer fazer o favor de continuar a leitura? - Chamou a professora de História.
- Claro…
Baixei o telemóvel, guardando-o no bolso do casaco, e continuei a ler o excerto sobre a Grécia Antiga.
Parecia um milagre quando chegou a hora de almoço. Saí da sala, pegando apenas nas coisas de que precisava, e acompanhei Denise, Mary, Alec, Heath e os outros até à cantina da escola, para comermos.
- Estás bem, Cassie? Pareces esquisita. - Comentou Mary, enquanto pegava no seu tabuleiro da comida e o levava para a nossa mesa.
- Estou bem, a sério.
Levei também o meu tabuleiro e juntei-me ao resto do meu grupo, para comermos o almoço. Denise e Alec não paravam de tagarelar sobre os planos para o fim-de-semana, uma vez que já só faltavam dois dias. Mary e Louise, a sua companheira de carteira, discutiam sobre algo que não me interessou sobremaneira, pelo que não me meti na conversa. Na verdade passei toda a hora de almoço a observá-los, a ver como se comportavam.
Denise continuava a ser a pessoa extrovertida, conversadora e alegre de antes. Nada a conseguia deitar abaixo durante muito tempo. Mas eu sabia que debaixo daquela máscara de "oh não se preocupem comigo que estou no meu melhor" se escondia uma pessoa inundada pela vontade de chorar a suposta morte do melhor amigo. Mas o lema de vida de Denise era "aconteça o que acontecer, tens sempre de ser forte, ou parecer forte, para poderes apoiar os outros". E ela desempenhava esse papel com uma perfeição que ninguém além dela conseguia alcançar.
Mary e Louise estavam mais tristonhas. Mary sempre foi muito próxima de Drake, como se fossem irmãos, e custava-lhe imenso superar a morte e a ausência dele. Dei por mim a pensar em como seria a reação dela se soubesse a verdade, e excluí logo a hipótese de lhe vir a contar. Mary iria achar que eu estava maluca, e quando tivesse a prova de que eu dizia a verdade, teria um AVC ou algo parecido. Ela odiava tudo o que tivesse a ver com o terror e o sobrenatural, e neste momento, Drake estava demasiado envolvido em ambos.
Alec mostrava menos o sofrimento do que a namorada ou as amigas. Continha-se, tentava parecer forte e até descontraído, mas eu apanhava-o às vezes a olhar para o vazio, e sei que os seus pensamentos se centravam em Drake. Ele também sentia a sua falta, tal como todos nós.
Suspirei quando tocou para a entrada das aulas e tive de deixar as minhas reflexões de parte. No entanto sentia-me mais animada. Faltavam poucas horas para estar com Drake outra vez, e isso melhorava imenso as coisas.
Só tinha duas aulas à tarde de quinta-feira: Geografia, seguida de Educação Física. Passaram ambas demasiado lentamente para o meu gosto, principalmente a última hora. A ansiedade crescia dentro de mim à medida que o crepúsculo começava a anunciar-se. Assim que o Sol deixasse de ser suficientemente forte para dilacerar Drake, ele sairia do seu esconderijo e viria ter comigo.
Por isso senti-me mesmo aliviada quando as aulas acabaram. Troquei a roupa de Educação Física pela minha roupa normal depois de ter tomado o duche no balneário das raparigas, arrumei os meus pertences e despedi-me de toda a gente antes de pegar nas minhas coisas e sair praticamente a correr da escola.
Tinha o meu plano bem traçado na cabeça e nada faria com que me desviasse do meu objetivo. Drake estava a contar comigo. Corri para a paragem de autocarros mais próxima e fiquei lá à espera que algum chegasse. Aquela paragem, como ficava no centro da vila, estava frequentemente cheia de gente. Havia pelo menos seis pessoas debaixo do telheiro protetor da paragem, entre elas a Srª. Fanning, que assim que notou a minha presença, se aproximou para vir falar comigo.
- Boa-tarde Cassidy! Como estás, querida? - Perguntou, na sua voz tipicamente maternal e bondosa.
A Srª. Fanning era a avó de Mary, por isso conhecia-me desde pequena, tal como aos meus pais e ao resto da população de Olliver's River. Os seus dias eram passados no largo da aldeia ou nas casas das suas amigas, ou então a fazer tartes, compotas e doces para distribuir por todos os habitantes. Era uma senhora muito simpática, mas também uma das melhores mexeriqueiras da vila. Sabia sempre de tudo.
- Estou bem, Srª. Fanning, e a senhora?
- Oh, também estou, apesar deste tempo horrível. Dá para acreditar na má sorte que temos tido este ano? Está a ser um dos outonos mais frios desde há muitas décadas.
- Acredito, Srª. Fanning. Mas pode ser que melhore entretanto. - Comentei, só a fazer conversa de circunstância.
No entanto, eu já devia saber que as coisas não se iam ficar por ali. E quando a Srª. Fanning tomou a minha mão entre as suas e me lançou aquele olhar tristonho, senti o meu estômago a revolver-se. Ela iria certamente falar de Drake e eu não sabia se conseguiria mentir-lhe na cara. A Srª. Fanning sempre tinha sido simpática comigo, e não merecia ser enganada.
E também não merecia ter pesadelos para o resto da vida se soubesse o que tinha acontecido com o rapaz a quem anteriormente considerara quase como um neto.
- Queria dar-te os meus pêsames pela… pelo desaparecimento do teu amigo. Também me custa muito imaginar o que possa ter acontecido ao nosso querido Drake. Pobrezinho… tão novo, com a vida toda pela frente, e aconteceu-lhe uma tragédia destas… - Disse a Srª. Fanning, numa voz de quem ia desatar a soluçar.
Senti os meus olhos a encher-se de lágrimas, e tive de lutar para manter a compostura. Não me deixaria ir abaixo.
- Eu compreendo. E também me custa… mas temos que seguir com a nossa vida em frente, Srª. Fanning. Certamente era isso que o Drake gostaria que fizéssemos. Seguir em frente.
Ela assentiu energeticamente, e um sorriso de compreensão aflorou aos seus lábios já enrugados pela idade.
- És um coração bondoso, minha querida. Tenho a certeza que o Drake está orgulhoso de ti.
«Estará?» era a pergunta que não parava de berrar a minha consciência. Só me apetecia dizer à Srª. Fanning que Drake não tinha de estar orgulhoso do rol de mentiras que eu andava a dizer a toda a gente, mas calei-me, porque era o melhor para ambos.
Felizmente a camioneta chegou nesse instante para me salvar daquela conversa desconfortável. Despedi-me da Srª. Fanning e subi rapidamente, indo sentar-me num dos bancos mais ao fundo do autocarro. Suspirei de alívio e pousei a mochila no banco livre ao meu lado. Depois apoiei a cabeça na janela e fiquei a olhar para o exterior durante toda a viagem.
Porque é que continuava a dizer a toda a gente que deviam seguir em frente, e que eu estava a fazer o mesmo? Era a mais pura das mentiras. Eu jamais seguiria em frente. Estava cada vez mais envolvida na nova vida de Drake, e seguir em frente com a minha era algo que não imaginava que fosse possível, pelo menos enquanto gostasse tanto dele.
Não iria para minha casa. Tinha um plano a cumprir, e tinha de me despachar. Podia ser arriscado, mas Drake contava comigo, e isso era tudo o que precisava para continuar.
Quando a camioneta parou em frente à paragem da casa de Drake saltei rapidamente para fora do veículo e corri para o alpendre. Estava um frio gélido e terrível naquele fim de tarde, em que o Sol já se tinha praticamente escondido atrás das árvores, pondo-se no horizonte.
A casa dos Hunter era grande e confortável, como a maioria das casas da vila: com um alpendre em madeira que rodeava toda a casa, paredes de pedra e telhado vermelho. As portadas das janelas eram em madeira escura. Subi os quatro degraus até ao alpendre e bati à porta de madeira, pesada e antiga. Não demorou muito tempo até que a tia Claire viesse abrir. Eu sabia que ela tinha tirado o dia de folga para ficar em casa.
- Ah… Cassidy… - Exclamou ela, surpresa por me ver ali.
- Boa-tarde, tia Claire. - Cumprimentei-a, e sentia-me tão acanhada como ela por aparecer ali sem avisar.
- Não estava à tua espera… mas entra, vem. Há muito tempo que não aparecias por aqui. - Respondeu, e deu-me passagem para o interior.
Assenti, agradecendo-lhe com um simples olhar por me permitir ir ali interromper os seus momentos de calma e descanso. Ouvi a tia Claire fechar a porta depois de eu ter entrado e seguir-me até à saleta de entrada.
- Precisas de alguma coisa, querida? Ou vieste só de visita?
- Preciso de falar consigo. É… importante. - Murmurei, e não sabia bem por onde começar.
Apenas que não podia adiar aquilo durante mais tempo.
- Com certeza. Senta-te aqui comigo…
Sentei-me ao seu lado no sofá mais confortável da sala de estar, e reparei como ela parecia cada vez mais magra e cansada, tinha mesmo ar de quem estava exausto e não dormia uma noite seguida há imenso tempo.
Duas semanas pelo menos. Claro que nenhuma mãe conseguiria dormir sossegada depois de uma tragédia acontecer ao único filho.
- Tia Claire… eu vinha saber como está.
O suspiro fundo e desolado dela foi resposta suficiente.
- Custa abrir os olhos todos os dias, sabendo que não vou voltar a ver o meu menino. - Encolheu os ombros, mas eu bem via como ela mordiscava o lábio para tentar conter as lágrimas.
Incapaz de continuar indiferente ao seu sofrimento aproximei-me mais e peguei na mão dela. Queria tanto poder dizer-lhe que Drake também sentia a falta dela, e que se pudesse voltaria… mas agora era impossível. Ele já não fazia parte do mundo da maioria das pessoas.
- Também me custa não o ter ao meu lado. Sabe que ele era como um irmão para mim. A tia Claire é como uma mãe para mim, também. E tenho imensa pena de tudo isto…
Ela dedicou-me um sorriso triste mas afagou-me os cabelos com a mão que tinha livre.
- Oh querida… nem tenho saído muito de casa. Perdoa-me por não ter ido visitar os teus pais e a ti mais vezes… mas custa tanto encarar as caras de toda a gente na vila… os olhares pesarosos deles ainda me fazem sentir pior.
- Eu entendo. A sério que entendo. Também me custa quando vêm ter comigo a falar do Drake… se eles soubessem metade do que nós sofremos, nem tocavam no assunto.
A tia Claire assentiu e deixou escapar um soluço.
- Já não tenho esperança de que ele volte. Não espero que ele consiga regressar… o meu filho morreu. Se assim não fosse, de alguma maneira eu já teria recebido notícias dele, não é verdade?
Tive de engolir em seco e contrariar a vontade que tinha de lhe dizer "ele só está meio morto, e completamente ciente do que se anda a passar, mas não pode fazer nada". Em vez disso respondi apenas:
- Tenho a certeza que ele desejaria que a tia Claire e o tio Sam seguissem com as vossas vidas em frente. Eu conhecia bem o Drake, tal como vocês. E todos sabemos o quanto ele odiava ver as pessoas a sofrer por sua causa.
- Sim Cassidy, mas tenta compreender… não dá para conter a dor de uma mãe que perde o seu único filho…
- Eu sei que é difícil… mas temos de nos manter fortes. Tem de erguer a cabeça, tia Claire. Pelo seu marido… e pelo Drake. Acredite, esteja ele onde estiver a esta hora, não quererá que chore mais.
Para que estava eu ali com conversa fiada e conselhos idiotas, quando também eu estava a ponto de desatar a chorar?! Sou mesmo estúpida. Estúpida e uma mentirosa sem escrúpulos.
- Cassidy… ele tinha tanta sorte por te ter ao seu lado. E nós também temos, todos nós. - Disse a tia Claire, passando-me de novo as mãos pelo cabelo.
Tentei sorrir, embora o nó na minha garganta apertasse tanto que eu mal conseguia respirar.
- Tia Claire… há uma coisa que eu gostaria de pedir-lhe. Sei que vai achar estranho… mas eu preciso mesmo.
- Ora, diz lá. Se puder ajudar, prometo que vou tentar.
- Eu gostava… de ficar com algumas coisas do Drake. Sabe, aquela gaveta que eu tenho em minha casa para as coisas dele? Eu… não quero ficar só com a roupa que lá está… se fosse possível eu levar daqui algumas coisas…
Tal como eu esperava, a tia Claire estranhou o pedido. Olhou fundo nos meus olhos, como se estivesse à procura de segundas intenções, pelo que tentei mostrar-me o mais inocente possível. E no fim ela acabou por suspirar e fazer um gesto de "deixa lá" com a mão.
- Tudo bem. Se é assim tão importante para ti… podes levar o que quiseres. Eu também… as coisas não me fazem grande falta aqui em casa… o Drake não vai voltar.
E na última frase a sua voz traiu-a e pensei mesmo que fosse começar a chorar. Levantei-me rapidamente, para tentar escapar à dor dela. Se visse a tia Claire a chorar acabaria por chorar também, e isso era algo que tinha de evitar.
- Obrigada. Se soubesse a ajuda que me está a dar, tia Claire…
- Espero mesmo que sim, querida. Espero que sim. Podes subir e tirar o que quiseres… leva um saco ou uma mochila para guardar as coisas se quiseres. - Murmurou, e os olhos dela encheram-se de lágrimas.
Claro que, se Drake não precisasse mesmo das roupas e das suas coisas, eu não obrigaria a tia Claire a passar por este suplício de ver as coisas do filho a serem levadas da sua casa. Mas ela tinha confiança suficiente em mim, e jamais pensaria no fim que eu daria às coisas do Drake.
- Obrigada mais uma vez, tia. Eu já volto.
E deixando-a na sala, a chorar e a soluçar para o lenço que tirou do bolso do casaco de malha, dirigi-me às escadas de madeira e subi-as rapidamente, dirigindo-me ao antigo quarto do meu melhor amigo.
Eu só desejava que a tia Claire me perdoasse por toda a dor que lhe tinha trazido numa simples meia hora daquela tarde. Ela não merecia tudo isto. Mas eu fazia-o por Drake, e isso era motivo suficiente.
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Mensagem por Jess Silver Dom Ago 12, 2012 4:52 pm

Capítulo 10


Cassidy




Entrei no quarto de Drake, e assim que me vi no seu interior, a onda de tristeza que me assolou foi demasiado potente para que eu conseguisse conter as lágrimas. Fechei a porta e, limpando as lágrimas que me escorriam dos olhos, aproximei-me da cama dele, em passo lento. Passei as mãos pelo tecido macio da sua colcha, onde eu tantas vezes estivera deitada ao seu lado. Aquele quarto inspirava saudades e tristeza, para onde quer que se olhasse. Era como se Drake ainda vivesse no interior daquelas paredes de madeira. Ele ainda pertencia ali, apesar de nunca mais poder voltar.
Aproximei-me do roupeiro de madeira de cerejeira, tão grande que ia desde o tecto até ao chão e estava encostado à parede da esquerda do quarto. Abri o roupeiro e, com um suspiro de resignação, comecei a tirar para fora algumas das suas roupas mais práticas, e também aquelas de que ele mais gostava. Jeans, outras calças, t-shirts e camisolas, pólos e agasalhos, tudo o que ele pudesse precisar. Deixei tudo em cima da cama dele, e no fim da escolha, fui buscar uma mala das que ele tinha debaixo da cama e abri-a. Enquanto arrumava a roupa no interior, só conseguia chorar e chorar.
Pensar que não voltaria àquele quarto, que Drake nunca mais dormiria naquela cama… ele também devia ter saudades, claro. Se me acontecesse o mesmo eu teria saudades do meu quarto.
Acabei rapidamente de arrumar a roupa na mala - também não ia levar muita, para não dar nas vistas - e fui buscar a sua mochila da escola, tirei os cadernos e livros e estojos para fora e enfiei lá dentro o seu MP4 - ele adorava música, e de certeza que tinha saudades de ouvir os seus artistas preferidos - alguns livros dos que ele gostava mais, o telemóvel, todo o dinheiro que consegui encontrar no quarto (nos esconderijos secretos de que apenas eu e Alec tínhamos conhecimento) e outras coisas das quais ele certamente sentia falta e iria precisar.
Depois de arrumar tudo aquilo de que precisava peguei nas malas e olhei uma última vez para o quarto. Senti uma onda de desespero a querer apoderar-se de mim. Queria poder deixar Drake entrar, mas sabia que não era seguro. E não podia obrigar os pais dele a ficarem sob perigo. Porque mesmo que eu tentasse não olhar para ele dessa maneira, Drake não deixava de ser um assassino, que se se passasse da cabeça e do juízo poderia atacar até os próprios pais.
Peguei nas coisas, cansada de olhar para as paredes cobertas de posters, e saí do quarto, limpando as lágrimas uma última e definitiva vez. Se a tia Claire me visse a chorar seria pior para se recompor, e eu queria que ela ficasse mais calma.
Deixei a mala e a mochila no vestíbulo apertado da casa deles e fui até à saleta, onde ela continuava sentada no sofá, abraçada a uma das almofadas. Ao olhar pela janela da sala, apercebi-me de que a noite já tinha caído quase por completo no exterior. Drake devia andar a rondar por ali, e esse pensamento provocou-me um arrepio.
- Tia Claire… - Chamei, fazendo com que ela olhasse para mim.
- Ah, diz Cassidy… desculpa, quase me esqueci de que estavas lá em cima.
- Não faz mal. Eu… já tirei tudo o que precisava. As malas estão ali no corredor de entrada. - Balbuciei, e até em falar sentia alguma dificuldade.
A mãe de Drake assentiu tristemente e mais lágrimas desceram dos seus belos olhos azuis.
- Tia Claire, eu queria dizer-lhe… queria agradecer-lhe uma vez mais por me deixar levar as coisas dele. Pode ser maluqueira, uma coisa estúpida de se querer… mas se tiver as coisas dele junto a mim sentir-me-ei melhor. É como se, de alguma maneira, ele ainda pudesse ficar ao meu lado.
A tia Claire acenou com a cabeça, como se compreendesse o que eu queria dizer.
- Por favor não fale disto ao tio Sam nem aos meus pais. Vão todos achar que endoideci.
Ela mostrou-me um sorriso profundo de compreensão e levantou-se para se aproximar de mim. Segurou o meu rosto nas suas mãos delicadas e frias e sorriu novamente.
- E não estaremos todos um pouco loucos, Cassidy?
Não tive como lhe responder àquilo, por isso a tia Claire apenas me abraçou durante uns instantes, antes de me beijar no rosto e se afastar, para que eu pudesse sair.
- Mais uma vez desculpe o incómodo… até à próxima. Espero vê-la em breve.
- Sim, sou capaz de passar por tua casa. E tu continuas a ser bem-vinda aqui, querida. Sempre que quiseres aparecer…
Ela deixou a frase por acabar, e com isso, despedi-me com um "boa-noite" e fui-me embora. A atmosfera doentia de tristeza daquela casa estava a dar comigo em louca. Precisava de pegar nas minhas coisas e sair dali para fora o mais depressa possível.
Assim que fechei a porta uma rajada de vento gélido agitou-me os cabelos e fez-me tremer. Estavam de certeza mais de cinco graus negativos, e ainda assim não tinha começado a nevar. Mas não devia faltar muito. A escuridão sombria que me envolvia não me deixava ver nada nem ninguém que se aproximasse na estrada, pelo que avancei até lá. A minha casa ficava a mais de dois quilómetros dali. Suspirei, conformada, e comecei a andar, deixando o conforto e a luz da casa dos Hunter para trás, e embrenhando-me na escuridão.
Estou habituada, tal como toda a gente em Olliver's River, à escuridão e às coisas que se escondem nas sombras. Mas agora era pior, porque até os vampiros rondavam por ali. E passada cerca de meia hora de ter abandonado a casa da tia Claire e do tio Sam, ainda estando suficientemente longe da minha própria casa, fui apanhada por um deles.
Soltei um guincho de horror quando Drake apareceu de repente à minha frente, sem mais nem menos. Eu nem o ouvira aproximar-se, vir de que lado fosse. Surgiu ali, simplesmente, de pé à minha frente. Ao ver o meu ar horrorizado tapou-me a boca com a mão, para me impedir de gritar novamente. Comecei a tremer dos pés à cabeça (reação involuntária, claro) e agora já não era só de frio.
- Calma Cass. Sou só eu.
Quando me consegui acalmar um pouco mais ele destapou-me a boca e inspirei e expirei fundo várias vezes para recuperar a calma. Ele tinha-me pregado um susto valente.
- Vais mesmo ter de parar de fazer estas coisas. Mete medo, sabes?
- Desculpa. A parte de me mover sem fazer barulho está-me no sangue. Esforçar-me por fazer alarido enquanto ando de um lado para o outro é que não é natural.
- Mesmo assim, prefiro o anormal neste momento. - Resmunguei, enquanto deixava a mala cair ao chão. - Aqui estão as tuas coisas.
Drake baixou os olhos, espantado e confuso com o que via.
- Essas são a minha mala e a minha mochila, não são?
- Exatamente. E dentro da mala está a maior quantidade de roupa tua que consegui trazer sem despertar demasiadas atenções da tua mãe. Nesta mochila estão… as outras coisas de que podes precisar. Telemóvel, música e assim.
Ele voltou a fixar os seus olhos escarlates e sinistros nos meus. Tinha a testa franzida de desconfiança.
- Trouxeste isto tudo de minha casa, com a minha mãe lá dentro a ver?
- Ela estava na sala e eu subi ao quarto sozinha. Mas pedi-lhe autorização primeiro, e ela cedeu. - Expliquei, e os meus dentes tremiam uns contra os outros devido ao frio descomunal que nos envolvia.
Drake hesitou imenso antes de falar, mas depois um sorriso rasgou as suas belas feições.
- Obrigado. É muito mais do que posso pedir-te que faças por mim.
- É o que precisas, por isso faço.
O sorriso dele aumentou ainda mais. Então apercebeu-se finalmente de que eu estava quase a congelar, e estendeu os braços na minha direção, como se me fosse abraçar.
- O que se passa? - Indaguei, antes de deixar que ele me abraçasse contra o seu peito forte e musculado.
- Vou levar-te a casa.
Mais satisfeita, deixei que ele me pegasse ao colo e agarrei-me a ele como fazia das outras vezes. Depois Drake ainda pegou na sua mala cheia de roupa e pôs a mochila às costas, antes de começar a correr comigo até minha casa. Felizmente a distância não era assim tão grande, e ele percorreu-a muito mais depressa do que eu sequer imaginei que ele conseguisse.
Os meus pais não tardariam a chegar, mas não queria deixá-lo ali fora, por isso entrámos e puxei-o comigo para o meu quarto. Drake foi instalar-se em cima da minha cama, e suspirei de alívio quando pude deitar-me ao seu lado. Fechei os olhos, deixando-me descansar por uns segundos. Sabia bem estar ali, sem ter de desempenhar papéis em frente a ninguém, sem ter de fingir sentir-me de uma maneira que não me sentia.
- Tens mais roupa na minha gaveta, se precisares.
- Acho que vou apenas levar estas que me trouxeste. Pelo que vejo, vai dar para muitos dias.
Concordei com ele, e depois ficámos em silêncio durante imenso tempo. Eu ainda tremia de frio, pelo que Drake se apressou a ir buscar uma manta para colocar por cima de mim. Este gesto impressionou-me. Abri os olhos e fixei-os nos seus.
- Drake…
- Sim, Cass?
- Tu não és tão mau como pensas.
O sorriso dele era um misto de confiança e arrogância.
- Não?
- Não. És capaz de gestos bons, como este agora. Podias ter-me deixado a tremer de frio, mas não aguentaste ver-me sofrer.
Ele desviou os olhos dos meus, como se não aguentasse a pressão da verdade no meu olhar.
- Sou um monstro. Ter-te ajudado não altera isso.
- A meu ver, altera.
Ele não me respondeu.
- Drake… lá porque o cliché de cinema diz que os vampiros são mauzões e bestas-quadradas, tu não tens de ser como eles. Podes ser diferente…
- Não acho que consiga.
- Nem dás por isso, mas consegues! - Insisti. - Podias ter-te aproveitado de mim, da minha fraqueza. Tiveste montes de oportunidades para isso, e ainda assim só me protegeste.
- E quem te disse que não posso mudar de ideias? - Indagou, e mostrou-se subitamente ameaçador.
Recuei um pouco perante aquele olhar louco de frustração e raiva. Drake apercebeu-se de que me tinha assustado e acalmou-se.
- Estás a ver? Ao mínimo sinal que eu mostro de como sou verdadeiramente, tu foges. Afastas-te, recuas. E ainda dizes que não sou mau, e que não tens medo de ti?
- Nunca disse que não tinha medo de ti. Estou a aprender a lidar com o meu medo.
Ele revirou os olhos, como se isso fossem baboseiras.
- Eu preocupo-me contigo. És praticamente a única pessoa com quem ainda me preocupo. É por isso que não te ataco nem te faço mal. - Explicou, numa voz sumida.
- A sério? Não olhas para a Mary, a Denise e o Alec da mesma maneira que olhas para mim agora?
Ele virou aquele par de olhos profundamente sangrentos para mim, e o sorriso nos seus lábios condizia bem com a expressão "sou o diabo em pessoa".
- Podes crer que não.
Engoli em seco e virei-me para cima na cama, olhando para o teto do quarto.
- Eles sentem a tua falta.
- Toda a gente sente.
- Mas nós sentimos mais. - Contrapus, sem paciência para lidar com a má disposição dele.
- Eu não posso continuar a fazer parte das vidas deles. Até a ti devia deixar em paz, deixar-te viver a tua vida em paz e sossego. Mas sou demasiado egoísta para isso.
- Ainda bem que és. - Murmurei.
O sorriso dele tornou-se mais doce.
- Nunca me tinha apercebido de que tens um sentido de autoproteção tão fraco.
- Não é fraco. Eu apenas luto pelas pessoas que amo. E não vou desistir de ti.
- Mas talvez devesses.
Suspirei. Aquela conversa não iria levar a lado nenhum, por isso alterei ligeiramente o tema.
- A tua mãe… ela está devastada. Não sei mais o que podemos fazer para a ajudar.
Drake hesitou imenso antes de responder.
- Tenho pena e gostava de poder acabar com a dor dela. Mas não posso revelar-me, Cassidy. Preciso que percebas que se me revelasse ainda traria mais sofrimento e horror à vida de todas as pessoas que gostavam de mim.
- Olha o que aconteceu comigo!
- E achas que aguento a mesma reação de medo em toda a gente? - Insistiu Drake, mais irritado que antes.
Levantou-se e começou a andar às voltas no meio do quarto.
- Está bem, tens razão. Ao início eu tive medo e fugi de ti… mas depois mudei de ideias, e agora estou aqui.
- Mas eles não mudarão. Ficarão apenas todos com medo de mim e nunca mais me quererão ver à frente. - Sibilou, e apercebi-me do seu verdadeiro sofrimento, mesmo que ele quisesse passar a imagem de quem não estava a sofrer.
- Drake… - Proferi, sentando-me no meio da cama.
- Prefiro que eles se lembrem de mim como a pessoa que era antes de isto me acontecer. Não quero que pensem em mim como o monstro que agora sou.
Engoli em seco e baixei o olhar para as mãos.
- Tu é que sabes.
- Obrigado por tentares compreender. - Virou-se outra vez para mim, com um ar atormentado. - És a única pessoa que me importa agora, Cassie. E não quero nem posso perder-te.
- Não me vais perder.
O sorriso dele era quase mais radioso que o Sol.
- Não penses que também não tenho saudades deles. Dos meus pais, dos nossos amigos. Sinto a falta deles todos os dias, enquanto estou enfiado naquele casebre minúsculo, sozinho e a pensar no que posso fazer para mudar a minha vida. Mas não há nada que eu possa fazer por eles ou eles por mim. É melhor deixar as coisas como estão.
Concordei com ele. Já sabia que por mais que insistisse aquela conversa não levaria a lado nenhum. E foi então que Drake ficou subitamente alerta, como se tivesse escutado alguma coisa. Ia preparar-me para lhe perguntar o que ele tinha ouvido, mas ele correu a ir abrir a janela.
- Os teus pais estão a chegar. - Avisou, ao olhar para a rua escura e fria lá fora.
- Ah… então julgo que está na hora de ires…
Ele anuiu com a cabeça e virou-se de novo para mim.
- Eu volto. E mais uma vez obrigado.
E preparava-se para simplesmente pegar nas suas malas e ir embora, mas eu saltei da cama, mais a seguir um impulso do que um pensamento racional, e corri para junto dele. Também já era capaz de ouvir o carro dos meus pais a aproximar-se, mas isso não me importava. Drake sairia antes de eles terem tempo de nos apanhar.
- Drake… - Balbuciei, quando ele se aproximou tanto de mim que quase nos tocávamos.
- Diz.
- Eu não vou desistir de ti. Nunca.
O sorriso dele foi tão consolador naquele momento que quase me faltavam a força nas pernas para suportar o meu corpo. Quis ir-me abaixo naquele momento, mas aguentei firme por ele. Drake assentiu com a cabeça e despediu-se de mim com um suave beijo na testa, antes de pegar nas coisas e saltar para fora da janela.
Fiquei a vê-lo correr para longe, para sua casa. Em menos de um segundo já se tinha ido embora. E os meus pais entraram em casa. Suspirei, fechando a janela, e desejando que ele tivesse ficado mais algum tempo. Mas sabia que era arriscado demais. E eu não podia arriscar com ele.
- Cassidy? Estás em casa? - Ouvi o meu pai chamar, no piso de baixo.
- Estou! - Gritei, e saí do quarto.
Desci as escadas e juntei-me a eles na sala de estar. O meu pai parecia cansado do dia de trabalho, mas a minha mãe estava com mais energia do que na maioria dos outros dias. Parecia mais alegre do que o costume, e isso levantou-me um pouco a moral.
- O dia correu bem? - Inquiri, enquanto me aproximava para a cumprimentar e ao meu pai.
- Bastante. E se quiseres até tenho uma história para te contar. Ajuda-me a preparar o jantar que eu conto-te tudo. - Tagarelou ela, com os olhos a cintilar de entusiasmo.
- Se for sobre a suposta gravidez da Srª. Gibbs, a Denise já me contou. - Sorri, encolhendo os ombros.
- Ah, que pena… achei que te ia contar a novidade do século… - Lamentou-se, mas rapidamente mudou de assunto, enquanto se dirigia para a cozinha. - Então o que fizeste durante o dia todo?
- Aulas, e o costume… nunca há nada de novo na nossa vida.
«Exceto o facto de o meu melhor amigo ter morrido e voltado como vampiro e de eu nunca me ter sentido tão desesperada na vida. Fora isso, está tudo bem.»
- Ah, ainda bem. O dia no salão foi movimentado hoje… mas fico contente de saber que correu tudo bem contigo.
Retribuí-lhe o sorriso, desejando que ela se mantivesse sempre assim tão contente. A minha mãe era demasiado bonita e nova para estar sempre carrancuda e preocupada. E enquanto a ajudava a preparar o nosso jantar ouvi-a tagarelar sem parar sobre os mexericos que as velhotas que iam arrancar o cabelo e as unhas lhe contavam. Ouvi-os e, por pelo menos meia hora, os meus pensamentos afastaram-se de Drake.
Às vezes precisava de ter apenas alguns momentos de paz e conversa com a minha mãe. Sem nada que tivesse a ver com morte, sangue e o sobrenatural.
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Mensagem por JuhSalvatore Dom Ago 12, 2012 5:47 pm

nhaaw, amei o cap! *-*
mtooo fofo o jeito com a Cassie e o Drake agem um com o outro! a amizade deles é linda demais, de verdade. *-*
pobre Cassie, tendo que esconder a verdade de todo mundo... mas é por uma boa causa, é pelo seu amigo, e é o melhor que ela tem a fazer.
enfim... amei mesmo mesmo, Jess! valeu a pena a espera toda.
querendo mais, viu?
beijoos
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Mensagem por Jess Silver Seg Ago 13, 2012 6:48 am

JuhSalvatore escreveu:nhaaw, amei o cap! *-*
mtooo fofo o jeito com a Cassie e o Drake agem um com o outro! a amizade deles é linda demais, de verdade. *-*
pobre Cassie, tendo que esconder a verdade de todo mundo... mas é por uma boa causa, é pelo seu amigo, e é o melhor que ela tem a fazer.
enfim... amei mesmo mesmo, Jess! valeu a pena a espera toda.
querendo mais, viu?
beijoos

obrigadaaa querida, mas bem que a espera podia ter sido um nadinha mais pequena kkkkk
vou postar já de seguida a nova parte
obrigada por sempre acompanhar viu??
beijoos!!
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Mensagem por Jess Silver Seg Ago 13, 2012 7:47 am

Capítulo 11


Cassidy




Normalidade. Rotinas. As mesmas coisas pacatas de sempre.
Era a isso que as pessoas se habituavam em Olliver's River. A fazerem todos os dias as mesmas coisas, a terem sempre as suas vidas organizadas, desde o nascer do Sol até que ele se punha.
Ainda antes de o amanhecer terminar, a Srª. Baker e o marido iam abrir a padaria. A Srª. Stilton ia para a peixaria, enquanto o Sr. Borkk ia para o talho. A Srª. Fanning começava a tratar das suas compotas e das tartes para levar para a pastelaria da filha, a mãe de Mary. O meu pai ia abrir a oficina e a minha mãe o cabeleireiro, em conjunto com a tia Claire. O tio Sam ia abrir a sua loja de eletrodomésticos enquanto a Srª. Danson ia tratar da sua loja de cosméticos. As velhotas reuniam-se no largo da aldeia para começar os mexericos logo de manhã. Por toda a vila as lojas abriam as portas para receber os seus clientes. Era sempre assim.
Nós, os que ainda andavam na escola, acordávamos e preparávamo-nos para mais um dia de aulas. Passávamos o dia na escola, e a à tarde voltávamos a casa ou íamos ajudar os nossos pais nos trabalhos deles. Este era o meu dia-a-dia, o meu quotidiano, antes de Drake morrer.
Agora, esta era a minha rotina:
Acordava de manhã, depois de os meus pais saírem para ir trabalhar, arranjava-me e apanhava a camioneta para a escola. Passava lá a manhã toda, entretida nas aulas. À hora de almoço vinha comer a minha casa ou à de algum dos meus amigos que dispusesse a cozinha à nossa vontade nesse dia. Depois voltávamos à escola para as aulas da tarde. E quando estas acabavam, toda a gente ia para as suas casas fazer os trabalhos de casa, mas eu ia para a minha e ficava à espera que Drake aparecesse. Deixava-o entrar pela janela do meu quarto e ficávamos a conversar, por vezes a discutir, outras vezes simplesmente a ver televisão ou algum filme, a ocupar o pouco tempo livre que tínhamos para estar juntos antes de os meus pais chegarem. Nessa altura ele ia-se embora, caçar e depois para sua casa, e eu ficava sossegada na minha.
Este foi o meu dia-a-dia durante as duas semanas que se seguiram à tarde em que fui buscar as roupas a casa dos pais de Drake. A tia Claire nunca mais mencionou o assunto, pelo que penso que se terá esquecido dele. Os dias passavam e eu era cada vez mais capaz de suportar a ausência de Drake, os olhares e as conversas das outras pessoas.
Estava a recuperar rapidamente e a voltar ao meu estado normal.
Porque eu era a única que ainda conseguia estar com ele, mesmo que apenas duas ou três horas por dia. Era muito menos tempo do que podia desejar, mas era o máximo que conseguia junto dele. E Drake também aproveitava sempre esse tempo.
Claro que não me vinha ver todos os dias. Deixava sempre o intervalo de um dia ou dois entre cada visita, para não arriscar demasiado. Mas voltámos a ser quase tão próximos como éramos antes da tragédia de ele se ter tornado em morto-vivo. E as coisas foram melhorando, cada vez mais.
Agora a principal preocupação e distração de toda a gente em Olliver's River era o Dia de Ação de Graças.
Com praticamente uma semana de antecedência, já toda a gente andava com preparativos para a festividade. O pai de Alec, que tinha na sua quinta uma criação incrível de perus e galinhas, fazia sempre ótimos negócios nesta altura do ano. O espírito de entreajuda crescia depressa entre os moradores da nossa pequena aldeia.
Durante o dia que antecedia o jantar de Ação de Graças, os nossos professores fartaram-se de falar no assunto e nas tradições do que costumava ou não fazer-se nessas alturas. A professora de Geografia (que era minha tia pelo lado da minha mãe) estava mesmo entusiasmada com a ideia do jantar que se organizaria em minha casa nessa noite.
Tenho cinco tios, três do lado da minha mãe e dois do lado do meu pai. A minha tia Lucy (a minha professora de Geografia) era casada com o pai de um colega meu de turma, que de certa maneira era meu primo, mas que era um ano mais novo que eu. O meu tio Peter era ajudante do meu pai na oficina, casado com a filha do Sr. Shuester, mas ainda não tinham filhos. O resto dos meus tios tinha-se ido embora de Olliver's River em alguma altura das suas vidas, para tentar a sorte nas grandes cidades ou noutras zonas que não aquela aldeia perdida no meio dos montes e pastagens desertas.
Era uma confusão tremenda porque, por mais estranho que parecesse, na vila éramos todos primos uns dos outros, mais próximos ou mais afastados, e como tal preferíamos tratar-nos pelo nome em vez de pelo grau de parentesco. Senão eu passava a vida a chamar tio e primo a toda a gente.
Mas no Dia de Ação de Graças, os meus tios que moravam fora de Olliver's River, e também a tia Lucy e o tio Peter, juntavam-se todos para jantar connosco na nossa casa, que era de todas a maior e mais apropriada para este evento. Por isso a minha mãe tirou a tarde de folga no cabeleireiro para ter tempo de preparar tudo a tempo e horas.
Quando acabaram as aulas da tarde na escola, a tia Lucy disse-me que me levava a casa no seu carro. Ela era uma das poucas mulheres em Olliver's River a ter o seu próprio carro. A maior parte das senhoras andava juntamente com os maridos nos seus carros. Mas a tia Lucy era demasiado moderna e independente para estar presa ao tio Andrew sempre que quisesse ir a algum lado.
Levou-me a casa no seu carro, e quando lá chegámos a minha mãe já lá estava, com o tio Peter e a mulher, a tia Madeleine.
A tia Lucy e a tia Madeleine eram as melhores amigas. A tia Lucy era alta e super bonita, e o tio Andrew discutia montes de vezes (e às vezes fazia mais do que discutir) com a maioria dos homens da vila pelos olhares cobiçosos que eles mandavam à minha tia, mas ela era realmente uma mulher deslumbrante. O tio Andrew também era bem-parecido, embora fosse enorme e muito musculado e até um pouco ameaçador. Por isso é que os homens pensavam duas vezes antes de tentarem encantar a tia Lucy.
Pelo contrário, a tia Madeleine e o tio Peter eram mais pacíficos e mais resguardados. A tia Madeleine tinha os belos olhos azuis, parecidos com os da minha mãe, mesmo que não tivessem laços nenhuns no sangue. Trabalhava na padaria com o Sr. e a Srª. Baker e dava-se muito bem a fazer pão e bolos com eles. O marido, o tio Peter, era praticamente o oposto do tio Andrew: não fazia mal a uma mosca, e não se metia com ninguém desde que não se metessem com ele.
Entrei em casa e deparei-me com a tia Madeleine sentada no sofá, ao lado do tio Peter, a arearem os talheres de prata para o jantar enquanto a minha mãe punha o peru no forno, lá na cozinha. Assim que a tia Madeleine se apercebeu da chegada da tia Lucy, um sorriso de animação rasgou-lhe os lábios.
- Lucy! Finalmente, estava a ver que nunca mais!
- Cheguei, cheguei… em que precisam de ajuda? - Perguntou, indo cumprimentá-la e ao tio Peter.
- Aqui dentro Lucy! Cassie vai-te arranjar para o jantar! - Disse a minha mãe.
A tia Lucy seguiu com ela para a cozinha e eu corri escadas acima para o meu quarto. Tinha de tomar banho e vestir a roupa especial que o meu pai comprara para o jantar de Ação de Graças. Mas quando entrei no quarto, à pressa para me despachar, deparei-me com Drake a pairar do lado de fora da minha janela. Arfei, chocada. Fechei a porta e corri para a janela, abrindo-a o mais depressa que consegui.
- Drake! E se alguém te apanhasse?! - Gaguejei, assustada.
- Se alguém além de ti abrisse a porta eu escondia-me, está descansada. Só quis vir… desejar-te um feliz Dia de Ação de Graças. A tua casa vai ficar cheia para o jantar.
- Podes crer… - Não consegui impedir-me de sorrir perante a visão dele ali fora. - Não queres entrar só um pouco?
- Ias arriscar assim tanto? - O sorriso dele era perverso e brincalhão.
- Tens de te esconder bem.
Ele assentiu e subiu para o meu quarto. Voltei a fechar a janela e fui ao meu armário buscar o que precisava antes de seguir para a casa de banho e tomar o duche.
- Já sabes: está atento a todos os sons. E por amor de Deus que não te passe pela cabeça a ideia de descer à sala, ouviste? Se alguém te visse iam-se passar.
- Está descansada que eu fico aqui sossegadinho. - Piscou-me o olho. - Vai tomar banho que eu não saio daqui.
Assenti com a cabeça e saí do quarto, deixando a porta bem fechada. Despachei-me a tomar banho e a vestir-me na casa de banho. Usaria umas calças castanhas de sarja, uma camisola de manga comprida e gola alta castanha e outra mais larga, branca e decotada por cima, para fazer contraste. A isso juntaria as minhas botas de camurça castanhas e estaria pronta para o jantar. Maquilhei-me e penteei-me em frente ao espelho de rosto, colocado por cima do lavatório da casa de banho, e durante todo o tempo só conseguia pensar em Drake, no meu quarto. E se alguém o apanhasse?
Arrumei a casa de banho e depois saí e corri para o meu quarto. Quando abri a porta deparei-me com Drake sentado no peitoril largo na minha janela, com um sorriso descontraído. Mirou-me dos pés à cabeça e esboçou um sorriso apreciativo.
- Estás mesmo bonita.
- Obrigada. - Agradeci, e aproximei-me da minha mesa-de-cabeceira, para ir à minha caixinha das jóias buscar os brincos que condiziam melhor com a roupa, assim como o colar.
Estava a acabar de pôr os brincos quando Drake se levantou e se aproximou sorrateiramente de mim. Só dei por ele quando pousou as mãos nos meus ombros, fazendo-me sobressaltar.
- Deixa-me colocar-te o colar. - Pediu, num murmúrio.
Dei-lhe o colar para as mãos e ele colocou-mo. Claro que fiquei preocupada com as mãos dele tão perto do meu pescoço, e com o cheiro apelativo que eu devia ter para ele naquele momento. Mas Drake não fez qualquer menção de me atacar nem me morder naquele momento. E quando me virei para ele, reparei que tinha uma expressão calma e concentrada no rosto.
- Obrigada.
- De nada. Talvez esteja na hora de ir andando.
- Sim… eu tenho de descer, antes que a minha mãe comece a desconfiar.
Drake assentiu e depois segurou o meu rosto nas suas mãos. O meu ritmo cardíaco acelerou quando ele fez aquilo. Eu ainda não sabia como ele conseguia controlar-se tão bem, reagir à tentação de tomar o meu sangue. Se ele se mantivesse longe, se não me tocasse, certamente seria mais fácil. Mas Drake testava-se todos os dias em que estava comigo, só para tentar que a nossa relação fosse como dantes.
- Tem um bom jantar. - Era a despedida, mas travei-o.
- Volta mais logo. Depois da meia-noite, quando toda a gente se tiver ido embora. Volta e eu deixo-te entrar.
O sorriso dele era resplandecente de perigo e perversão, mas ainda assim eu sabia que ele viria.
- Então até logo.
Deu-me um beijo rápido na testa e depois abriu a janela e saltou dela abaixo. Fui fechá-la antes de me recompor e descer para a sala, onde os meus tios se iam juntando.
O meu pai já tinha chegado do trabalho. Fui cumprimentá-lo, assim como ao tio Albert (era irmão dele) que se tinha juntado ao tio Peter na sala de estar. Estavam todos sentados a ver um jogo qualquer de basebol que passava na televisão.
- Olá tio Albert! Como estava a França? - Perguntei, quando lhe dei um abraço de boas-vindas.
- Fantástica e animada, como sempre. - Sorriu ele. - Ai Victor, cada vez a tua menina fica mais bonita. Já não a via há um ano inteiro… ela mudou imenso.
Sorri-lhe em agradecimento pelo elogio.
- Claro que mudou. A cada dia que passa fica mais parecida com a mãe. Lembras-te de como a Joanne era quando tinha a idade da Cassidy? - Concordou o tio Peter, com o comando da televisão na mão.
- Também era lindíssima. O Victor tinha olho na altura. - Riu-se o tio Albert.
- E ainda tenho, mas a minha mulher chega-me e sobra-me. Ela pode parecer um anjo quando vocês estão todos aqui, mas no dia-a-dia é preciso muito estofo para lidar com ela. - Disse o meu pai, e os homens irromperam em gargalhadas.
- Com que então é preciso estofo para lidar comigo, senhor Victor Portman? - Refilou a minha mãe, que tinha vindo para a sala.
Chegou junto ao cadeirão onde o meu pai estava sentado e cruzou os braços, fazendo beicinho.
- Ai mulher, sabes que estava apenas a brincar. - Disse o meu pai, puxando-a para o seu colo.
A minha mãe soltou uma risadinha e sentou-se no joelho do meu pai, dando-lhe um beijo doce. Deixei-os a falar na sala e dirigi-me à cozinha.
A tia Madeleine e a tia Lucy - entretidas a mexer a massa para os bolos em duas tigelas separadas - tinham agora a companhia da tia Francine, a mulher do tio Albert. Ela era uma francesa de ginjeira, com um sotaque tão acentuado que às vezes até custava a perceber o que ela dizia.
- Ora vejam-me só se não é a minha querida sobrinha! - Cantarolou ela, quando eu entrei na cozinha.
Corri para a abraçar e a tia Francine soltou uma risadinha alegre. Eu adorava-a, ainda mais do que adorava a tia Lucy ou a tia Madeleine. A tia Francine era um espírito jovem e frenético, mesmo já tendo quarenta anos e três filhos. Continuava alegre e sempre disposta a conversar e a falar sobre a França, que ela amava e não trocava por nenhum outro lugar, nem que lhe oferecem um palácio para viver noutro sítio qualquer.
- Tia! Que bom que é vê-la! Como tem passado? - Perguntei, quando ela me soltou para me olhar melhor.
- Estou bastante bem. Os teus primos dão-me dores de cabeça todo o santo dia, mas à parte disso sou uma mulher feliz. - Voltou a rir-se, e a tia Lucy acompanhou-a porque percebia bem.
Os meus tios da França tinham três filhos: Pierre, com dezassete anos como eu, Jean-Claude com treze e o mais novo, Victor, com dez. O nome do último tinha sido em homenagem ao meu pai.
- Onde estão os meus primos? - Perguntei, pois ainda não os tinha visto em lado nenhum.
- Devem estar lá fora… já sabes que eles adoram estes campos e montes até perder de vista. Se fosses à França nem acreditarias na confusão de gente e movimento de lá. - Explicou a tia Francine.
- Acredito… então acho que vou ver deles. Até já.
Deixei as minhas tias na cozinha a conversarem enquanto tratavam da cozinha e saí pela porta das traseiras, até ao jardim. Tal como a tia Francine tinha dito, os meus três primos estavam no jardim, junto à sebe no limite do mesmo. Avancei até eles, e assim que Pierre me viu, quase correu para me vir abraçar.
- Prima! Estava a ver que não voltava a ver-te! - Disse ele, enquanto me apertava no seu abraço.
Pierre era, de todos os meus primos, aquele que eu gostava mais, talvez por ser o único com a minha idade. Era super giro - aliás, nenhum filho da tia Francine poderia ser menos que belo, uma vez que ela era uma ex-modelo de uma das mais prestigiadas marcas francesas, e era ainda mais bonita que a tia Lucy - mas Pierre conseguia ser ainda mais atraente que Jean-Claude ou Victor.
- Também tinha saudades de vocês! - Respondi, abraçando de seguida Jean-Claude e Victor. - Como vão na França?
- Bastante bem. Vou acabar em Junho o meu último ano do liceu, e depois vou para a Universidade de Medicina. - Comunicou Pierre, orgulhosamente.
- Uau… fico mesmo feliz por ti… eu também gostava de poder ir para a Universidade, mas aqui é mais complicado.
- Se for preciso eu levo-te para França e vens para a Faculdade comigo. - Riu-se ele, mas eu sabia que Pierre raramente brincava nos convites e promessas que fazia às pessoas.
- Logo se vê… - Mas na minha cabeça surgiu subitamente a imagem de Drake.
Não podia simplesmente deixá-lo para trás. Mais do que Pierre, Drake tinha feito para da minha vida e faria parte do meu futuro. Eu não podia deixá-lo aqui e partir para França como se nada tivesse acontecido entre nós.
- Quando chega o Jack? Está atrasado. - Disse Jean-Claude, olhando para os portões da minha casa.
- Ele foi deixar a namorada a casa dela, mas já deve vir a caminho.
- Aqui anoitece demasiado depressa. - Comentou Pierre.
«E nem tu fazes ideia do que se esconde nas nossas noites sombrias» pensei, mas não disse nada.
- Querem ir para dentro? Cá fora está demasiado frio, daqui a nada ainda congelam. - Comentei.
- Pode ser. - Disse Victor, e seguiu-me com os irmãos para dentro de casa.
Sentámo-nos em volta da televisão da sala de estar, distribuindo-nos pelos sofás, poltronas e cadeirões livres. O meu pai, o tio Albert e o tio Peter continuavam a discutir desporto, e Pierre rapidamente se meteu na conversa deles, uma vez que Jean-Claude e Victor se entretiveram a brincar um com o outro.
Poucos minutos tinham passado desde a nossa entrada até a campainha voltar a tocar. Levantei-me do sofá que tinha ocupado para ir abrir a porta aos meus tios Gabriel e Cassandra, que traziam as duas filhas, as minhas primas gémeas Sophie e Susie, e junto a eles ainda vinha Jack, que devia ter aproveitado a boleia.
- Entrem, sejam bem-vindos! - Cumprimentei-os, dando-lhes passagem para o interior.
- Feliz Dia de Ação de Graças Cassidy! - Disseram todos, quase em coro.
A tia Cassandra e o tio Gabriel viviam numa cidade qualquer no estado de Alabama, ou seja, mesmo muito longe de nós, mas em cada Dia de Ação de Graças - e também no Natal - vinham visitar-nos e traziam as duas filhas.
As minhas primas tinham quinze anos e eram totalmente iguais - até os pais tinham, por vezes, dificuldade em distingui-las - mas quando vinham a nossa casa traziam sempre alegria e boa-disposição. Sophie queria ser escritora e Susie trabalhar no mundo da moda, tal como a tia Francine.
- Cassidy, não mudaste nada! Estou tão feliz de te ver! - Disse Susie, abraçando-me com força.
- Também estou feliz por te ver. Já não era sem tempo, estão atrasados. Tu também, Jack! - Respondi, passando para os braços do meu primo.
- Desculpa o atraso, a Madison não me queria deixar vir embora. - Riu-se Jack, e quando toda a gente entrou pude fechar a porta.
Depois de se terem todos cumprimentado, a tia Cassandra foi com a minha mãe para a cozinha juntar-se às outras mulheres, e o tio Gabriel rapidamente ocupou uma poltrona ao lado do meu pai e participou na conversa dos homens. Sophie e Susie sentaram-se comigo num dos sofás mais ao fundo da sala, junto de Jack, Pierre, Jean-Claude e Victor, e ficámos todos aí.
A única pessoa que faltava chegar era a tia Susan, que também não demorou muito. Veio com a sua onda de alegria que nunca a abandonava, e entrou em casa logo a dar nas vistas com as botas de salto alto, super vistosas e realmente lindíssimas, que tinha comprado na sua tão adorada Nova Iorque.
- Queridaaaaaaa, olha-me só para ti! Se viesses comigo para Nova Iorque os rapazes iam todos ficar caidinhos por ti, meu anjo! - Riu-se ela, enquanto me abraçava fortemente.
A tia Susan era, a seguir à tia Francine, aquela de que eu mais gostava. Também era a mais nova: só tinha vinte e dois anos, ainda nem tinha casado e muito menos tinha tempo ou paciência para criar filhos. Era bom ter duas lufadas de ar fresco como as minhas tias, a animar o ambiente e a causar alarido naquela terriola do fim do mundo onde ninguém dava nas vistas para não parecer mal.
Levei a tia Susan até à cozinha - onde o histerismo alegre da chegada se repetiu com a minha mãe e as outras tias - e voltei à sala para me juntar aos meus primos.
Era quase sempre assim nas reuniões de família: as mulheres a conversar e a bisbilhotar na cozinha nas vidas de toda a gente, os homens na sala a fumar e a ver televisão, e eu com os meus primos na outra ponta da sala a conversar e a pôr as novidades em dia.
Mas ao olhar para todos eles, senti subitamente um aperto no coração.
Faltava ali Drake para o quadro estar completo.
Jess Silver
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