Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
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Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Nome da fanfic: Erde
Classificação: 14 anos.
Tipo: Ação, Aventura, Universo Alternativo, Ficção, Fantasia.
Restrições: Violência, Tortura, Linguagem Imprópria.
Observações: Essa fiction também está sendo publicada nos sites do AS e do Nyah! por um perfil meu de mesmo nome.
Resumo: Erde é um mundo como qualquer outro. Entretanto, assim como tantos outros mundos, Erde não está mais suportando aquilo que lhe é consumido e lentamente, sem que os seus próprios habitantes percebam, caminha para a destruição.
Prólogo
Fim do Prólogo
Ok, botei esse "fim do prólogo" pra por uns avisos xD.
Irei postar direto os 4 capítulos pois, enfim, eles já estão prontos e eu sou muito ansiosa e quero por logo, aoieaoieaoieae!!
Capítulo 1 - O pássaro sem nome
Capítulo 2 - O decreto de um cilindro de madeira
Capítulo 3 - Roupas para um andarilho
Capítulo 5 - Ela não ficará mais sozinha.
Capítulo 6 - A racionalidade não prevaleceu.
Classificação: 14 anos.
Tipo: Ação, Aventura, Universo Alternativo, Ficção, Fantasia.
Restrições: Violência, Tortura, Linguagem Imprópria.
Observações: Essa fiction também está sendo publicada nos sites do AS e do Nyah! por um perfil meu de mesmo nome.
Resumo: Erde é um mundo como qualquer outro. Entretanto, assim como tantos outros mundos, Erde não está mais suportando aquilo que lhe é consumido e lentamente, sem que os seus próprios habitantes percebam, caminha para a destruição.
AVISO
Infelizmente, há limite para o post, estarei postando o resto dos capítulos no post abaixo. Eu farei o possível para que todos os meus capítulos continuem na primeira página do meu tópico !
Prólogo
- Spoiler:
As regiões de Ost e Utara estão em guerra, devido o interesse na província de Aur, uma pequena região que fica nas fronteiras dessas nações. O motivo de almejo dessas regiões em Aur é a descoberta de minas de Strelivo nessa área, um material recém-descoberto de grande resistência e flexibilidade.
Os habitantes das primeiras províncias da região de Syd estão sendo contaminados por uma doença que nunca fora enfrentada pela população antes. São poucos os peixes que estão conseguindo chegar às montanhas de Syd para a reprodução, e as províncias mais altas sofrem com a escassez de comida, e com ataque de animais que antigamente, eram considerados inofensivos.
Alguns dos mais perigosos criminosos de Erde conseguiram escapar da Fortaleza do Grande Lago, na região de Palus, há suspeitas de que os criminosos conseguiram atravessar a Floresta de Robus e foram para região desértica de Zapad, uma região que antigamente era rica e próspera, mas que fora esgotada pelas regiões de Ost e Utara, e que agora, está sob o domínio de gatunos e desordeiros.
No entanto, sem nem saber o que realmente se passa por Erde, uma menina de 16 anos em uma insignificante província de Utara, tem o seu coração aquecido pelo canto de um pequeno pássaro negro em sua gaiola.
Fim do Prólogo
Ok, botei esse "fim do prólogo" pra por uns avisos xD.
Irei postar direto os 4 capítulos pois, enfim, eles já estão prontos e eu sou muito ansiosa e quero por logo, aoieaoieaoieae!!
Capítulo 1 - O pássaro sem nome
- Spoiler:
Era um raro dia nublado na pequena província de Suigen, em Utara. A província de Suigen fica no sudoeste da região de Utara, limitada pelas províncias de Sonne ao noroeste e Zestos ao nordeste. Suigen também é limitada no sul pela Floresta de Robus, uma grande, densa e inexplorada floresta. A região de Utara estava no segundo mês no semestre do Sol, a última vez em que se teve um dia nublado no semestre do sol foi há 50 anos.
Mas para Illie hoje era o dia de seu aniversário de 13 anos, uma idade muito importante para as crianças de Utara. Os 13 anos para as meninas de Utara significavam o momento em que elas deixavam a infância e começariam a estudar para a vida adulta, para se tornarem verdadeiras mulheres Utaranas. Os estudos, que duravam em média 3 a 5 anos, focavam principalmente em conhecimentos de botânica e cuidados medicinais. Para os meninos, os estudos focavam principalmente na arte do combate, e o tempo para concluir a jornada para a vida adulta dependia do êxito dos meninos nos 4 desafios propostos pelos seus respectivos mestres.
Mas o que realmente interessava as meninas de Utara era a Cerimônia das Flores no final dos estudos. Uma espécie de ritual de passagem da infância para a vida adulta.
Illie estava sentada embaixo de uma árvore, fitando no horizonte a Floresta de Robus.
Illie não parecia que estava completando 13 anos. O seu corpo e o seu rosto ainda pareciam de uma criança. Tinha o cabelo loiro escuro e curto devido uma travessura da infância, em que cortou as suas longas madeixas e pegou uma das roupas de seu irmão mais velho, para que pudesse brincar com os meninos da província, já que os meninos tinham uma política extremamente rigorosa de que “meninas não podem brincar”. A justificativa dos meninos baseava-se que as meninas eram muito fracas e acabariam estragando a brincadeira deles.
Os olhos dela eram da cor de oliva, mas Illie cismava que isso era frescura de sua mãe, e dizia que seus olhos eram simplesmente castanhos. O seu corpo ainda não adquirira as formas femininas, porém já estava alta o suficiente para não a confundirem com uma criança. Tinha 1,65 m.
- Ah... – Illie soltou um suspiro – Porque diabos eu tenho que participar desses malditos estudos para me “tornar uma mulher”?
- Não se preocupe minha filha – Respondeu uma mulher alta, com os cabelos loiros e algumas mechas grisalhas presas em um apertado coque, que apareceu perto da árvore onde estava Illie. – Com os seus conhecimentos, você com certeza terminará em 3 anos.
A mulher que já apresentava as marcas da idade, possuía uma voz doce, e transmitia uma enorme tranqüilidade em suas palavras.
- Mas mãe, eu não quero perder tanto tempo estudando algo que eu já conheço. Você não deveria ter me ensinado tudo antes da hora. – Illie soltou um pequeno risinho.
- Nem tudo eu lhe ensinei minha querida, sempre há algo que se pode aprender. A propósito, nem tente cortar essas suas madeixas e vestir as roupas de seu irmão para entrar na turma do senhor Hugo. Todos nós já conhecemos esse truque. – A mãe abafou o riso com a palma da mão.
- Ah dona Marie, de novo essa história? Que diabos eu tenho culpa se as brincadeiras das meninas eram tão chatas e os meninos tinham regras idiotas? – Illie também não conseguiu conter o riso.
- Aiai minha filha. – Marie soltou um suspiro e voltou o seu olhar azul para a Floresta Robus. – A cerimônia das flores é um momento inesquecível na vida das mulheres da nossa terra. É uma festa tão bonita quanto uma festa de casamento.
- Tenho certeza que é mamãe.
- A propósito, eu quase ia me esquecendo por que eu vim até aqui. O seu irmão chegou de viagem, ele disse que tem um presente de aniversário para você.
- Sério?! O Isack voltou? – Illie se levantou em um pulo só e estava com um sorriso radiante em seu rosto. – Onde ele está mamãe?
- Ele está te esperando em frente a nossa casa. – Assim que a mãe falou a localização, Illie saiu em disparada em direção a sua casa. - Quando chegar lá o avise que eu estou na casa da Dona Mirna – Gritou Dona Marie.
- Pode deixar mãe! – Gritou Illie. – O Isack voltou! Ele finalmente deve ter completado o último desafio! – disse ela baixinho para si mesma.
Isack tinha 21 anos. Era alto, possuía cerca de 1,95 m de altura. Estava magro, castigado pelo sol e com algumas cicatrizes nos braços. Estava com os seus cabelos castanhos e ondulados na altura dos ombros e a barba mal feita. Entretanto, os seus olhos azuis escuros exibiam um brilho de triunfo e orgulho, principalmente quando viu a sua irmãzinha correndo de braços abertos em sua direção.
- Lili, você está grande demais para vir correndo e pular em cima de mim! – Falou o irmão com um sorriso no rosto antes que Illie pudesse se atirar para cima dele. Mas isso não a impediu que lhe desse um apertado e caloroso abraço.
Eu estava com saudades. – disse Illie depois que se soltara de seu irmão. – Você demorou muito nessa tarefa, seu lesado! Era bem capaz que o senhor Hugo morresse antes que você terminasse essa tarefa!
- Eu sei que eu demorei muito, foram quase 4 anos para conseguir completar essa tarefa. Para mim, parece que foi ontem que você veio no meu quarto pedindo para que eu revistasse o seu quarto inteiro para ver se não tinha nenhum come-come escondido! – ele falava sem esconder o riso. – Você cresceu bastante. – mas Isack apesar do tom de orgulho em sua voz, exibia olhos tristes. – Enfim! No fim de minha jornada, eu encontrei algo que espero que lhe deixará muito feliz.
Isack se dirigiu para a casa de pedra que estava em sua frente. Era uma casa de dois andares de tamanho médio e de aparência resistente, com uma ampla porta de madeira escura e um canteiro de flores vermelhas na lateral direita, abaixo da janela.
Alguns segundos depois, Isack retornou com uma pequena gaiola com um pássaro dentro.
- Feliz aniversário Lili. – disse carinhosamente o irmão, ao entregar a gaiola para a menina.
- Obrigada Isack. – Illie agradeceu o irmão dando-lhe um beijo na bochecha.
O pássaro era completamente negro. Ele era muito pequeno e estava com a asa direita quebrada, entretanto, possuía ameaçadores olhos dourados.
- Que nome você vai dá a ele Lili?
- Eu não sei... Vou esperar para ver se ele me diz o dele. – disse Illie olhando para o irmão com um sorriso ingênuo. O irmão sabia que Illie realmente estava falando sério.
Capítulo 2 - O decreto de um cilindro de madeira
- Spoiler:
Três anos se passaram desde a volta de Isack.
Illie recém-completou os seus estudos e já havia passado pela cerimônia das flores. Pela lei, ela já era uma mulher.
Illie agora estava com 16 anos. Agora ela parecia-se mais com uma adulta. O seu corpo adquiriu delicadas curvas femininas. Ela crescera mais um pouco, havia passado da altura de sua mãe. Os seus cabelos ondulados estavam na altura dos seios. E a pele que antes fora levemente bronzeada, agora estava em um tom branco rosado.
Isack continuava o mesmo. Apenas os seus cabelos foram cortados e os seus músculos recuperaram o vigor de outrora. Isack atualmente ajudava o senhor Hugo no treinamento dos meninos e participava do conselho de segurança da província.
Marie, a sua mãe, agora possuía mais cabelos grisalhos do que loiros e continuava usando o mesmo coque apertado. As suas feições, apesar de ter ganhado mais algumas marcas da idade, ainda transmitiam a mesma serenidade e tranqüilidade de sua voz. Os seus intensos olhos azuis, agora estavam começando a ficarem mais leitosos, mas Marie continuava bastante ativa e forte, com o mesmo espírito de luta que lhe deu forças para continuar cuidando das crianças, desde a morte de seu marido Leo, quando Illie ainda era uma recém-nascida.
Entretanto, foi a notícia da seleção obrigatória de alistamento que fez a fortaleza interna de Marie desmoronar.
Uma caravana da tropa do exército de Litus, a província-capital da região de Utara, se instalou no centro da província de Suigen. Outras duas caravanas vigiavam a fronteira de Suigen com Zestos e Sonne. A população toda foi intimada a aparecer na praça central da província para ouvir o decreto.
Um dos soldados retirou um pergaminho com o selo real de Utara e leu em voz alta:"Devido à recente declaração de guerra entre Utara e Ost, todos os homens, de 15 a 40 anos, independente de não estarem completos os desafios da maioridade, devem se apresentar para a seleção de alistamento do exército de Utara.
Mulheres que já passaram pela cerimônia das flores, e que tem idade abaixo dos 50 anos, também devem se apresentar para a seleção de alistamento.
A seleção ocorrerá no centro de sua província, na caravana do exército de Litus.
Aqueles que tentarem cruzar a fronteira da província sem permissão oficial ou se recusarem a entrar no exército, caso sejam selecionados, serão acusados de traição e condenados a morte."
- A seleção começará amanhã, a partir do amanhecer. – Falou o soldado, depois que guardou o pergaminho em um cilindro de madeira. – Aos que tentarem fugir da província... Irão ao encontro das miesnys. – Finalizou o soldado com um sorriso sádico em seu rosto.
O motivo de não haver vigia da fronteira ao sul de Suigen é que Suigen faz fronteira ao sul com a Floresta de Robus. Ninguém se atreve a entrar em Robus devido à floresta ser constituída em sua grande maioria pelas miesnys. A miesny, ou come-come, como são chamadas em estórias em que os pais contam aos seus filhos, não se sabe ao certo se realmente é uma planta ou um animal. Mas miesnys são descritas pelos erdeanos como: “Grandes árvores com bocas de pétalas cheias de dentes afiados em suas raízes subterrâneas”. Nas estórias, miesnys são descritas com a aparência de árvores comuns, mas no momento em que alguma criatura está andando na terra acima de suas raízes, subitamente, as raízes da árvore se levantam da terra e “engolem” a criatura. As raízes das miesnys têm a aparência de uma gigante vitória-régia rosada, e na sua superfície, espinhos que mais se assemelham com enormes dentes afiados.
Depois do anunciamento na praça, Marie, Illie e Isack seguiram para a sua casa. Os olhos leitosos de Marie estavam marejados. Foi a primeira vez que Illie viu a sua mãe nesse estado.
Foi a segunda vez que Marie não conseguiu esconder a sua tristeza.
A família seguiu-se para a cozinha, para discutirem o pronunciamento realizado nessa manhã. Marie estava inconsolável.
- Esses malditos! Eles vão destruir toda a minha família! Primeiro o meu marido, agora estão querendo tirar os meus filhos! E eu nem poderei ser selecionada para essa maldita guerra sem sentido! Minhas mãos andam trêmulas e estou ficando cega, não posso mais manusear as ervas e nem cuidar dos feridos! – A mãe esbravejava de ódio, as lágrimas rolando por todo o seu rosto.
Illie foi pegar uma caneca com água para a sua mãe. Isack tentava consolá-la, mas era em vão.
- Ainda nem fomos selecionados, mãe. É provável que somente chamem a mim e descartem Lili por ser nova demais.
- Deixe de ser ingênuo, Isack. Não Illie, eu não quero essa maldita água suja, bote de volta no jarro. – Illie estava assustada, ela nunca vira a serenidade de sua mãe ser abalada e muito menos Isack a havia presenciado. Marie parecia outra pessoa. – Na guerra, não importa o quão novo és, se você tem força e energia para lutar, eles irão chamar de qualquer jeito. A única maneira de eles rejeitarem qualquer um de vocês é caso estejam velhos demais ou deficientes. Mesmo mulheres grávidas serão chamadas, eles encontram um jeito de interromper a gravidez ou mandam os recém nascidos para Robus, e falam para a família que a criança não resistiu à viagem!
Após as palavras de Marie, um silêncio devastador pairou sobre a cozinha. Os dois irmãos não tinham nenhuma solução e tampouco um consolo para tranqüilizar a mãe. E foi Marie que resolveu quebrar o silêncio.
- Irei subir para o meu quarto. Não me perturbem. Illie, eu não quero o almoço, vocês podem comer tudo. – E antes que Illie ou Isack pudessem abrir a boca para contestar a mãe, Marie fez um sinal para que não falassem nada. Ela se levantou e saiu da cozinha em direção as escadas.
- O que nós vamos fazer Isack? – Illie olhava para o seu irmão, ela sentia o gosto salgado de suas lágrimas.
Isack se aproximou da cadeira de onde estava Illie, e se abaixou para que ficasse na altura de seu rosto. Com suas mãos calejadas, enxugou as lágrimas da irmãzinha e disse em um tom confiante e tranqüilizador:
– Vamos torcer para que a nossa mãe esteja errada, e que não lhe selecionem para o exército. – com essas palavras, o irmão deu um abraço apertado em Illie e afagou os seus cabelos. – Nossa mãe não ficará sozinha.
~~~
Depois da conversa com o seu irmão, Illie foi preparar o almoço. Enquanto isso, o irmão foi comprar um pouco de pão na casa de dona Mirna. Illie resolveu fazer uma rápida sopa de legumes, pois achara melhor poupar o irmão da caça, devido os acontecimentos do dia.
Logo após o retorno de Isack, a sopa já estava pronta.
Os dois almoçaram sem trocar nenhuma palavra ou olhar. Respeitaram o desejo da mãe e não levaram almoço até o aposento dela e tão pouco a chamaram. Mas Illie achou melhor não comerem tudo, e deixou uma quantidade de sopa na panela e a lenha levemente acesa, para que a sopa demorasse a esfriar. Isack deu um pequeno pedaço do pão para Illie e depois embalou o resto do pão em um pano, para que as formigas não o atacassem, e deixou-o em cima da mesa.
- Illie, eu estou indo para a casa do senhor Hugo. – quando Isack chamava Lili de Illie, era por que estava bastante preocupado. – E não tenho previsão para voltar.
Illie não respondeu nada, apenas assentiu com a cabeça. Um tempo depois que o seu irmão saiu de casa, ela dirigiu-se para o seu quarto, pegou a gaiola de seu pássaro e saiu de casa. Andando em rumo para a sua árvore.
Ao chegar lá, ela sentou-se debaixo da árvore, relaxando as suas costas no tronco, e pondo a gaiola do pássaro em seu colo.
- Uma pena que você não pode voar pequenino. E tão pouco eu. – Ela abriu a portinha da gaiola e estendeu a mão que continha pequenos farelos de pão em sua palma.
O pássaro comeu um pouquinho do pão. E logo depois o pássaro começou a cantar.
Illie deixou a gaiola do seu lado, e ficou ouvindo a triste melodia de seu passarinho sem nome. Em pouco tempo, os seus olhos fecharam-se para abrirem-se em uma Erde sem guerras.
Capítulo 3 - Roupas para um andarilho
- Spoiler:
- Você pode muito bem continuar a sua leitura sem esse blablablá!
ATENÇÃO! ESSA NOTA NÃO FAZ PARTE DO CAPÍTULO.
N/A: Uma curiosidade sobre o mundo de Erde.
No mundo de Erde não há a consciência das horas como nós conhecemos. Entretanto, os habitantes de cada região possuem táticas para definirem o horário do dia. Em Utara, há três estações. O Semestre do Sol, o Trimestre das Chuvas e o Trimestre das Flores.
No caso dos Utaranos, eles definem as horas do sol de acordo com a posição dos pinos. Cada província de Utara possui em sua praça central, três relógios de sol, cada relógio representa uma estação. No semestre do Sol, são 14 pinos de sombra. No Trimestre das Chuvas, nos poucos dias em que os raios de sol conseguem atravessar as nuvens, são aproximadamente 12 pinos. No Trimestre das Flores, são 8 pinos.
A noite, como não é utilizada para trabalho, não foi criada uma forma de controle de tempo pelos Utaranos. Entretanto, desde pequenos os habitantes são ensinados a observar como a altura de cada fase da lua principal, Mond, podem definir se a manhã está ou não próxima de chegar.
~~ É A PARTIR DE AGORA QUE COMEÇA O CAPÍTULO ~~
Capítulo 3 - Roupas para um andarilho
Havia passado aproximadamente um pino de sombra desde que Illie caíra no mundo dos sonhos.
O sol estava no seu ponto mais forte, já deveria estar próximo do 9° pino.
- É melhor eu voltar. – disse para si mesma. Illie, ainda sentada, pegou a gaiolinha de seu pássaro. Entretanto, a gaiola estava com a porta aberta.
E vazia.
- Ai cocozinho, eu devo ter esquecido de fechar antes de pegar no sono. – Ela ficou de joelhos e começou a tatear cuidadosamente a grama, estava com receio de machucar o seu amigo. – Onde você está passarinho?
Depois de ter analisado completamente o perímetro próximo a árvore, Illie sentiu um aperto em seu coração. Alguma coisa lhe dizia que o amigo estava próximo a floresta de Robus.
Seguindo os seus instintos, Illie começou a engatinhar em direção a floresta. Olhava atenciosamente para baixo, em busca de alguma pequena pena negra, farelo de pão, qualquer pista que lhe indicasse que o seu amiguinho estava por perto.
Passou-se pouco tempo desde que Illie começara a engatinhar, entretanto, sua pele já estava bastante castigada pelo Sol, e a fadiga já estava tomando conta de seu corpo. Contudo, para a alegria de seu coração, ela finalmente encontrou uma pena negra.
Ela se ajoelhou, e observou se a pena realmente pertencia ao amigo. Era realmente dele. Entretanto, a poucos metros donde ela se encontrava, um homem, nu e com o braço direito extremamente ferido, andava lentamente em direção a floresta.
- Ei! Você! – Illie gritou para o homem. Ele parou. Ela foi andando em sua direção.
O homem continuava de costas e não soltou nenhuma palavra. Quando Illie estava a apenas um metro de distância do desconhecido, ela observou o estado de seu braço.
O braço do homem estava completamente coberto por uma casca que mais se assemelhava as casquinhas de feridas. Em vários locais do braço havia pequenas erupções. O antebraço estava extremamente inchado, parecia que fora completamente deslocado.
- Por favor, espere. – Illie se esquecera completamente do pássaro - Irei trazer algumas roupas para o senhor. Você poderia esperar?
O homem continuou imóvel e em silêncio.
- Se sim, por favor, faça algum sinal com o seu braço esquerdo.
O homem vagarosamente levantou o braço esquerdo.
- Eu já volto!
Illie saiu em disparada em rumo a sua casa. Ao chegar em casa, a mãe ainda não saíra do quarto e tampouco o seu irmão havia retornado.
Ela foi até o quarto de Isack e pegou uma calça, uma blusa e um par de botas. Antes de sair de casa, pegara na cozinha e em seu quarto alguns itens, e montara um pequeno kit de primeiros socorros.
Como ela não conseguia carregar tudo, então decidiu calçar as botas do irmão. Colocara as roupas embaixo de seu braço esquerdo e a cestinha do kit ela carregava com a mão direita.
Como não conseguia correr devido o tamanho das botas, tentava andar o mais rápido que conseguia até onde estava o estranho.
Ele continuava do mesmo jeito em que Illie o encontrou. Em pé e de costas. Nos seus estudos, Illie e nem as outras meninas puderam ver a olho nu o corpo dos homens em sua totalidade. As partes íntimas eram estudadas através de desenhos, ou em simples comparações com alguns animais.
- Você consegue vestir sozinho as calças? - Ela perguntou.
O homem levantou o braço esquerdo.
Ela deixou a cestinha na grama, e deixou a blusa em cima da cestinha. Aproximou-se ainda mais do desconhecido, e fez com que a calça encostasse na mão esquerda dele.
Ele pegou a calça e muito lentamente, vestiu-a. O homem tomava todo o cuidado para que o braço direito não fizesse nenhum movimento. Illie estava impressionada com o equilíbrio que esse homem possuía.
- Posso ajudá-lo a vestir a blusa?
O homem ficou imóvel.
Illie foi buscar a blusa. A blusa era da cor branca e possuía alguns detalhes em azul, era feita de um tecido bastante leve e possuía mangas compridas. Ela abriu a cestinha e retirou uma rústica tesoura, entretanto, bastante afiada. Ela retirou a manga direta da blusa, e cortou em linha reta a partir do início do buraco que ficara na antiga manga, até o final da blusa.
Ela levou a nova blusa até onde estava o homem e ficou de frente para ele, no entanto, contrariando as vontades dele, ela vagarosamente começou a vesti-lo.
- Você não deveria ser tão orgulhoso. Jamais iria conseguir vestir essa blusa com esse braço. – Ela conseguiu vesti-lo sem que o braço direito fizesse qualquer movimento. Em seguida voltara para a cestinha e pegara uma agulha, linha e a tesoura. Ela costurou a abertura que fizera na blusa para que o braço direito encaixa-se na roupa.
Illie descalçou as botas, o homem entendeu que o calçado era para ele.
- Eu vou pegar algumas ataduras, aguardente e ervas para o seu ferimento. Tenha mais um pouco de paciência.
- Eles não funcionarão em mim. – O homem finalmente respondeu, a voz do homem era grave, tinha o tom levemente de baixo, era extremamente marcante. – Obrigado pelas roupas. És uma menina muito gentil.
Illie finalmente pode prestar atenção no homem. Ele era alto como o seu irmão, e parecia um pouco mais novo que Isack. A pele, apesar de já estar bem queimada devido ao Sol, provavelmente era tão branca quanto a dela. Ele possuía densos e lisos cabelos negros, que se encontravam na altura do pescoço. A franja dele impossibilitava Illie de descobrir a cor de seus olhos.
- Mais adiante, a floresta que o senhor se dirige é a de Robus. – Ela falou em um tom de aviso.
- Eu sei. Novamente, muito obrigado pelas roupas. Agora tenho que continuar o meu caminho.
- O senhor sabe que em Robus há uma grande quantidade de miesnys, não sabe?
O homem hesitou. Alguma coisa em Illie dizia que o homem já sabia das miesnys em Robus e que essa hesitação não era apenas cautela com a floresta. O homem tinha medo de que Illie descobrisse alguma coisa.
- Tenho certeza que o senhor está com bastante fadiga. – disse Illie. – Em poucos pinos, o sol irá se por, e hoje a noite será completamente escura, não conseguirás caminhar pela floresta apenas com a luz das estrelas. O senhor diz que os meus cuidados não irão lhe surtir efeito, mas uma boa noite de sono e um farto prato de sopa irão lhe dar energia para que continue com a sua jornada. Não deixarei que o senhor passe por Robus sem que aceite o meu convite.
- No estado em que eu me encontro, creio que não posso lhe enfrentar, mesmo que seja apenas uma menina. - O estranho falava com um tom de amargura em sua voz - Eu sou obrigado a aceitar o seu convite.
- O meu nome é Illie. Qual o seu?
- Cael.
- Que nome esquisito ! – Illie soltou um risinho, mas Cael permaneceu calado, deixando Illie ruborizada pelo seu constrangimento.
Então lentamente, os dois andaram até a casa de Illie. Ao chegar lá, ela cedeu o seu quarto, o único que ficava no térreo, para Cael. Ele logo adormeceu. Enquanto Cael dormia, Illie foi checar se a mãe havia comido a sopa ou o pedaço de pão, mas ambos estavam intocáveis.
A noite já havia chegado a algum tempo e Isack ainda não havia retornado. Tampouco Marie havia saído de seu quarto. Illie recém terminara de fazer o jantar. Ela encheu dois pratos com a sua nutritiva sopa e foi jantar no quarto com Cael.
Cael devorava forazmente aquela sopa, Illie nunca vira alguém comer com tanto gosto a sua comida. Ele pediu para repetir duas vezes, enquanto que ela ainda não havia terminado nem a primeira metade.
- Você por acaso, não viu um passarinho preto com uma asa machucada, andando em direção a floresta de Robus? – Cael recém havia terminado o seu último prato de sopa quando Illie lhe fez a pergunta.
- Não... – o calor do lampião fazia brotar gotículas de suor em seu rosto. Ele passou a mão pela sua testa, retirando a franja do lugar e revelando os seus olhos ameaçadores. Havia um tom de hesitação em sua voz. – Eu não o vi.
- Spoiler:
N/A: Pretendo no final da fiction, criar alguns capítulos bonus explicando certas cerimônias e eventos importantes para a cultura das nações de Erde.
Aos que leram os outros capítulos, devem saber que a "Cerimônia das Flores" era o ritual de passagem da infância para a vida adulta das meninas de Utara.
Para ser breve, na cerimônia das Flores, as meninas ganham uma marca com o formato de uma rosa no pulso direito. Essa marca identificava se a adolescente já era uma mulher completa, com todos os seus estudos obrigatórios concluídos.
OBS: Há algumas partes em branco, são notas explicativas, você pode muito bem continuar a sua leitura sem esse blábláblá.
Capítulo 4 - A marca de mulher
Metade da noite já se passara quando um homem encapuzado entrara pela porta.
- Desculpem-me pelo atraso. – O estranho havia abaixado o capuz revelando o seu rosto. Já era um homem maduro, por volta dos seus 35 anos. O formato de seu rosto era quadrado, queixo largo, o nariz era reto, grande e comprido. Os cabelos negros já possuíam algumas mechas grisalhas, as madeixas estavam presas em um rabo de cavalo. – A segurança na fronteira de Zestos está bastante forte, os soldados também estão vigiando casas ao redor. Só consegui sair quando um dos guardas que fazia a vigia parou em um arbusto para fazer as necessidades.
- Você fez bem Iuri. – respondeu um senhor que estava sentado em volta de uma mesa redonda de madeira, junto com outros homens. Ele já estava bem velho, a sua voz que no passado era um forte tom de baixo, já estava um pouco fraca e tremida. Ele já possuía intensas marcas de idade, todos os seus fios de cabelo já haviam caído, apenas usava um cavanhaque grisalho. O homem possuía o olho esquerdo cego. – Nós também mandamos a mensagem tarde demais, mas pelo menos agora todos os membros do conselho já estão aqui.
Iuri sentou-se em um banco que estava vazio, ao lado do ancião. No total, eram cinco membros. O homem do olho cego era Hugo, o mestre dos meninos de Suigen, assim como um dos mais respeitados homens da província. Isack estava sentado ao lado direito de Hugo. Ao lado de Isack, havia um homem que possuía os cabelos escuros e cacheados, tinha por volta dos 40 anos; era conhecido como “Águia”. Por último, ao lado de Águia, havia uma pequena mulher que também já possuía muitas flores (N/A: É uma expressão utarana para dizer que a pessoa já possuía muitos anos. É como se dissessem que “a mulher possuía muitas primaveras”). O nome dela era Mel, ela era a mestra das meninas da província e mãe de Mirna.
- Creio que muito já se discutiu antes da minha chegada. – disse Iuri.
- Sim meu caro. – Águia respondeu, apesar de ser inconveniente, era ele que possuía as melhores e mais arriscadas estratégias, Águia possuía uma impressionante capacidade de analisar os seus adversários. - Entretanto, as nossas cacholas não conseguiram pensar em uma solução segura e eficiente para o nosso problema. Tens alguma sugestão?
- Entendo. Creio que eles possuem os nossos registros, certo?
- Naturalmente. Imagino que eles possuem apenas os nomes dos mais novos, para poupar-lhes tempo e peso.
- No entanto... – Isack começou a falar, estava receoso de pronunciar as palavras, pois sabia que era certo de que isto iria acontecer. - acredito que os mais novos serão chamados na próxima primavera, quando completarem a idade.
- Eu ainda proponho que seria bom tentarmos esconder os jovens mais fracos. – Águia começou a falar, mas logo Mel o interrompeu.
- É arriscado demais, não sabemos qual o registro que eles possuem, se é apenas dos inválidos ou daqueles que estão aptos a entrarem no alistamento. Se descobrirem o plano, as crianças serão jogadas em Robus e a culpa será nossa!
O motivo de tanta preocupação do conselho era que:
Suigen possuía um território muito limitado, sem muitos recursos e uma pequena população.
Pela previsão do conselho, apenas as crianças, os deficientes e os idosos poderão ser dispensados da guerra. A agricultura, principal fonte de alimento da população, era familiar. Os maiores medos dos membros do conselho eram que a província entrasse em crise devida:
1 – A falta de alimento.
2 – A alta mortalidade das crianças menores.
Os quatro andaram a discutir os prós e contras dessas e outras idéias que lhes surgiam. Hugo apenas absorvia tudo que os outros membros estavam a falar. Depois de algum tempo ter passado e sentirem que a manhã estava próxima, Hugo disse:
- Esconde-los, lutar, mudar os seus nomes, dizer que eles são de outra província, mudar a suas idades... – ele falava devagar para que a tremedeira de sua voz não o atrapalhasse. – Tudo isso é extremamente arriscado. Não vamos por a vida dos nossos jovens em risco. A única alternativa é tentarmos fazer um acordo com o chefe dessa campanha.
E o ancião explicou-lhes que o acordo pedia que fossem dispensados os alunos que não completaram nenhum desafio da maioridade pudessem ficar na vila, explicou-lhes também, que o oficial escolheria dois homens entre 20 e 35 anos que também ficariam para que pudessem coordenar os grupos de caça e fiscalizar as hortas das casas. Em troca, daqui a um ano, todos os meninos que haviam completado 13 anos, seriam disponibilizados para o exército.
- E se eles não aceitarem, mestre Hugo? – perguntou Isack.
O velho suspirou levemente olhando para o teto de sua casa, em seguida, voltou o seu rosto para Isack e, com um triste pesar, disse com a sua voz trêmula:
- Que os deuses nos protejam.
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Os pássaros estavam soltando as suas primeiras notas antes do amanhecer. O canto acordou Illie, ela havia sonhado que encontrara o seu passarinho.
Ela se arrumou, hoje era o dia da seleção. Ela queria ser avaliada o quanto antes, para que tivesse mais tempo para decidir com o seu irmão o melhor rumo a ser tomado. Na noite passada rezara para os deuses, pedindo que fosse poupada da guerra.
Como ainda tinha tempo até o amanhecer, resolveu fazer uma pasta analgésica para Cael. Ela fez uma mistura pastosa com camomila, alecrim, canela, azedinha e hera. Enquanto deixava a mistura esfriando, ela aqueceu água para que pudesse esterilizar os instrumentos de aplicação da pasta. Em menos de meio pino, (N/A: ou 30 minutos, no nosso caso) a esterilização estava completa.
Silenciosamente, ela entrou no quarto onde estava Cael. O moreno continuava dormindo, não utilizara os cobertores, por isso dormiu com a janela completamente fechada.
- Até o suave toque do linho deve lhe trazer dor... – Ela falou baixinho para si mesma. Illie puxou um banquinho de madeira e colocou-o próximo da cama e sentou-se. Ela começou a olhar o rosto do jovem, mesmo enquanto estava dormindo ele não parecia que estava em paz. Perto dos cabelos do moreno, havia uma pequena pena negra.
A garota assustou-se. Será que estava ficando louca? Como aquela pena poderia ter surgido naquela cama? Quando Illie saiu do quarto pela última vez naquela noite, não havia nenhuma pena. Será que o estranho havia seqüestrado o seu amigo? Hipóteses e mais hipóteses surgiam na mente de Illie. Cael falara sem abrir olhos.
- O som dos pássaros lhe acordou? – a sua voz não parecia de alguém que acabou de despertar.
- Ahn?... – Ela se assustou com a voz repentina de Cael.
- Eu perguntei se o som dos pássaros lhe acordou.
- Ah, sim. – ela tentava fingir que estava sonolenta.
- Sinto um cheiro de canela...
- É uma mistura de ervas... É para diminuir a dor e o inchaço, não irá curá-lo.
- É impressionante que mesmo estando sonolenta, fizeras esse trabalho. Darei um voto de confiança, pode passar o seu remédio em mim.
Ela pegou uma espécie de colher e botou uma grande quantidade da pasta no braço e no antebraço de Cael. Em seguida com o auxílio de um pincel com fibras de rabo de cavalo, espalhou a pasta por todo o membro dele. Enquanto executava a tarefa, um único pensamento corria por sua mente:
“Não consigo decifrar se ele realmente acreditou que eu estou sonolenta. Tenho que tomar cuidado.”
“Tenho que tomar cuidado.”
- Irei trazer um chá.
Illie pegou o caule da planta da erva dos gatos e misturou com pó de erva-cidreira. Em seguida, adicionou água quente. Esperou alguns minutos, até que o chá estivesse morno, e retirou o caule. Ela havia preparado um sonífero. Ela entregou o chá sem falar mais nenhuma palavra, Cael retribuiu com um “Obrigado”.
Ela foi limpar a cozinha. Assim que terminou, foi dar uma olhada no quarto de Cael.
Ele já estava dormindo. Ela entrou e abriu uma fresta na janela. Ela pode perceber a aurora.
Ao sair do quarto, ela trancou-o com uma chave. Ela já estava de partida para a caravana de Litus e tinha certeza que não iria demorar. Não se preocupou em chamar a sua mãe e tinha a impressão que Isack não havia voltado, mas que iria encontrá-lo na praça central.
Quando chegou lá, havia duas filas. Uma para a avaliação das mulheres e a outra para os homens. Em sua fila, havia duas mulheres na sua frente. A primeira era Bianca, ela tinha por volta dos seus 22 anos de idade e estava no terceiro mês da gestação. Bianca já estava sendo avaliada pelo soldado. A segunda, que estava na frente de Illie, se chamava Uga. Ela recém havia passado pela cerimônia das Flores, assim como Illie. Entretanto, percebia-se que a garota estava extremamente inquieta e tensa.
O soldado gritou:
- APROVADA. PRÓXIMA!
Bianca havia saído da fila completamente arrasada. Seu rosto estava completamente inchado e vermelho, não se conseguia nem ver os olhos da mulher.
Foi a vez de Uga.
Illie conseguiu ouvir o que o soldado perguntava.
- Nome?
- U...Uga, filha de Orloni.
- Mostre o pulso direito Uga de Orloni.
A menina mostrou. Não havia nada em seu pulso. O soldado pegou uma garrafa que continha um cheiro muito forte de álcool. Ele derramou um pouco do misterioso líquido em um pano velho, e em seguida, esfregou com bastante força o pulso da menina. Uma mancha que tinha o formato de uma rosa apareceu em seu pulso. Uga começara a soluçar e a falar, Illie apenas conseguira distinguir as palavras: “piedade” “misericórdia” ”papai” e ”cuidar”.
O soldado olhou para trás, em direção a caravana, e gritou.
- Wol, Otto!
Dois homens extremamente altos e corpulentos rodearam a caravana e ficaram parados ao lado do soldado.
- Levem Uga de Orloni para Robus. As miesnys devem estar famintas.
Capítulo 5 - Ela não ficará mais sozinha.
Definitivamente, esse capítulo será maior que os anteriores xD !
Ah sim, eu infelizmente quebrei a linearidade temporal, (é que eu esquesci de escrever essa parte no outro capítulo, mas espero que entendam), a primeira parte fala basicamente do acordo do conselho com o chefe de campanha. Se quiserem pular e ir direto para Illie, fiquem a vontade.
Outra coisa, eu deixarei a descrição física de alguns personagens em cinza (pois tipo, eles são nem secundários, são quase quintenários... ), então, se quiserem ler por curiosidade, tá aí ;p.
- Spoiler:
- Apenas Águia, Iuri e Isack foram até a caravana que se encontrava na praça central, para que conversassem com o chefe de campanha.
Os pássaros já estavam cantando, mas o céu apresentava aquela amplitude de cores da transição da noite para o dia. Em meio pino, o sol iria nascer.
Quando chegaram lá, outro carro havia chegado (N/A: Não é um automóvel gente.), provavelmente devia ter chegado à província durante a noite. Um pouco mais a frente de cada um, havia uma mesa e uma cadeira de madeira.
Dois homens estavam guardando a porta de cada caravana. Os dois vigias eram extremamente altos e corpulentos, possuíam mais de dois metros de altura, provavelmente cerca de 2,10m. Eles não vestiam nenhuma armadura do exército, e sim uma roupa feita de couro, no estilo das vestimentas dos habitantes de Syd, mas as suas roupas estavam mais apropriadas para o clima quente de Utara do que para o eterno inverno de Syd.
De longe, poderia-se dizer que aqueles homens eram irmãos gêmeos. Os dois possuíam os cabelos raspados, estavam com a barba feita e as sobrancelhas raspadas e muitas manchas de sol pelos seus corpos. Apenas as suas feições os diferenciavam. O da direita possuía olhos pequenos e acinzentados, o seu nariz era grande com o formato de uma curva fechada apontando para baixo, como o bico de um falcão. Os lábios eram pequenos e extremamente finos, era como se tivesse apenas um risco em seu rosto.
O outro possuía olhos grandes e amendoados, um castanho acinzentado e claro. O nariz era pequeno e reto, mas com a ponta bastante arredondada. Os lábios eram pálidos e um pouco mais carnudos do que o do outro vigia.
Os vigias continuaram disciplinadamente em sua posição e em silêncio quando o grupo chegara à frente deles. Logo, Águia disse com o seu melhor tom de arrogância:
- Queremos falar com o seu líder!
Os dois homens ignoraram Águia. Mas ele tentou mais uma vez.
- Oh! Perdoe-me pelos meus modos, cavalheiros. Quão rude eu sou! – Iuri e Isack o olharam com repreensão para o colega, como ele poderia brincar numa hora tão importante dessas? - Nós somos membros do conselho de segurança da província. Queremos fazer um acordo com o chefe dessa campanha.
Os dois vigias tiveram uma rápida troca de olhares. O da direita se virou para a caravana, puxou de seu bolso algo que parecia um pequeno bastão de aço, e bateu levemente em uma superfície metálica que tinha na porta.
Em pouco tempo, ouviu-se a voz do soldado que havia manifestado o decreto no dia anterior.
- O que houve Wol?
- Membros do conselho de segurança, mestre Milo. – a voz alta e grave de Wol lhe disse.
O soldado saiu para o encontro do grupo. Ele estava trajado com a mesma armadura do dia anterior, mas estava sem o seu elmo. Milo possuía os cabelos castanhos acinzentados, as madeixas eram curtas e onduladas, olhos redondos e cor de mel. O nariz protuberante já fora várias vezes quebrado, e possuía algumas cicatrizes pelo rosto.
- Bom, digam o porquê que vieram. – falou o oficial.
Águia dera um passo à frente, mas Isack o convenceu que seria melhor que Iuri falasse.
- Vamos, não tenho muito tempo, em breve o sol irá nascer. – Milo já estava impaciente.
Então Iuri proferiu exatamente as palavras de Hugo.
- E então, o que achas de nossa proposta? – Iuri finalizou.
- Sinto muito, sabemos que Suigen é uma das províncias mais pobres da região, mas não podemos tratá-los de uma forma especial apenas por que vocês correm o mesmo risco que as outras sete províncias.
- Mas as outras províncias possuem condições o suficiente para se sustentarem mesmo que todos os seus homens fossem chamados para a guerra! Mesmo Garmi, que é tão limitada quanto nós em território, possui recursos devido à corrup... devido aos investimentos de Litus e Ambustio na região! – Isack protestou.
- Fingirei que não ouvi que quase chamaste a corte real de corrupta. Não posso fechar nenhum acordo que interfira em nossas decisões militares.
Todos ficaram em silêncio. Até Águia perdera a sua postura arrogante, ele estava observando as intensas cores da aurora.
- Quando que irás partir com os nossos homens e mulheres? – Águia perguntou.
- Em uma semana.
- Não há como nos dar um pouco mais de tempo para que possamos preparar os mais jovens para cuidar da província?
- Não. Temos que chegar a Litus no prazo máximo de 20 dias, a menos que você queira que o seu povo ande sem descanso até a capital.
Águia se aproximou ainda mais do soldado, olhando fixamente para os seus olhos e apontando o seu dedo indicador para o rosto de Milo, ele começou vociferar.
- Vocês são extremamente desorganizados, aposto que o bêbado do Bartolomeu que planejou essas campanhas absurdas, que no fim apenas irão foder o povo da nossa nação! – Wol começou a se aproximar dos dois, mas Milo fez um sinal para que o careca não fizesse nada.
- Então é aqui que você está Erich, filho da casa dos Kriga. Mais conhecido como “Águia”, não é mesmo? – o oficial falou com malícia, parecia que os dois já se conheciam. Um sorriso maquiavélico brotou em seus lábios. – Apesar de já ter passado da idade, não fará mal para o nosso exército que o senhor seja convocado, não concordas?
- E o que farás se eu não abdicar do meu direito?
- Creio que terei que cumprir a minha obrigação, não posso aceitar tamanho desacato à autoridade e muito menos calúnia, não é mesmo? - Milo abusava de seu tom irônico e de gestos com as suas mãos. - Sabe que Bartolomeu não aceitará tamanha desmoralização, você sabe como é o refinado senso de justiça dele. Ele com certeza poupará todos os seus inocentes parentes!
O sol já estava surgindo no horizonte, Águia ficou em silêncio, fitando furiosamente os olhos de Milo.
- Já está na hora da seleção meus nobres cavalheiros. Gostariam de se adiantar?! Creio que seu amigo Erich está bastante ansioso pelo front. Esperem um pouco que um de meus homens virá para começar o processo. – então Milo entrou na caravana, em poucos minutos saíra da caravana da esquerda dois soldados com alguns papéis, que se sentaram nas cadeiras mais a frente.
O soldado da direita disse:
- Wol e Otto, fiquem atrás dos aposentos, se necessário o chamaremos. – então os dois homens foram para trás das caravanas. – Eu seleciono os homens, o meu colega da esquerda irá avaliar as mulheres. Diga-me, quais os seus nomes.
Iuri e Isack deram os seus nomes e como previram, foram selecionados. O grupo decidiu que iria voltar para a casa de Hugo e lhe contar as más notícias.
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Uga não reagiu. Sabia que se corresse, poderia trazer alguma conseqüência para a sua família. Apenas Otto se aproximou da menina e a deitou em seu ombro, segurando-a fortemente para que ela não fugisse. Enquanto ele caminhava para o sul da cidade, Uga ainda soltava gritos, suplicando para o seu soldado cárcere:
- Por favor, me leve para a guerra! Eu não POSSO morrer!
O soldado não a respondera. Mandou Illie se aproximar apenas quando não se podia mais ouvir os gritos de Uga.
- Nome?
- Illie, filha da casa de Ignis.
O soldado começou a procurar alguma coisa nos papéis que estavam em sua mesa. Em seguida, escreveu alguma coisa com a sua pena.
- Mostre o seu pulso direito, Illie de Ignis.
A menina mostrou. A marca da rosa estava lá.
- APROVADA! PRÓXIMA.
Illie se retirou da fila, os seus olhos estavam marejados. Ela estava em estado de choque por Uga, e estava desesperada pela sua mãe, Marie, que terá que esperar sozinha esse período de guerra passar.
Ela resolveu esperar Isack na praça, achava que o irmão ainda não tinha passado pelo processo de seleção. Decidiu-se que iria esperar um pino, era o tempo mínimo que ela tinha certeza que teria até que Cael acordasse.
Ela observou tantos outros amigos e conhecidos passarem pelas filas. Fora como a sua mãe lhe disse, apenas os velhos, os deficientes e as crianças foram dispensados. Nem as grávidas foram dispensadas, Bianca era uma prova disso. Ela viu a sua mestra, Mel, sendo dispensada pelo soldado. A anciã vinha em sua direção, e se sentou ao seu lado, naquele banco de pedra.
- Pelo o seu rosto, você foi chamada, não é meu bem? – disse vagarosamente Mel.
- Sim mestra... – Illie olhou para o rosto da anciã, os seus olhos, de tanto chorar, apresentavam uma coloração intensa de verde. – Eles levaram Uga para Robus.
A velha entrou em estado de choque. Uga fora uma de suas melhores alunas, assim como Illie.
- O pai dela não irá suportar, - Os negros olhos de Mel estavam úmidos, algumas lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto. – Ele está muito doente, está perdendo a memória. Ele esquecera que Uga era sua filha, pensava que ela era a sua amada e já falecida esposa... Uga era a última pessoa que ele tinha.
- Por isso que ela tentou esconder a marca...
- Então foi esse o motivo que a levaram para as miesnys. – a velha fez uma pausa, fixou o olhar nos relógios de sol, mas retornou a sua visão para Illie. – Estou indo para a casa do velho Ert, irei dar as más notícias e providenciar os seus cuidados.
- Boa sorte, mestra.
- Adeus minha querida.
Faltava pouco para que a sombra chegasse ao próximo pino quando Isack apareceu.
- E então Illie? – O irmão perguntou, mesmo sabendo da resposta.
- Fui convocada. – essa foi uma das poucas vezes que Isack ouvira a voz da irmã repleta de tristeza. – É melhor você ir logo para a fila, ela está aumentando cada vez mais.
- Eu já fiz, e fui chamado. Vamos para casa agora, temos que decidir o que vamos fazer.
- Sobre isso, eu tenho que lhe contar uma coisa Isack.
Enquanto andavam a caminho de casa, a irmã contou toda a história do dia anterior, como ela perdeu o pássaro, sobre Cael e como o trancara em seu quarto.
- Não deverias ter trazido aquele homem para a nossa casa, mesmo que ele esteja ferido, você não sabe do que ele é capaz! Deveria ter levado para a casa da dona Mel, ela poderia ter feito muito mais por ele e sem por a sua vida e a vida da nossa mãe em risco! – O irmão estava zangado com a imprudência e a ingenuidade da irmã. – Mas pelo menos você fez certo em trancá-lo antes de sair de casa.
A menina pediu desculpas, disse que não conseguia pensar direito naquela situação. Isack ficou quieto, andando sem olhar para a irmã. Quando os dois chegaram a casa, os dois partiram imediatamente para o seu quarto do térreo, para checar se o hóspede ainda estava dormindo.
Ela destrancou a porta, e lentamente, tomando o cuidado para que a velha porta não transmitisse nenhum ruído, ela a abriu. A janela estava do mesmo jeito que Illie deixou quando entrou no quarto pela manhã, mas logo abaixo da janela, as roupas que a menina emprestara para o desconhecido estavam jogadas no chão. A cama estava vazia.
Cael não estava mais lá.
O irmão subiu as escadas desesperado, foi até o quarto da mãe, o quarto estava trancado, ele batia freneticamente e com muita força na porta.
- Mãe abra a porta, por favor, mãe! Abra a porta!
Nenhum barulho de passos, nenhum sinal da voz de Marie. Isack, em seu desespero, começou a chutar a porta de madeira, tentando arrombá-la. Illie que seguira o seu irmão, começara a rezar, pedindo aos deuses que o pior não tivesse acontecido, que a sua mãe estivesse bem, que apenas estivesse dormindo em um sono profundo.
A porta caiu.
Os dois correram até a cama da mãe. Marie estava na posição que fazia enquanto dormia. De barriga para cima, com o lençol cobrindo-a até o tórax, e as mãos cruzadas sobre o peito. Mas Illie notou que a mãe não apresentava mais o tom de pele dos saudáveis. Ela foi checar o pulso da mãe, mas quando tocou a sua pele, ela estava tão fria quanto o gelo. Ela tentou de várias maneiras, não conseguia acreditar na verdade, procurou por algum sinal da pulsação na parte posterior da perna, na altura do joelho, e também tentou no pescoço de Marie.
Mas ela não sentiu nenhum sinal das artérias da mãe.
Os dois irmãos agora estavam órfãos de pai e de mãe.
Capítulo 6 - A racionalidade não prevaleceu.
- Spoiler:
- Ela não precisou dizer palavra alguma para que o irmão entendesse que a sua mãe tinha falecido. Ele se retirou do quarto em silêncio, alguns momentos depois ela ouviu uma forte batida de porta, Isack saiu de casa, provavelmente em busca da velha Mel e alguns homens para que pudessem levar a sua mãe para a casa da anciã.
Illie observava o quarto, procurava algum sinal de que Cael estivesse passado por lá. Nada. Absolutamente tudo em seu devido lugar. Mas ao mesmo tempo, a menina não conseguia acreditar que a sua mãe foi levada de uma hora para outra, tinha que haver uma explicação, Marie não aparentava possuir nenhuma doença de risco, apenas os sinais da velhice, como a perda gradual da visão. Em meio de suas lágrimas e soluços, ela tentou racionalizar, olhava para o rosto pálido e sereno da mãe.
- A porta estava trancada, a janela estava aberta apenas o suficiente para que pequenos animais atravessassem, não havia como aquele moço, ferido do jeito que estava, ter entrado nesse quarto. – Illie falava alto, como se estivesse conversando com a mãe. – Mesmo para um homem saudável, seria difícil escalar a parede da casa até o segundo andar. Exceto se ele tivesse usado uma escada...
Ela abriu a janela, e olhou para baixo. As flores do canteiro estavam intocáveis. Illie voltou ao pé da cama da mãe, não estava mais conseguindo se controlar, as lágrimas rolavam sem parar pelo seu rosto e um turbilhão de teorias passava por sua cabeça.
- Mamãe, será que foi você mesma que se levou? Foi você que quis ir ao encontro do papai? – A fatídica idéia de que Marie tivesse planejado a própria morte surgiu na mente da menina.
Não era uma hipótese completamente absurda, a mãe tinha um grande conhecimento de botânica, poderia muito bem ter preparado um veneno letal enquanto Illie e Isack estivessem ausentes.
- Illie? – era a voz da Mel.
- Mestra? – Illie foi interrompida pela anciã. A menina olhou em volta do quarto, Isack e Pedro estavam segurando uma espécie de maca que era feita de madeira e pano, eles puseram o equipamento em cima da cama de Marie. Com um extremo cuidado, os dois colocaram a mulher encima da maca, e a cobriram com um lençol branco. Eles desceram vagarosamente as largas escadas.
- Você irá descobrir do que minha mãe morreu, não vai?
- Minha pequena... – Mel estava abalada com a perda da amiga, o dia era de muita tristeza para a mestra. – Eu não posso lhe prometer nada quanto a isso, é algo que pode estar além da minha capacidade... Mas amanhã pela tarde, terei uma resposta.
- Entendo... – Illie respirou fundo, tentava pronunciar palavras difíceis para o momento. – Eu e o meu irmão podemos dar adeus para ela, antes do processo começar?
- Sim minha querida. Eles já estão levando-a para a minha casa. Venha comigo, agora é a última vez que você verá a sua mãe como ela era.
As duas saíram da casa e foram seguindo o trajeto de Pedro e Isack.
A moradia da velha era muito parecida com a de Illie, mas ao lado, havia uma casinha de um andar, que era aonde a mestra fazia a autópsia e preparava os mortos para a cremação.
Os dois esperaram a chegada de Mel, para que ela abrisse a porta da casinha. Isack desviou o olhar de Illie, para ele não era necessário que o corpo da mãe passasse por esse violento processo. A culpa era de Illie.
A mestra agradeceu a ajuda de Pedro e pediu para que ele esperasse do lado de fora enquanto conversava com os dois irmãos. Ela retirou o lençol de cima de Marie e disse:
- Illie me pediu para que lhe permitissem uma despedida.
- Obrigado, Mel. – Isack falou. Ele apenas ficou fitando para a face da mãe. O rosto estava tão calmo, tão sereno, ele podia jurar que ela apenas estava em um delicioso sono profundo.
Ele saiu do quarto, agora era Illie que ia se despedir de Marie.
Do mesmo jeito que o seu irmão, ela ficou observando para o rosto da mãe, tirando as mesmas conclusões que Isack.
- Adeus mamãe. –depois da despedida, Illie saiu da casa de Mel. O irmão havia desaparecido de vista, apenas Pedro estava próximo a entrada.
- Você viu para onde o meu irmão foi Pedro? – a menina perguntou para o homem moreno que estava ao seu lado.
- Não. Mas creio que ele foi falar com o senhor Hugo. – ele fez uma pequena pausa. – Eu sinto muito pela sua perda...
- Entendo... – ela decidiu que não iria procurar pelo irmão. Estava muito claro que Isack não queria conversar com ela nesse momento. - Obrigada Pedro.
Ela começou a seguir em rumo à praça central, não queria ir para a sua árvore, foi lá que todos os seus problemas começaram. Mas logo se lembrou que Cael estava a caminho da floresta no dia anterior, ele poderia ter sido visto pelas pessoas ou mesmo apanhado pelo monstruoso guarda que levara Uga. Resolveu que iria primeiro verificar se o homem não tinha sido apanhado pelos oficiais.
Havia duas filas enormes quando ela chegou à praça. Ela contornou a fila e foi para trás das caravanas, um dos carecas, que ela não reconheceu qual deles era, estava lá.
- Você é o Otto? – Ela perguntou.
- Para o seu bem garotinha, é melhor que você retorne a sua casa. – O grandalhão respondeu.
- Eu estou à procura de um homem, ele está com o braço direito extremamente ferido, ele tem o péssimo costume de andar pela província nu. Pouquíssimos o conhecem pela região, eu e a minha família o escondíamos, tínhamos vergonha de tê-lo como filho de nossa casa devido a sua demência e inutilidade para as tarefas, o nome dele é Cael. – ela falou com o melhor tom de preocupação. As lágrimas pela morte da mãe de certa forma a auxiliaram a passar a imagem de parente preocupada.
Uma coisa que Illie sabia fazer muito bem era mentir e dissimular. Apenas a sua mãe sabia dizer quando a menina estava mentindo, e não era raro que a mesma caísse nas palavras da filha. Entretanto, ao contrário da maioria daqueles que possuem tal habilidade, Illie só a utilizava em pequenas travessuras ou quando a vida de alguém muito importante corria risco. No caso, ela estava em busca de respostas.
- Eu o vi quando eu estava retornando da floresta. – o careca respondeu, ele possuía um sotaque estranho aos ouvidos de Illie. – Não acreditei que ele estava se dirigindo para a floresta, e sim que estava tentando uma rota alternativa para fugir da província. Realmente, ele deve ter problemas de demência para achar que alguém iria querer um guerreiro com aquele braço.
- Então o senhor sabe onde ele está?
- Eu o levei a força para uma das casas que foram tomadas como prisões provisórias. Fica próxima a fronteira de Sonne, saberá qual é a casa, pois há vários guardas ao redor.
- Obrigada. – ela agradeceu e virou-se de costas rumo a Sonne.
Era estranho que o guarda não tenha levado Cael a Robus, provavelmente Otto tivera compaixão do moribundo. Mas o mais estranho ainda era que o exército de Litus tivesse se apropriado de algumas casas da província e tornado-as prisões. Illie achava que todos aqueles que fossem contrários as decisões dos soldados teriam como pena uma morte dolorosa em Robus. Não quis mais pensar no assunto, se preocupou apenas na estratégia que iria executar quando chegasse à prisão de Cael.
Ela demorou mais de um pino até que encontrasse a casa que o gigante estava falando. Ela se aproximou do guarda que estava próximo a porta, e perguntou exatamente como perguntara para Otto sobre Cael.
- Ele é de sua família garotinha?
- Sim, é meu irmão mais velho. Ele é um estorvo para nós, mas ao mesmo tempo não podemos ignorá-lo, infelizmente ele ainda é um membro da família.
-Entendo, mas antes terei que revistá-la. – Disse o guarda. Illie assentiu com a cabeça. O guarda começou a tatear todo o corpo dela e revirar todos os bolsos de seu vestido.
- Pode entrar. Ele está no quarto guardado pelo terceiro soldado à direita.
O guarda deu três batidas na porta. Illie ouvira o barulho de várias chaves e o deslocamento de uma trava de madeira. Um guarda havia aberto a porta por dentro. Ela entrou e contou até o terceiro soldado a direita. A menina falou que havia permissão para buscar um homem nu e ferido no braço direito que se encontrava na cela improvisada. O guarda concordou e destrancou a porta. Ela entrou, o guarda fechou a porta, pois não queria ver aquele braço asqueroso do homem e nem mesmo aquele corpo nu. Quando Illie olhou em volta do quarto, percebeu que o seu passarinho estava dentro da sala, mas não havia nenhum sinal de Cael. Passou pela cabeça dela a absurda hipótese de que Cael e o seu pássaro fossem o mesmo ser. Ela pegou o pássaro e o levou à altura de seus olhos.
- Se você é o Cael, eu lhe imploro que se transforme. Eu irei lhe tirar daqui, mas se você não for, eu e esse soldado estaremos correndo um sério perigo. Irão achar que nós ajudamos o homem que estava aqui anteriormente a fugir, mesmo que ele não seja considerado uma ameaça, haverá suspeita sobre nós. – logo após, ela colocou o passarinho no chão.
Nada aconteceu. Ela resolveu virar de costas, talvez o pássaro estivesse tímido.
A menina ouviu umas batidas na porta, e a voz abafada do soldado chegou aos seus ouvidos.
- Que demora é essa garotinha? Isso tudo apenas para tirar um demente da cela?! – Ela ouviu o barulho das chaves, o soldado estava abrindo a porta, Illie percebeu o gosto salgado das lágrimas, estava com medo de que a racionalidade prevalecesse e que o pássaro fosse apenas um pássaro, custando-lhe a vida e morrendo sem respostas.
- Meus deuses, será que não há um trapo para doar a esse diabo? – Disse o guarda quando abriu a porta da cela improvisada
Última edição por Yoru em Sex Mar 02, 2012 9:16 pm, editado 13 vez(es) (Motivo da edição : Descobri como usar a ferramenta)
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Muito legal,posta mais.
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CAPÍTULOS RESTANTES.
Capítulo 7 - Uma improvável felicidade.
Capítulo 8 - As copas das árvores são o nosso céu.
Capítulo 9 - Chuva de crinas.
Capítulo 10 - Como a pele de uma cobra.
Capítulo 11 - As cordas do violão arrebentaram.
- Spoiler:
- - Eu irei ver se temos alguma calça para ele garotinha. – disse o guarda. Ele fechou e trancou a porta da cela.
Ela não virou para trás. Não conseguia acreditar. O seu pássaro e Cael eram o mesmo ser. Ela ouvira muitas histórias fantasiosas quando criança, mas sempre lhe diziam que nada disso existia. Como alguém poderia explicar tamanho absurdo, um homem que se transforma em pássaro?
O guarda voltou com uma calça cheia de remendos e entregou para a menina.
- Irei fechar a porta para que você possa vesti-lo. – Illie apenas assentiu com a cabeça.
Alguns segundos depois que o oficial fechou a porta, ela ouviu a voz de Cael.
- Não se preocupe, deixe a calça na cama. Eu consigo me vestir sozinho.
A garota olhou com o canto do olho para aonde estava à cama. Com os olhos fechados, ela andou e tateou até encontrar o móvel. Deixou a calça em cima do colchão e tentou voltar para a sua posição inicial, de costas para Cael.
- Pronto. – ela disse.
Assim como da primeira vez ele demorou a vestir a calça. O guarda nesse meio tempo deu umas batidas na porta para ver se a dupla já estava pronta, mas a menina respondeu que o “irmão” queria se vestir sozinho.
Ela continuava de olhos fechados quando o sentiu tocando o seu ombro esquerdo.
- Estamos prontos. – Illie falou para o guarda.
A porta abriu-se, ela apenas agradeceu e escutou o soldado a falar algumas frases, mas ela estava perdida em seus pensamentos. A dupla saiu da prisão improvisada e Illie estava andando em direção a sua árvore, Cael extraordinariamente conseguia acompanhar a velocidade da menina.
Durante o caminho Illie tentava ligar todos os fatos. Agora com tal revelação, as chances de que Cael tenha assassinado a sua mãe cresceram drasticamente. Contudo, havia uma coisa que não se encaixava:
Quando Cael estava sob a forma de pássaro, ele não podia voar.
Mas como a garota havia aplicado uma pasta analgésica no ferimento, talvez, talvez, ele conseguisse suportar voar alguns centímetros, o suficiente para alcançar a janela do quarto de Illie e fugir. Mas será que ele suportaria voar cerca de 3 a 5 metros de altura até a janela de Marie? E por que diabos ele iria querer matá-la?
Os dois chegaram à árvore. Ela finalmente olhou para trás e encarou aquele ser. Ele estava ofegante e o braço estava sangrando um pouco, mas sem escorrer. Ela não conseguia ver os olhos dele.
- Antes eu tinha certeza que você não tinha matado a minha mãe... – ela fez uma pequena pausa, ela odiava não poder encarar os olhos do rapaz e sim apenas aquele maldito cabelo. – Mas agora, todo e qualquer pensamento absurdo me parece lógico. Não sei nem se ao menos esse seu ferimento lhe traz tanta dor quanto aparenta! Aliás, o que diabos você é afinal?
Cael se aproximava ainda mais de Illie, ela pode sentir o fétido odor de infecção que o braço transmitia.
- Eu não matei a sua mãe. Ela sempre foi boa e gentil comigo enquanto eu estava em sua gaiolinha. – Ele estava fraco, havia se aproximado por que não conseguia falar alto o suficiente para que Illie o escutasse. - Eu sou um homem que se transforma em um inofensivo e minúsculo pássaro, apenas isso.
Ele continuava andando em sua direção, aquele cheiro insuportável consumia e queimava as narinas de Illie, mas ela não sentia medo e por isso não se moveu. Estava curiosa para saber o que aquela criatura iria fazer. Quando restavam apenas alguns centímetros de distância, Cael caíra de joelhos no chão. Ele olhou para cima, era quase imperceptível, mas ele estava puxando o vestido da menina. Ela conseguiu olhar para a cor dos olhos dele, diferentes da forma de pássaro, eram completamente negros, ela não conseguia diferenciar a íris da pupila.
- Por favor, não conte a ninguém... – ele suspirou, mas tentou elevar um pouco mais a sua voz. - Leve-me com você durante a viagem do exército.
- Mas você não estava a caminho de Robus? – Ela achou estranho que Cael tivesse decidido mudar a rota.
- Por favor, leve-me enquanto eu estou sob a forma de um pássaro, ninguém irá perceber. Há coisas que eu não posso lhe contar, e você já sabe demais. Em outros tempos, teríamos lhe matado, mas não tenho capacidade alguma para isso. Dos três anos que passamos juntos, eu sei que você é uma menina boa, e que não irá contar o meu segredo...
Illie hesitou com as palavras dele. Ela não acreditava que ele não possuía capacidade para matá-la nesse momento, aliás, não sabia a magnitude dos poderes de Cael. A brisa quente do oeste começou a balançar os seus cabelos e a afastar um pouco daquele fedor. Pelas palavras dele, ele não era o único. Illie preferiu não insistir no assunto, sabia que ele não iria falar mais nada. Ela apenas concordou que iria levá-lo, mas por enquanto, ele teria permanecer na gaiola e ela iria escondê-la, para que o irmão não descobrisse.
Cael aceitou as condições, mas pediu à menina que nas horas de alimento, ela o permitisse que ele transformar-se em humano.
- A comida de pássaro me sustenta quando estou sob aquela forma, mas, por favor, não me negue esse único prazer que posso experimentar. Quando ingiro a comida sob a forma humana, é como se o sabor fosse amplificado mil vezes.
Ela disse que isso só seria possível na ausência de Isack, mas que iria tentar levar a comida para o quarto sem que o irmão percebesse.
Illie então ficou de costas e pediu para que Cael agora se transformasse, que por ela, não havia mais nada a ser discutido por enquanto. A mente da menina ainda estava muito conturbada para que pudesse pensar nos detalhes estratégicos do transporte de Cael durante a viagem da tropa até Litus. Ele concordou, e falou para que ela se virasse quando escutasse um pio de pássaro. Aquele som veio até os ouvidos de Illie, ela apanhou a calça e amarrou em sua cintura, e cuidadosamente, a menina segurou Cael em suas mãos e fora andando até a sua morada.
Ao chegar a casa, ela imediatamente pôs Cael na gaiola que estava em seu quarto. Em seguida procurou o irmão, mas havia nenhum sinal de Isack. Ela subiu as escadas e abriu o quarto dele, porém estava vazio.
Durante o resto da tarde, a menina fez os afazeres da casa e colheu alguns legumes frescos. Porém os pensamentos de Illie se concentravam apenas na sua mãe e naquela nova criatura.
A noite havia chegado e o seu irmão ainda estava afora. Illie tinha a sensação de que Isack não iria dormir em casa. Ela preparou a pasta analgésica e o jantar, novamente sopa. Antes que levasse o prato para Cael, ela entrou no quarto e o tirou da gaiolinha, avisando que ele poderia jantar sob a forma humana esta noite. Disse que a calça estava em cima da cama e que ele avisasse dando três batidas na porta quando estivesse vestido.
Pouco tempo depois, ela escutou as batidas. Illie primeiramente aplicou o remédio, depois levou dois pratos extremamente cheios para o quarto, obviamente, para Cael. Em seguida ela retornou com a janta dela e os dois comeram em silêncio. Quando terminaram de jantar, os dois ouviram uma triste melodia. A menina olhou para a janela do seu quarto, que dava vista para a casa de seu vizinho. Jurt, o irmão mais velho de Luke, um amigo de infância de Illie, estava sentando em uma pedra, tocando em um rústico violão para o céu sem luas.
Conforme os seus dedos provocavam o vibrar das cordas daquele instrumento, o vento trazia até Illie notas mais lentas, mais graves e mais tristes. Jurt começou a cantar alguns versos improvisados:
“Essa terra que não é minha, mas que tanto eu amei.
Sem nem entender por que motivo eu a deixarei.
Canto os meus prantos aos deuses, por favor, ouçam o meu clamor.
Nunca deixem que destruam um lugar de amor. “
Ela continuou observando Jurt e seu violão. Cael havia se levantado e também estava olhando para aquele aspirante a bardo, mas Illie não o percebeu. Pouco tempo depois Luke apareceu e falou com Jurt, que para surpresa de Illie e Cael, saiu em disparada para dentro da casa, esquecendo-se do violão. O caçula sentou-se na pedra, e ficou observando o céu. Apenas Illie continuava olhando através da janela.
Apesar de serem vizinhos, Illie não o via desde que ambos começaram os seus estudos da maioridade.O amigo havia crescido bastante, estava mais alto que Jurt, possuía cerca de 1,90m. Mesmo com pouca luz, a menina podia perceber a pele branca e cheia de pontinhos do vizinho. O cabelo cor de fogo, que antes era bem curtinho e ralo, mas com uma franja toda desalinhada e bagunçada, agora estava mais cheio e comprido, o rapaz usava um pequeno rabo de cavalo, havia algumas mechas soltas e a mesma franja que usava quando criança. Antes o menino era extremamente magricela e esguio, mas agora possuía alguns músculos, provavelmente resultado dos treinamentos do senhor Hugo. Isack contara que Luke ainda não começara nenhum dos desafios, que ele não se preocupava muito em aprender a lutar, apesar de possuir aptidões para arquearia, além de uma mente extremamente calculista que, de acordo com Isack, era desperdiçada em “mirabolantes planos de fuga das aulas”.
Luke percebeu que ela estava o observando. Sem que a menina soubesse, depois de tudo que aconteceu nesses pouquíssimos dias, o coração dele pode aliviar-se com uma improvável felicidade.
Mas a felicidade e a ingenuidade foram abaladas pelos rugidos de aves. Eram pássaros gigantes. Provavelmente era um ataque de Ost. Luke havia corrido para dentro de sua casa e Illie olhou para Cael, perguntando se havia algo que ele poderia fazer.
- Confie em mim. Vamos tentar chegar em Robus. Leve-me em seu bolso mais profundo, e amarre a calça em sua cintura. Quando chegarmos lá, me coloque no chão.
- Mas e a sua asa?
-A dor será suportável, graças a sua pasta.
Ela assentiu, disse que só iria pegar uma das luvas de guerra do seu irmão, era uma luva que possuía uma lâmina escondida, perfeita para caso algum soldado conseguisse segura-la.
Ela vestiu a luva e amarrou a calça, pegou o passarinho e pôs no seu bolso direito e saiu de sua casa.
A residência de Illie ficava entre Robus e a praça central da província. Os pássaros gigantes haviam aterrissado na praça. Assim que a menina saiu de casa, ela pode observar a luz das labaredas que vinham daquele local. Era a região da província que mais continham casas e o comércio.
Ela parou alguns momentos observando aquela destruição. Cael piou, a menina saiu do transe. Illie começou a correr para o sul, para Robus.
Ela não era a única que estava correndo no escuro, mas talvez a única que estava indo naquela direção. Outros iam à direção das fronteiras, alguns corriam para a praça, para combater aquele inimigo. Apesar de cada vez mais distante do ataque, Illie ouvia mais e mais gritos de terror, mulheres corriam com os seus bebês e crianças, que choravam por conta daquela agitação que atrapalhara o seu sono, homens que amaldiçoavam a nação de Ost e que ansiavam pelo combate. O som apenas diminuiu quando ela chegara à floresta. Ela pôs o pássaro no chão, ele começou a piar e a piar, como se estivesse falando com a árvore. Ele começou a entrar na floresta, Illie entendeu que era para segui-lo, mas antes que chegasse a encostar em alguma folha de árvore, alguém puxou fortemente o seu pulso e ela ouviu a voz de Luke.
- Mas que cocozinho é essa? Enquanto todos estão lutando ou fugindo para se salvar, você vem até aqui para se matar?
Ela não tinha escolha, Luke provavelmente iria impedi-la de entrar na floresta.
- Por favor, confie em mim! Deixe-me entrar na floresta, eu sei o que eu estou fazendo, não irá acontecer nenhum mal! – ela tentava em vão se livrar da mão de Luke, mas era impossível
- Você ficou louca com a morte da sua mãe! Está vendo coisas! Não percebe que se você entrar nessa floresta, as miesnys irão lhe triturar por inteiro?
-Por favor, Luke. Deixe-me ir!
-Não! – ele começou a puxá-la mais para perto. – Eu não vou deixar que você morra aí sozinha.
Luke sentiu uma ponta afiada em suas costas, na altura do seu peito esquerdo.
- Eu também não deixarei que a menina morra sozinha, garoto. - era uma voz estranha, mas com um sotaque misturado das duas nações em conflito. – Se eu fosse você, eu entrava junto com ela nessa floresta. Pelo que eu li, a morte provocada pelas miesnys é rápida e quase indolor. Se você abandonar a sua amiguinha, tenha certeza que a sua morte não será semelhante à alternativa anterior. Tomarei providências para que seja exatamente o oposto.
O garoto soltou o pulso de Illie. A menina começou a entrar na floresta. Antes que Luke adentrasse em seu destino, ele olhou para trás, mirou no rosto daquele estranho maldito, e cuspiu com toda a saliva que tinha.
O inimigo soltou uma gargalhada. Não puxou Luke para si para executar uma vingança, continuava rindo daquele estúpido gesto de desprezo.
- Eu te vejo no inferno garoto. – o soldado ria enquanto observava aqueles dois entrando na floresta. Aquela gargalhada foi a última coisa que a dupla pode ouvir naquela escuridão desconhecida.
Capítulo 8 - As copas das árvores são o nosso céu.
- Spoiler:
A coragem dos homens que partiram para a praça desaparecera quando avistaram aqueles gigantes monstros alados. Não havia como se defender, não havia como atacar. Tudo que podia ser feito era fugir, correr para longe daquele ataque para simplesmente sobreviverem. As caravanas não estavam mais na praça, haviam partido em alta velocidade para a província de Zestos quando se ouvira o primeiro rugido dos zouferes.
Eram três zouferes que atacavam a praça central de Suigen. Em cada ave, havia dois homens montados em sua lombar. Eles trajavam uma roupa de algum tecido negro, que lhe cobriam completamente a pele. Era possível observar-se em seus pontos vitais, uma diferença de nivelamento, o que indicava que usavam nesses locais alguma proteção metálica por baixo da vestimenta. O rosto de cada um deles era escondido por uma máscara negra.
O homem montado à frente, controlava o vôo da ave, enquanto que o que estava montado atrás atacava a população com flechas.
O ataque era extremamente coordenado. A princípio, um zoufere começara a derrubar todos os postes de iluminação a óleo daquela área, o que fez com que várias árvores e alguns estandes e casas de madeira pegassem fogo. Logo após, enquanto que um zoufere avançava em alta velocidade em direção as casas e assim as destruíssem com suas poderosas garras, as outras duas aves tentavam manter-se paradas no ar, para que os arqueiros atirassem na população. E assim eles revezavam-se durante o seu plano ofensivo.
O fogo se alastrava pelo centro da província, pouco tempo após o início do ataque, ouviu-se um estrondo que mais se parecia com o som de uma explosão. Passou-se menos de um pino e meio quando o grupo separou-se nas direções norte, noroeste e sudeste. Aquele rápido ataque foi o suficiente para destruir mais da metade das construções daquele lugar.
O trio fora observado por outro zoufere que estava ao sul da praça, mas a ave transportava apenas um homem. Voando silenciosamente, o soldado observava a correria e o desespero dos cidadãos, alguns tolos corriam em direção à praça, outros iam para o nordeste, rumo à fronteira mais próxima. Contudo, algo chamou a sua atenção. Apenas duas pessoas estavam correndo para o sul, em direção à floresta. Ele resolvera investigar, sem fazer qualquer ruído, ele aterrissou a sua ave a alguns metros de Robus, antes que os dois jovens chegassem à floresta. Ele observou a menina, ela tirara alguma coisa de seu bolso, apesar de ter uma visão excelente, capaz de identificar rostos mesmo durante as noites sem luas, não conseguira ver o que ela havia posto no chão, até que ouviu um canto de pássaro. A menina começou a se aproximar da entrada da floresta quando foi impedida pelo outro jovem. Ele se aproximava furtivamente até onde estava o vulto de um garoto com rabo de cavalo e ouviu a conversa dos dois.
Curioso com a insistência dela e percebendo que o jovem conseguiria impedi-la de adentrar na floresta com o uso da força bruta, ele puxou uma pequena adaga e encostou-a nas costas do garoto e soltou algumas ameaças.
A menina começou a entrar na floresta, o ruivo cuspira em sua cara um pouco antes de seguir a garota, mas o soldado nem se importou, estava usando uma máscara, o garoto provavelmente não havia percebido. O soldado queria saber se ela era apenas uma louca ou se havia alguma maneira de que fosse possível sair de Robus com vida.
Se a dupla sobreviver as miesnys, aquele soldado iria descobrir.
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Isack, Iuri e Águia estavam na casa de Hugo. A residência do ancião fica na parte noroeste de Suigen. Os quatro membros do conselho estavam elaborando uma maneira de pedirem à capital alguns recursos extras para a província. Apenas Mel estava ausente daquela reunião, ela estava ocupada com a autópsia de Marie.
- Uma pequena parte do pescado de Heulwen poderia ser conduzidos até Suigen. Os peixes seriam transportados nas caixas de esteatito, com o gelo dos fazendeiros de Syd. Assim a carga não estragaria. – falava Iuri.
- Eu tive notícias que os mercadores não estão mais conseguindo o gelo. – interrompeu Águia. - Não é apenas pela guerra, já que esses boatos que eu ouvi foram anteriores a declaração.
- O que está havendo nas montanhas? – perguntou o ancião.
-Dizem que a população “dos baixos” (as províncias de menor altitude) está doente. Os poucos fazendeiros que restam estão evitando entrar em contato com os estrangeiros, os mais ousados estão aproveitando da situação e cobrando cinco vezes mais pel... – Águia fora interrompido pelo barulho de uma incessante batucada na porta.
Isack levantou-se e foi até a porta e abriu-a. Ele pode perceber uma grande agitação no lado de fora da casa, um dos garotos que faziam parte da turma que Hugo e ele estavam treinando entrou ofegante na casa e correu até onde estava o ancião.
- Mestre Hugo! Mestre Hugo! Suigen está sendo atacada! – o menino estava com os olhos esbugalhados. – Por aves... Aves gigantes que soltam flechas!
- cocozinho! – Águia deu um murro na mesa redonda. – São zouferes! Estão atacando Suigen com zouferes!
- O que são zouferes mestre Hugo? – o menino perguntou.
- Algo que não podemos derrotar. –Águia respondeu antes que Hugo falasse alguma coisa. - Onde está ocorrendo o ataque?
- Há três dessas coisas atacando a praça! Todos estão correndo para as fronteiras! – o garoto estava agitado de medo.
- Isack pegue todos os escudos de madeira que estão no arsenal. – Hugo ordenou – Iuri e Águia tragam aqui para frente as minhas duas carroças, os cavalos já estão preparados. Nós vamos tentar transportar o maior número possível de habitantes até Sonne. E Orgen... – o velho fitou o garoto. – Obrigado, você fez o certo, agora espere aqui.
Os três homens saíram correndo da casa de Hugo. Em pouquíssimo tempo pode-se ouvir o relinchar dos quatro cavalos do ancião. Isack havia feito três viagens até o arsenal de armas, no total conseguira trazer catorze escudos de madeira, além de três elmos. O velho, Orgen e Isack saíram da casa ao encontro de Iuri e Águia.
- Em cada carroça dá para levar doze pessoas. – Hugo disse. – Iuri e Águia, vocês irão conduzir os cavalos, peguem um escudo cada e amarrem em suas costas. Peguem também um elmo para se protegerem. Eu e Isack iremos por as pessoas, elas devem estar sentadas e encolhidas, para ocupar o menor espaço possível, entendido Isack?
- Certo. – Isack concordou.
-Alguns, de preferência os homens, irão segurar os escudos, os erguendo com os seus braços para o alto. – Hugo continuou. - Os escudos de madeira são grandes e fortes o suficiente para parar algumas flechas e proteger grande parte das pessoas a bordo. Iremos fazer esse percurso de ida-volta até que a área noroeste de Suigen seja completamente evacuada.
Duas viagens foram realizadas com sucesso, sem que nenhum zoufere os atacasse. Era difícil para Águia e Iuri conduzirem rapidamente aquelas carroças no meio daquela intensa correria. Mais difícil ainda era a volta, ter que negar espaço para as pessoas, pois a carroça havia lotado. Alguns moradores também copiaram a idéia de Hugo e estavam disponibilizando os seus meios de transporte. A fronteira de Sonne havia sido avisada do ataque, era possível observar homens em vários pontos altos da fronteira, em árvores, postos de observação e até em alguns telhados. Todos armados com os seus arcos, alguns possuíam uma lamparina á óleo acesa ao lado, para incendiar as suas flechas.
Quando estavam próximos da casa de Hugo para a terceira jornada, o grupo desistira de prosseguir.
Havia um zoufere atacando a casa do ancião, destruindo-a com as suas poderosas garras. As duas casas vizinhas estavam em chamas. As pessoas se empurravam para chegar até a carroça, elas se jogavam na caçamba, amontoando-se uma em cima das outras, dificultando o uso dos escudos e diminuindo a velocidade dos cavalos. Os dois grupos não haviam despertado a atenção do inimigo, que parecia que estava apenas preocupado em destruir as construções da província. Contudo, quando faltava um quilômetro até a fronteira, o zoufere havia os alcançado. As pessoas começaram a gritar. Águia e Iuri tentaram ziguezaguear, mas a carroça estava muito pesada, os cavalos não estavam suportando. Tentaram aumentar a velocidade, chicoteando com mais força os animais. Entretanto, o zoufere conseguiu agarrar uma das carroças.
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Robus era uma floresta imaculada. A copa das árvores ocultava quase que completamente o céu, deixando aqueles jovens imersos na escuridão.
Illie havia avançado alguns metros, quando se esbarrou em um corpo.
- Aconteceu alguma coisa com você? – era voz de Cael, ela começou a tatear-lo, procurando o seu rosto para que lhe calasse a boca. – Você demo...
-Eu não estou sozi... – antes que a menina pudesse completar a frase, ela sentiu Luke esbarrando-se em suas costas e os três caíram no chão.
- Desculpa Illie... – o ruivo disse enquanto tentava se levantar, contudo, ele sentiu uma terceira perna abaixo dele. – Quem está aí?!
Illie ficou tensa, estava suando frio. Ela levantou-se e tentou falar calmamente.
- Foi por isso que eu quis entrar na floresta... Um homem havia entrado, eu queria trazê-lo de volta, impedir de cometer uma loucura.
-Você não me engana! – o ruivo gritou. – Nenhum homem entrou nessa floresta, eu lhe segui até a entrada de Robus e eu não vi homem e nem vulto algum! Eu apenas ouvi o piar incessante de um passarinho, e no momento em que esse canto parou é que você começou a entrar na floresta, foi quando eu lhe puxei!
Ela não conseguia pensar em qualquer argumento.
- Me responda Illie, por que você veio para cá? – Luke havia abaixado o seu tom de voz, era notável que ele estava preocupado com a menina. Mas um grito e o barulho do chacoalhar das árvores interromperam a conversa dos dois.
A entrada da floresta fora levemente iluminada e eles puderam observar um corpo caído no chão. Mas rapidamente, alguma coisa gigantesca surgiu da terra e engolira aquele vulto.
- Miesnys... – o ruivo sussurrou, ele estava estupefato. –... Mas por que elas não nos engoliram? Nós passamos por ali...
Ele virou-se para onde havia caído e pode ver o vulto de Cael esparramado no chão, estava saindo um líquido de um dos braços do estranho.
- Ele está vivo? – Luke perguntou.
Illie agachou-se e tateou o chão até encontrar o corpo de Cael e checou o seu pulso.
- Sim.
Luke tirou uma de suas botas, e fez com que o cano apontasse para a saída da floresta. Ele tateou o chão até encontrar os pés de Illie.
-Vamos tentar dormir aqui. – Luke disse. – Não sabemos por quanto tempo irá durar o ataque e nem se aquele maldito já foi embora...
- Você tem razão...
Os dois deitaram-se e tentaram dormir. Os pinos passavam, mas era impossível para eles repousar. Não conseguiam dizer se ainda era dia ou noite, tinham que esperar que aquela fraca iluminação que fora provocada pela queda do corpo se intensificasse.
- Luke, tá acordado? – ela perguntou.
- Sim.
- Como você soube da morte da minha mãe?
Era um momento estranho para aquela pergunta, mas Luke não se importou e respondeu sem questioná-la.
- Eu os vi carregando um morto e indo para a casa da Mel enquanto que eu estava na praça. Também vi que você estava chorando...
-Ah... – ela suspirou.
-Por quê?
- Eu estou com medo de que eu tenha enlouquecido... – a voz dela era de quem tentava engolir o choro.
Luke virou-se para aonde estava Illie e ele apoiou a sua cabeça no cotovelo. O ruivo forçou ao máximo a sua visão e percebeu que Illie estava encolhida na posição fetal. Ele esticou o braço até aonde ele supôs que seria o cabelo dela, e começou a acariciar.
-Me desculpa por ter dito que você estava louca.
A menina virou-se para ele, aproximou-se ao máximo dele e ao abraçá-lo ela começou a chorar. O ruivo retribuiu, envolvendo-a fortemente em seus braços, afrouxando apenas quando ambos conseguiram pegar no sono.
Capítulo 9 - Chuva de crinas.
- Spoiler:
A ave agarrara a carroça que Iuri estava conduzindo. O moreno instantaneamente largou as rédeas e gritou para que todos pulassem. Os cavalos começaram a relinchar desesperadamente, balançando freneticamente as suas patas no ar. As pessoas pularam, mas algumas ficaram presas pelas garras do zoufere.
A criatura ainda segurava a carroça enquanto tentava alcançar Águia, que já estava a alguns metros da fronteira.
Os arqueiros de Sonne avistaram a gigante criatura e começaram a atirar as suas flechas em direção ao zoufere. A ave desistira da perseguição e soltara a carroça, provocando um grande estrondo quando os cavalos e a caçamba caíram no chão. O zoufere não contra-atacou os arqueiros, apenas voou em direção contrária.
Águia parara a carroça e disse para que as pessoas seguissem a pé os poucos metros que restavam até Sonne, pois iria socorrer os outros. Alguns que estavam na caçamba decidiram que iam ajudar.
Ele conduziu o até onde Iuri e os outros estavam deitados, com a ajuda de outros habitantes, carregaram os mais feridos até a caçamba.
-Consegue mover as suas pernas? – disse Erich para o colega.
Iuri tentou levantar-se, para que ao menos ficasse sentado, mas sentiu a dor fulminando por todo o seu corpo.
- Não consigo levantar nem o meu dedo mindinho. – suspirou o moreno com um ligeiro sorriso.
- E pelo visto, infelizmente as suas frases de efeito não foram abaladas pela queda.
- Eu demorei pra pular... – Iuri fez uma pequena pausa, estava um pouco confuso. -... Fui para a caçamba para ajudar Isack com os que estavam presos entre as garras daquele monstro.
- Então pare de falar, poupe as suas energias. Agora, irá sentir muita dor, vamos lhe por na carroça junto com os outros.
Águia e mais dois homens levantaram Iuri, que soltou um grito de dor. Eles o carregaram até a carroça, que continham mais quatro pessoas deitadas, inclusive Isack, todos estavam em um estado tão grave quanto o de Iuri. Outros que estavam menos feridos, com apenas alguns arranhões e membros torcidos, foram andando até Sonne, com o auxílio de alguns homens que ficaram para ajudar.
As casas próximas à fronteira estavam iluminadas e de portas abertas, com as mulheres esperando ao lado da entrada, chamando para cuidar dos feridos.
Águia, entretanto, seguiu mais adentro de Sonne, em direção ao centro, para levar aqueles em estado mais grave para a casa das mestras da província.
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Illie sentiu uma forte dor de cabeça quando abriu os olhos.
Ela não fazia idéia de quanto tempo passou desde que conseguira pegar no sono e muito menos se lembrava por qual razão estava dormindo no peito de Luke, com os braços do ruivo enlaçando levemente as suas costas. Ela cuidadosamente escorregou de seu abraço, ele não soltou som ou movimento algum. Ela virou-se para o outro lado e começou a tatear, sentiu uma pele nua, que provavelmente era de Cael.
Ela aproximou-se lentamente dele, tomando cuidado para que não encostar no braço ferido.
- Você está acordado? – ela sussurrou.
- Sim. Já é dia. - De alguma forma, a pequena fresta que foi aberta entre as supostas árvores se fechara. A fraquíssima iluminação da floresta continuava a mesma desde que entraram. Illie não entendia como Cael fazia essa afirmação com tamanha convicção.
- Já é seguro sair?
- Não sei lhe dizer e não posso verificar.
- Ele já consegue se levantar? – era a voz de Luke. Illie ficou tensa, ela achava que o ruivo estava dormindo.
- Sim. – Cael respondeu. – Mas espere um momento.
Illie desamarrou a calça que estava entrelaçando a sua cintura e colocou em cima do corpo de Cael. Apesar do breu, ela virou-se de costas.
Como de costume, ele demorou para se vestir, mas ninguém ousou soltar palavra alguma.
- Estou pronto.
- Como iremos sair? – perguntou a voz de Luke. – Há miesnys no caminho para a saída da floresta, nós as vimos comer um corpo que caiu dos céus.
- Elas não irão nos atacar. – Cael respondeu calmamente. – Se elas tanto quisessem, teriam o feito quando entraram. O perigo está fora da floresta.
- Mas o ataque já deve ter cessado. – disse Illie. – De qualquer modo, se avistarmos algum perigo, retornamos para a floresta.
- Nem sempre o perigo pode ser visto. De qualquer modo, você está certa. Vamos sair deste lugar.
- Mas para onde é a saída? Não vejo nada nesse breu.
- Illie, segure a minha mão. – respondeu Luke. – Eu sei para onde fica a saída, dê a sua mão para o estranho, a menos que ele queira que o deixemos nesse lugar.
Ela sentiu Cael tateando o seu braço em busca de sua mão. Quando a encontrou ele disse:
- Vamos.
Em poucas passadas o grupo saiu da floresta. Luke pode visualizar como Cael era, a pele extremamente alva e os cabelos negros, mas os seus olhos não conseguiam desviar do braço do moreno. Nunca vira um ferimento tão nojento quanto aquele, e por mais enjoado que se sentisse, não conseguia parar de olhar para o braço do sujeito.
- Qual é o seu nome? – Luke perguntou, sem olhar para os olhos de Cael.
- Cael.
- Luke, não é hora de apresentações. – Illie interrompeu-os. – Vamos ver onde estão as nossas famílias, se sobreviveram e se as nossas casas ainda estão de pé.
- Você está certa. – Luke estava impaciente, algo a respeito daquele homem não lhe fazia sentido e lhe dava estranhos arrepios. - Iremos então a caminho de Zestos, certo? Se os nossos parentes fugiram para as fronteiras, correram para o local mais próximo.
- Isack estava na casa do mestre Hugo quando o ataque começou. Provavelmente ele foi para Sonne.
-Sonne está a muitas passadas de onde estamos, irás demorar muito para chegar até lá. Vamos juntos até as nossas casas, se não tiverem descido até o sul da província, talvez ainda tenha restado algum potro para te emprestar.
-Obrigada Luke.
Cael ficara calado durante toda a conversa dos dois, observando-os atentamente.
-E ele? Irá nos acompanhar? – Era extremamente notável a implicância do ruivo.
- Se assim ele desejar. – respondeu Illie, ela virou-se para Cael e lhe dirigiu a palavra como se fosse um completo estranho. – Se a minha casa ainda estiver de pé e não tiver sido saqueada por oportunistas que se aproveitaram desse maldito infortúnio, posso fazer algo para amenizar a dor de seu braço.
- Ficarei agradecido. – disse-lhe Cael.
Lentamente, o trio dirigiu-se para as suas moradias. Pelo caminho, Illie percebia as sequelas do ataque. Algumas das poucas casas daquela região de Suigen tinham a parte de cima de suas construções foram extremamente danificadas, algumas completamente destruídas.
- Não é um feito de simples soldados ou mesmo saqueadores – comentou Luke. – Aliás, por que iriam saquear Suigen? É apenas um pedaço de terra quase tão infértil quanto um deserto, povoada por exilados, estrangeiros e fracassados.
Luke estava certo. Nem ao menos um nobre próprio Suigen possuía. O povo daquela província não se parecia com o povo de Utara. Qualquer um que pedisse refúgio naquela nação era enviado para aquele pedaço de terra, a doação de bens, terras e títulos e a renúncia da própria cultura era um preço a ser pago, e que a qualquer momento poderia ser elevado.
Quando chegaram, para a surpresa de ambos, a casa de ambos estava levemente danificada em seus andares superiores. A porta da casa de Luke estava aberta, foi para lá que o grupo foi primeiro.
- Jurt? – gritou Luke. – Suria?
Ele gritou várias vezes enquanto Illie e Cael o esperavam na porta até que o ruivo percebesse que a casa estava vazia.
- Eles devem ter fugido para Zestos. – disse com uma voz desanimada. – Eu vou checar se há algum cavalo no estábulo e prepara-lo.
- Vou fazer uma pasta para o Cael. – Illie respondeu. – E pegar o que ainda há de importante e itens para uma viagem. Temo que não haja como voltar para cá tão sendo.
- Por quê?
-A guerra, Luke... – ela fez uma breve pausa – A partida seria apenas daqui a alguns dias, mas creio que depois desse ataque, creio que irão nos obrigar a partirem hoje pela noite ou amanhã.
- A sim, a guerra... – ele estava falando baixo, mas era nítido o tom de zombaria. – Não irei lutar por uma nação ao qual eu não faço parte.
- Deixa de ser idiota, você nasceu aqui em Utara, em Suigen. A província foi atacada sem motivo algum e de uma hora pra outra.
-Mas eu não vejo razão em lutar por uma nação que nem ao menos explica o porquê de ter entrado em guerra com outra. – ele aproximou-se de Illie, elevou a sua voz e ignorou completamente a presença de Cael. - Eu não me pareço com um utarano. Você não se parece com uma utarana, metade de Suigen não tem uma semelhança física com esse povo. Podemos facilmente nos passar por um estrangeiro e sair desse lugar. Por que diabos você irá para essa luta?
- Eu não tenho mais para onde ir. – ela respondeu tristemente. – Mamãe se foi sem razões. Isack acha que a culpa é minha e no coração dele eu não sou mais a sua irmã. – ela tentava segurar o choro, não deixava cair uma lágrima, mas era visível o incrível esforço para tal. –Eu estou sozinha e sem razões para continuar... – ela foi interrompida por Luke
- E a guerra é um motivo?
- Não... – ela respondeu – não é motivo e nem razão. Mas é um caminho. Se eu morrer durante ou não, pouco me importa. Mas é o único caminho que eu encontrei agora. Eu posso encontrar outro durante ou no final, e encontrar um lugar, algo ou alguém. Mas se Isack desistir de mim – Illie não conseguiu mais segurar as lágrimas. - não quero mais voltar para Suigen.
Luke sentia-se culpado apesar de saber que não tinha culpa alguma de tudo o que acontecia na vida da garota. Sentia-se um idiota, porém ao mesmo tempo, estava completamente certo de suas opiniões. Ele entendia Illie, entendia o vazio da falta da razão que ela estava sentindo. Ele também não sabia a razão para que ele continuasse ali, naquele lugar quente.
Ele não a abraçou como da última vez, não conseguia. Limitou-se a mudar de assunto, a falar dos cavalos e de que achava melhor que o “estranho” fosse com ele até o estábulo enquanto que Illie fosse preparar a pasta e os suprimentos da viagem.
- Tudo bem. – ela disse enquanto esfregava as mãos em seu rosto, limpando as lágrimas.
O estábulo ficava alguns metros atrás da casa de Luke. Era pequeno, tinha baias para no máximo quatro cavalos, e ao fundo via-se o que um dia fora uma carroça, porém sem as suas rodas, cheia de feno. Havia apenas dois cavalos no recinto, cada um em sua baia. As outras duas estavam abertas.
“Eles devem ter fugido”, pensou Luke enquanto começava a preparar o segundo animal. “Mas por que diabos levaram dois cavalos? Suria não iria conseguir montar sozinha no estado em que se encontrava.”
- Há muita coisa estranha acontecendo por aqui. – ele pensou alto.
- O que você disse? – perguntou Cael, que estava parado próximo a porta do estábulo.
Luke ficou irritado, esquecera-se do estranho e essa era uma boa hora para fazer perguntas.
- Eu disse que há muita coisa estranha acontecendo por aqui. E você é uma delas. Illie também está esquisita. – Luke falou rispidamente, ele acabara de por os estribos junto a sela, o cavalo começou a ficar um pouco agitado, mas Luke lhe fez um carinho em sua cabeça, tranquilizando o animal. Ele saiu da baia e aproximou-se de Cael – Tem cor de gente do sul, mas um viajante vindo do sul teria centenas de vezes mais marcas de sol do que você apresenta. Não sei nem se você aguentaria uma viagem dessas com o braço que tem. Diga, por que tu não corta fora esse braço que não lhe é mais útil?
-Você se tornaria um eunuco se lhe dissessem que há como recuperá-lo?
Luke ficou em silêncio, a resposta era óbvia.
Capítulo 10 - Como a pele de uma cobra.
- Spoiler:
- Os dois homens acompanhavam Erich, um ao seu lado e o outro junto com os feridos. A estrela do verão já estava desaparecendo no horizonte, com isso Águia percebera que a noite já havia passado um pouco de sua metade. Ele conduzia a carroça dos feridos com cuidado, mas com rápida velocidade. Várias casas estavam iluminadas nesse período do sono, o que lhe ajudava muito durante o seu percurso. Percebia que os homens estavam em estado de alerta, e recordara-se da solidariedade das mulheres que moravam próximas à fronteira e que se dispusera a tratar dos feridos vizinhos.
“É incrível como os corações ficam mais calorosos na guerra” – ele dizia mentalmente para si. – “É só na luta que os nativos lembram que decidimos fazer parte desse povo.”
Ele estava intrigado com os acontecimentos da noite, acreditava que a convocação teria sido um plano de prevenção de Utara, em que se treina a população durante os momentos de tensão entre as nações, afim de que caso todas as tentativas de negociação falhem e seja inevitável uma guerra, teriam mulheres e homens qualificados para a luta.
A mestra do sul de Sonne estava do lado de fora de sua casa de cura, ainda trajada com as suas vestes de dormir. Ela sabia que era a ela que recorreriam em tal momento. Era mais jovem do que a velha Mel, e mesmo com a escuridão, percebia a pele morena e que a mulher ainda possuía várias mechas de cabelos negros, presos num coque bastante desalinhado e volumoso. Havia mais dois homens e três mulheres ao seu lado, todos morenos e também com suas vestes de dormir. Provavelmente eram moradores das casas vizinhas.
Águia e os dois homens desceram da carroça, as mulheres indicaram o local para transportar os feridos, e começaram imediatamente a leva-los, dos cinco, apenas Isack e outro jovem gritaram com a dor, os outros estavam inconscientes. A mestra chamara Águia para conversar enquanto os feridos eram levados para as camas.
- Pedi para que os homens trouxessem Moema para cá. – Moema era uma das mestras que ficava mais ao centro de Sonne. A voz da mulher era levemente grave, porém suave e bastante tranquila. – Quantos feridos são?
- Cinco. – Pensava na queda que Iuri e Isack sofreram, a ave estava voando um pouco baixo quando soltou a carroça, devia estar a uns cinco metros de altura.
- Fico feliz que foram tão poucos. Quando me avisaram, diziam que uma carroça lotada de pessoas fora atacada.
- E fora, porém os menos feridos já foram acolhidos pelas casas próximas à fronteira, e os mortos continuam em seus lugares, em breve irão queimá-los. Trouxe aqueles em estado grave.
- Fez bem. Não é por que passaram pela cerimônia que todas estão aptas a tratar de homens tão feridos ao ponto de que nem os deuses duvidam se é possível salvá-los... – ele ouviu e anuiu com a cabeça, ignorando as falações da mestra, os pensamentos a respeito do ataque tornaram a rodar pela sua mente, até que outro grito de Isack lhe tirara do transe.
-... Temo que não haja mais o que o senhor fazer. – ele a ouviu falar.
- Espero que consiga salvá-los. – ele respondeu.
- Mestra Cesy? – era um dos moradores. – Já levamos todos os feridos. – Águia percebeu que o outro morador e os dois homens que o ajudaram estavam do lado de fora da casa.
- Já olharam os olhos dos inconscientes?
- As mulheres disseram que todos estavam vivos.
- Graças aos deuses. – ela virou-se para Águia e despediu-se lhe dando algumas palavras de boa fortuna.
O homem virou-se para Erich, e lhe ofereceu abrigo para esta noite, porém, ele recusou, mas perguntou se o mesmo poderia ser oferecido para os seus dois conterrâneos, e lhes apontou o dedo para onde estavam. Águia estava cansado, mas tinha que resolver assuntos com Hugo que fora forçado a ficar em uma das casas próximas à fronteira enquanto que os outros trabalhavam no plano de retirada. A si mesmo, Águia jurou que estaria de volta à casa de Cesy ao amanhecer para ter notícias de Isack e Iuri.
- Foi o que eu pensei. – disse Cael calmamente. - De onde eu vim não lhe faz diferença alguma. Para onde eu vou também não lhe acrescenta em nada.
- Com um braço desses e sem ajuda, eu sei muito bem aonde você irá. – retrucou Luke. Ele virou-se de costas e foi até as baias e conduziu os animais para fora dela. – Vou levar o cavalo até a casa dela.
- Por que você preparou dois cavalos se ela irá usar apenas um? – Cael perguntou.
- Irei acompanha-la até Sonne. No caos em que a província se encontra, até os mais honestos podem se corromper por conta do desespero. Não é seguro que ela vá só. Ou apenas com um estranho incapacitado para que ela o tenha que defender.
Cael soltou um pequeno riso da piada de Luke. Forçou o seu passo para que o acompanhasse com os cavalos, sabia que se fosse seguir Illie naquela forma, provavelmente andaria na garupa da montaria de Luke. Seria uma viagem perigosa, não pelo seu ferimento e sim pela a astúcia do ruivo. Cael desconfiava que o jovem já suspeitasse de algo.
Poucas passadas após que se retirara do estábulo, Luke observou rastros de cavalos, um indo para Zestos, porém o outro indo em uma direção oposta, em direção à Sonne.
“Talvez ele tenha mandado o cavalo em direção oposta para distrair o inimigo...” - o ruivo pensou.
Em silêncio, em poucas passadas o grupo chegou à casa de Illie, o ruivo deu leves batidas na porta de madeira e falou alto de sua chegada com os cavalos. Ela pediu para que ele e Cael entrassem, mas Luke disse que não podia por conta dos cavalos, e perguntou se ela pudesse aplicar a pasta do lado de fora.
- Então esperem que eu vá passar a pasta para um pote limpo. – ela disse.
- Tudo bem. – o ruivo disse. – Deixe que apenas ele entre então.
Cael entrou na casa feita com pedras de Illie, e seguiu até onde sabia que era a cozinha. Sentia-se seguro de que Luke não poderia ouvir a conversa dos dois.
Ele sentou-se no local que ela o havia indicado. Ele observou a cozinha que estava infestada pelo odor da canela. Havia uma panela de ferro cheia daquela conhecida pasta, viu o mesmo pincel de antes e algumas bandagens em cima da mesa.
- Creio que não é melhor usar essas bandagens. – Cael lhe disse.
- Mas por quê? – ela perguntou enquanto retirava a água fervida e a jogava em alguns potes. – Não entendo. Em qualquer criatura, um ferimento grande e exposto como esse já lhe teria levado a morte. É muita sorte você não ter tido febre em momento algum. Essas erupções também indicam que há algo de errado, de que algo entrou em seu ferimento e que lhe está fazendo mal.
- Não é um ferimento comum, é algo que nenhuma criatura além do que eu sou terá. O problema das bandagens não é quando se coloca ou quando se está utilizando, e sim na hora da retirada para a limpeza. – ele explicava calmamente, achava estranho por estar dividindo esse conhecimento com uma humana, mas ela era a única que poderia contar no momento. – Essa crosta que envolve todo o meu braço é extremamente fina, um pequeno impacto, puxada e movimento pode rompê-la. Apesar de ser uma regeneração extremamente rápida, contudo, é extremamente dolorosa. Uma dor que pode deixar inconsciente até o mais forte dos homens...
Ela lembrou-se da pequena queda que os três tiveram em Robus, em que Cael desmaiou logo em seguida.
-... Apesar de aparentar ser um ferimento comum, como aqueles que vários humanos o colecionam durante a sua infância, ele nunca se regenera por completo. Em alguns meses, a própria crosta, como se fosse uma pele de cobra, se desfaz do meu braço de uma só vez durante alguns dias, e como se o meu corpo soubesse, nesses tempos a crosta não se regenera até que a antiga tenha saído por completo. Durante esse período, o meu braço sangra sem parar, mas não me sinto fraco como seria o normal para qualquer criatura. O perigo é para quem estar ao redor, pois uma grande quantidade de sangue como esta atrai muitos animais. É a minha melhor época, eu não sinto a dor. Mas quando a termina, é a pior, pois o meu braço se regenera todo de uma só vez. Percebi que o que traz a dor é essa recuperação, que ocorre constantemente e você pode perceber ela ocorrendo pelas estranhas erupções e certo fedor que exala de meu braço.
Ela ouvia o relato de Cael com extrema atenção, se antes já se comovera com a dor que o moreno apresentava, agora não conseguia nem ao menos imaginar como realmente ela seria. Não sabia há quanto tempo ele a possuía e tão pouco ousava perguntar, mas pensava como teria sido os primeiros dias. Em seu lado obscuro, estava feliz de saber que jamais um ser humano poderia ser pego por esse sofrimento interminável.
- E se retirarmos os curativos antes do efeito da pasta terminar? – ela perguntou. – E colocarmos ainda mais em seguida, enquanto limpo as bandagens?
- Há algo a mais de especial nessa pasta, não há? – ele desviou-se das perguntas.
- Como assim?
-Lembra que antes eu lhe disse que nada iria funcionar em mim? Também fiquei surpreso quando não senti mais dor quando me aplicou essa mistura, que parece ser feita com simples ervas.
- Mas são simples ervas. – Illie disse enquanto lhe passava as ervas com o pincel, pensando nos ingredientes que usava. “Camomila, canela, hera, alecrim, azedinha e aláide.” ela refletiu mais um pouco “Aláide... talvez seja algo que ele não conheça? Mas foi trazido e plantado em Utara há tanto tempo, creio que há séculos... “ ela ficou intrigada, olhou para o rosto de Cael, ele era muito jovem para ter alguns séculos. – O importante é que fazem efeito, certo?
- Vamos tentar a sua ideia. – Cael disse. – A das bandagens.
- Espero que dê tudo certo. – ela disse com leve sorriso, e começou a cobrir levemente o braço de Cael com as ataduras.
Capítulo 11 - As cordas do violão arrebentaram.
- Spoiler:
Os cavalos estavam exaustos, mas podiam suportar mais uma pequena caminhada. Águia retirou o que aparentava estar menos cansado da carroça e o montou, dizendo que estaria de volta pelo dia de amanhã, talvez antes do almoço.
Ele trotava devagar, não para poupar o cavalo, mas para que o barulho do galope não atrapalhasse os seus pensamentos, e como se não controlasse a sua própria mente, já estava mergulhado na nostalgia, nos seus tempos antes de se mudar para Suigen. A tristeza que sentiu quando foi forçado a ir para Utara pela sua família e na emoção quando voo pela primeira vez em um zoufere. Foi nessa época que lhe deram o apelido de Águia e conheceu aqueles que teriam sido os seus melhores amigos por toda a sua vida...
- Teriam sido... – ele deixou escapar.
No restante do caminho ele esvaziou a sua mente e preocupou-se apenas em chegar ao local. O homem da casa estava do lado de fora com um garoto que deveria ser o seu filho mais velho. Águia apresentou-se e perguntou sobre Hugo e imediatamente o chefe da família o convidou para que entrasse, disse que o ancião estava esperando-o no quarto de hóspedes e que a mulher tinha preparado pasta para caso algum ferido chegasse, perguntou se sentia fome e ofereceu o que sobrara da sopa do jantar. Águia recusou gentilmente e agradeceu pela hospitalidade, por ter abrigado o mestre dos meninos de Suigen em um momento tão crítico.
- Somos todos da mesma nação. – ele respondeu dando duas leves batidas no peito.
- Sim, somos todos da mesma nação. – Águia repetiu as palavras e o gesto.
O homem o levou até o quarto onde Hugo estava, e lhe perguntou se queria passar a noite, pois ainda tinham mais um quarto vago. Erich aceitou o convite e lhe disse que ficaria pouco tempo, apenas até o amanhecer.
- Peço perdão pelo o abuso de sua hospitalidade, mas há algum local para que o cavalo que eu vim possa descansar?
- Há um pequeno estábulo aqui perto, creio que há alguma baia sobrando. Pedirei ao meu filho que leve o seu cavalo até lá.
- Obrigado.
O homem retirou-se, deixando Águia e Hugo a sós. Erich lhe deu os detalhes da situação, nomes daqueles que ele tinha certeza de que estavam mortos e do estado de saúde de Iuri e Isack. Porém, preferiu não lhe contar sobre as suas suspeitas.
- Cesy é muito boa no que faz, as suas vidas estão seguras. – O velho respondeu tristemente. – A velhice é o pior dos destinos Erich, uma pena que para isso não se tem ervas.
Águia entendia o que o ancião dizia. Sabia que para um guerreiro é preferível morrer jovem em uma batalha a com muitas flores em uma cama que fede a própria urina.
- Tem alguma ideia por que nos atacaram mestre? – ele perguntou inocentemente, apesar de já ter a suas próprias conclusões.
- É inesperado e vulnerável. – Hugo respondeu. – Afinal, por que iriam querer atacar Suigen? E quem iria pensar em protegê-la?
Águia não queria responder essa pergunta, deixou que o silêncio simplesmente decretasse o fim da conversa dos dois e despediu-se, indo para o quarto que lhe foi oferecido.
-----------------------------------------------------------------------------------
- Está pronto. – ela disse.
-Obrigado.
Ela colocou o que sobrara da pasta em um pote e o guardou em uma bolsa, que continha alguns dos outros ingredientes para pasta e alguns capins-de-sangue para si. Podia encontrar em qualquer lugar, dizem que cresce até sob a neve das províncias mais altas de Syd, mas queria prevenir-se, não poderia ficar um dia sem o seu chá ou o seu sangue desceria por alguns dias.
Illie lembrou-se de sua mãe, hoje seria o dia que o seu corpo seria queimado. Queria vê-la mais uma vez, saber o motivo de sua morte, mas não sabia se a mestra Mel continuava na província ou se tinha fugido na hora do ataque.
Ela guardou mais alguns itens em sua bolsa e saiu da cozinha, com Cael lhe seguindo. Ficou surpresa ao ver que Luke estava em pé no meio da sala.
-Eu achei um jeito de amarrar os cavalos lá fora – ele olhava para Cael enquanto falava com Illie
- Já pegou tudo?
- Sim, eu irei para a praça antes.
- Sua mãe, não é? – ele virou-se para ela e viu que Illie assentiu com a cabeça. – Eu irei junto com você, também vou acompanha-la até Sonne.
- Obrigada Luke.
-Ele irá conosco? – o ruivo perguntou.
- Sim, ele irá. – ela respondeu.
- Está bem melhor de encara-lo com essas ataduras. – Luke disse. – Ele irá na minha garupa, então.
Cael não protestou, não sabia se Luke estava lá há muito tempo e se o ruivo tivesse ouvido a conversa que teve com Illie, seria uma chance para descobrir. Julgou que se o garoto soubesse de algo, por aparentar ser impulsivo, talvez falasse.
- Irei pegar alguma blusa para ele no quarto de Isack. – ela disse. – Esperem um momento.
A menina subiu as escadas, deixando os dois homens só por um tempo. Luke não falou nada, apenas encarava Cael, que lhe retribuía o olhar.
- Pronto. – ela disse entregando a Cael uma túnica de algodão branca, e o ajudou a se vestir. – Vamos?
- Sim. – respondeu Luke.
Os três saíram da casa. Luke libertou os cavalos e pediu para que o segurassem um pouco, enquanto colocava a bolsa de Illie no lugar do alforje de seu cavalo. Eles montaram nos animais, e ao contrário do que ela esperava, Cael montou no equino sem muita dificuldade e sem aparentar qualquer dor. Eles foram em um trote mais lento por conta de Cael, até que o moreno lhes disse que se quisessem, poderiam cavalgar em uma maior velocidade. Quanto mais se aproximavam da praça, percebiam que maior era o rastro de destruição. Viram várias pessoas mortas com flechadas e casas que tombaram de cima a baixo. Quando finalmente chegaram, os stands de comércio foram completamente queimados, viram que todos os postes de iluminação a óleo foram derrubados e que praticamente todas as casas foram destruídas. Illie pediu para que a esperassem e foi mais a frente, a casa de Mel ficava em um beco, alguns metros atrás do comércio. Enquanto se aproximava, percebeu que toda aquela área estava queimada, o que lhe deu um aperto no coração. O local que o corpo da sua mãe fora deixado continha muitas garrafas de fortes aguardentes e vinhos. Quando chegou aonde seria a casa de Mel, apenas viu um monte de escombros de pedra e cinzas, imaginou que um grande fogo tivesse surgido dentro do local e destruído toda a sustentação da casa, queimando o corpo de sua mãe e quem sabe a própria Mel. As lágrimas começaram a rolar no rosto de Illie, agora jamais saberia o que levou a sua mãe.
Luke ouviu os soluços de Illie, sabia o que isso significava e não se aproximou, deu um momento para que a garota ficasse sozinha. Passou-se um pequeno tempo até que ele e Cael ouviram um grito de mulher e um relinchar assustado, o ruivo aproximou-se e viu que um moribundo estava apontando desajeitadamente uma flecha para Illie, encurralando-a no beco. Quando o estranho viu que Luke estava aproximando-se rapidamente dele com o seu cavalo, com medo de ser esmagado tentou desesperadamente soltar a flecha em sua direção, mas ela não deslocou um centímetro, caindo pateticamente ao seu lado, o que fez o homem largar o arco no chão e correr desesperadamente para o outro lado.
- Você está bem? – Luke perguntou, aproximando-se.
Ela apenas assentiu, estava com a cara inchada do choro.
- Me desculpe... eu não estava prestando atenção, não deveria ter vindo até aqui sozinha. – ela falava baixinho e com dificuldade.
- Está tudo bem. Eu que não deveria ter deixado você vir até aqui sozinha. – o ruivo respondeu, ele descera do cavalo e pegou o arco do moribundo. Cael como de costume, apenas observava. – Se formos direto, teremos que entrar no bosque quando chegarmos perto da tríplice fronteira. Vamos contornar a praça e voltar pelo lado de Zestos, é em campo aberto, passaremos novamente pelas nossas casas. Será bem mais longo o caminho, porém será mais seguro.
A menina assentiu e esperou que Luke subisse no cavalo para então segui-lo.
Cavalgaram em silêncio, mas as lágrimas de Illie rolaram durante todo o caminho. Quando estavam descendo pelo sul no lado de Zestos, viram alguns mortos. Um odor fétido infestava o local, ela percebeu que o cavalo que estava montando estava irritado ou talvez com medo. Eles passaram por uma mulher de longos cabelos castanho claro, morta, com um grande furo em suas costas, ensanguentando as suas madeixas. Ela estava deitada de bruços, como se segurasse algo. Luke parou o seu cavalo de repente. Desesperado, ele desceu de seu animal e saiu correndo para onde se encontrava um cavalo morto, Illie aproximou-se, o cavalo possuía enormes buracos no seu estômago, como se tivesse sido perfurado por garras gigantes. O ruivo estava um pouco mais a frente, estava ajoelhado e dava incessáveis socos no chão enquanto gritava. De longe, ela viu os cabelos longos e dourados, o corpo do irmão mais velho de Luke, Jurt, completamente retorcido, como se tivesse caído de uma grande altura.
Ela desceu do cavalo e aproximou-se do amigo, que continuava a chorar e gritar. Agachou-se do lado dele, não disse palavra alguma, estava chorando também e apenas o abraçou. O ruivo afundou o seu rosto no colo dela e continuou a chorar.
Última edição por Yoru em Sex Mar 02, 2012 9:15 pm, editado 6 vez(es)
Yoru- Mensagens : 28
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Gostei muito da Fic. Quanta criatividade amr. Parabéns.
BÔNUS
Bom, aqui é aonde eu irei por os capítulos "BÔNUS".
São detalhes importantes do universo da fic, mas que não contribuem para o andamento da história. Digamos que são algumas "curiosidades".
[BÔNUS] - Zouferes
São detalhes importantes do universo da fic, mas que não contribuem para o andamento da história. Digamos que são algumas "curiosidades".
[BÔNUS] - Zouferes
- Spoiler:
- Zoufere
Descrição:
Podendo atingir até os 3,5 m de altura, e 10 metros de envergadura (extensão das asas distendidas de uma ave.), o zoufere, é a maior ave voadora no mundo de Erde.
Esses animais possuem bicos recurvados, olhos grandes e garras extremamente fortes, além de penas especiais que são extremamente macias, possibilitando ao zoufere um vôo silencioso.
A cor de suas penas variam conforme a intensidade de luz. Na ausência, possuem uma coloração completamente negra. No entanto, conforme vai aumentando a quantidade de luz que é absorvida, as penas adquirem uma coloração azulada, possibilitando a essas aves camuflarem-se no céu.
Um zoufere, pode viver em média, cerca de 160 anos. Entretanto, cada fêmea dessa espécie, põem aproximadamente quatro ovos durante toda a sua vida. O tempo de incubação dura cerca de dois anos.
História:
É uma espécie de ave extremamente rara, e até os tempos antigos em que Utara e Ost eram uma única região, os seres humanos não possuíam conhecimento sobre a sua existência. Poucos anos antes da separação, foram encontrados dois casais de zoufere, extremamente feridos, entre as províncias de Severna e Nishi, nas terras do grande vulcão Valos. Essas aves foram levadas até a corte real da época, receberam tratamento médico e foram estudadas.
Entretanto, quando ocorreu a separação pacífica da região, dando origem às nações de Utara e Ost, cada casal de zoufere ficou em uma região.
Quando ocorreu a procriação da espécie, os filhotes passaram por um processo de domesticação, para que então servissem de montaria da guarda especial.
Curiosidades:
– Observa-se que essas aves, mesmo depois de séculos de adestramento, não sobrevoam a região de Robus, nem o mar ou mesmo ultrapassam as montanhas de Syd. Se o montador estiver guiando o seu zoufere até essas zonas, mesmo que a ave esteja com os seus olhos vendados, aos se encontrar a alguns metros dessa área, o zoufere aterrissa e se vira para uma direção contrária, recusando-se a voar a região.
– Os zouferes são aves onívoras, que apesar do seu tamanho, necessitam de pouco alimento e água.
– São aves monogâmicas.
Última edição por Yoru em Seg Dez 12, 2011 1:12 pm, editado 1 vez(es)
Yoru- Mensagens : 28
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Yoru, adorei a tua fic!
O pássaro se transformou no homem? 0_0
Quero saber se Illie será escolha para a guerra hsuhsusa
Adorei a fic, e estou anciosa para o próximo capítulo
O pássaro se transformou no homem? 0_0
Quero saber se Illie será escolha para a guerra hsuhsusa
Adorei a fic, e estou anciosa para o próximo capítulo
Eloo- Admin
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Eloo escreveu:Yoru, adorei a tua fic!
O pássaro se transformou no homem? 0_0
Quero saber se Illie será escolha para a guerra hsuhsusa
Adorei a fic, e estou anciosa para o próximo capítulo
Muito obrigada ^^
Não sei, será que Cael é ? Veremos !
Bom, como a dona Marie disse, é bem provável que Illie seja escolhida mesmo :/
Btw, acabei de adicionar o quinto capítulo ^^
Yoru- Mensagens : 28
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Cael matou a mãe deles?
Eu acho que Cael é pássaro, sei lá, mas acho ashuashus
Yoru, adorei o capítulo *-*
Anciosa para o próximo!
Eu acho que Cael é pássaro, sei lá, mas acho ashuashus
Yoru, adorei o capítulo *-*
Anciosa para o próximo!
Eloo- Admin
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Eloo escreveu:Cael matou a mãe deles?
Eu acho que Cael é pássaro, sei lá, mas acho ashuashus
Yoru, adorei o capítulo *-*
Anciosa para o próximo!
Não sei, será?!
Também, a menina deixa um completo estranho entrar em casa, é bem provável mesmo que ele tenha matado a Marie D:< .
Tu não acha muito absurdo não ele ser um pássaro? Hmmmn, bom, veremos nos próximos capítulos, em poucos dias postarei o sexto ;D
Muito obrigada *-* !
Yoru- Mensagens : 28
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Yoru escreveu:Eloo escreveu:Cael matou a mãe deles?
Eu acho que Cael é pássaro, sei lá, mas acho ashuashus
Yoru, adorei o capítulo *-*
Anciosa para o próximo!
Não sei, será?!
Também, a menina deixa um completo estranho entrar em casa, é bem provável mesmo que ele tenha matado a Marie D:< .
Tu não acha muito absurdo não ele ser um pássaro? Hmmmn, bom, veremos nos próximos capítulos, em poucos dias postarei o sexto ;D
Muito obrigada *-* !
Não é muita coincidência, Cael tem o mesmo braço machucado, o pássaro também, na noite, tinha uma pena preta... Estranho né? ashuashasu
Ebaaa *-*
Eloo- Admin
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Eloo escreveu:
Não é muita coincidência, Cael tem o mesmo braço machucado, o pássaro também, na noite, tinha uma pena preta... Estranho né? ashuashasu
Ebaaa *-*
Bom, veremos!
É só checar o mais novo capítulo, o 6 que eu acabei de publicar ;D
Será que a sua teoria será comprovada?
É só lendo para saber ~
Yoru- Mensagens : 28
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
KKKKKKKKK
Adorei o capítulo, Yoru.
Ebaaa aceitei, Cael e o pássaro são a mesma pessoa kkk#TáParei
Enfim, trágica a morte da mãe deles.
To louca para o próximo capítulo!!
Amando a fic, Yoru *-*
Adorei o capítulo, Yoru.
Ebaaa aceitei, Cael e o pássaro são a mesma pessoa kkk#TáParei
Enfim, trágica a morte da mãe deles.
To louca para o próximo capítulo!!
Amando a fic, Yoru *-*
Eloo- Admin
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Eloo escreveu:KKKKKKKKK
Adorei o capítulo, Yoru.
Ebaaa acertei, Cael e o pássaro são a mesma pessoa kkk#TáParei
Enfim, trágica a morte da mãe deles.
To louca para o próximo capítulo!!
Amando a fic, Yoru *-*
Obrigada *-* !
OAIEOAIODSIODASE, eu quis deixar absurdamente óbvio, mas sem ser direta, pra dar aquele ar de ~ mistério fácil ~.
Verdade, bastante trágica, agora só falta saber se foi natural, assassinato ou suicídio. E torcer para que o Cael não esteja envolvido na morte da Marie :\ .
Ai que bom que está amando *-* !
Vai demorar até o próximo capítulo, provas finais da faculdade e tal D: .
Mas creio que o capítulo 7 será surpreendente. (Ou não.)
:***
Yoru- Mensagens : 28
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Yoru escreveu:
Obrigada *-* !
OAIEOAIODSIODASE, eu quis deixar absurdamente óbvio, mas sem ser direta, pra dar aquele ar de ~ mistério fácil ~.
Verdade, bastante trágica, agora só falta saber se foi natural, assassinato ou suicídio. E torcer para que o Cael não esteja envolvido na morte da Marie :\ .
Ai que bom que está amando *-* !
Vai demorar até o próximo capítulo, provas finais da faculdade e tal D: .
Mas creio que o capítulo 7 será surpreendente. (Ou não.)
:***
Pra mim foi suicídio '-' kkkkk
Ah, ok, boa sorte nas provas.
Última edição por Eloo em Qua Nov 30, 2011 9:57 am, editado 1 vez(es)
Eloo- Admin
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Eloo escreveu:
Pra mim foi suicídio '-' kkkkk
Ah, ok, bos sorte nas provas.
Será, será?
Obrigada <3.
Yoru- Mensagens : 28
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Yoru escreveu:Eloo escreveu:
Pra mim foi suicídio '-' kkkkk
Ah, ok, boa sorte nas provas.
Será, será?
Obrigada <3.
Acho que sim, ela não queria que seus filhos fossem escolhidos, e já sabendo que eles iriam, se suicídou '-' #ElooSherlokHolmes KKKKKKKKKKK
(:
Eloo- Admin
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Eloo escreveu:Yoru escreveu:Eloo escreveu:
Pra mim foi suicídio '-' kkkkk
Ah, ok, boa sorte nas provas.
Será, será?
Obrigada <3.
Acho que sim, ela não queria que seus filhos fossem escolhidos, e já sabendo que eles iriam, se suicídou '-' #ElooSherlokHolmes KKKKKKKKKKK
(:
É uma excelente teoria. Mas não sei, sabemos muito pouco sobre a personalidade da Marie, daí fica difícil dizer que seria algo que ela faria...
~ É só esperar pelo 7º capítulo ~
Sinto que a Eloo é a única que lê a minha fic <3
Yoru- Mensagens : 28
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Yoru escreveu:
É uma excelente teoria. Mas não sei, sabemos muito pouco sobre a personalidade da Marie, daí fica difícil dizer que seria algo que ela faria...
~ É só esperar pelo 7º capítulo ~
Sinto que a Eloo é a única que lê a minha fic <3
Bom, é verdade, pode ser suicídio, ou morte natural, acho que Cael não teria matado ele, mas também, pouco sei sobre ele ashuashasuas
Anciosa pelo capítulo sete kkkk
Que nada, o povo lê sim
Eloo- Admin
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Eloo escreveu:Yoru escreveu:
É uma excelente teoria. Mas não sei, sabemos muito pouco sobre a personalidade da Marie, daí fica difícil dizer que seria algo que ela faria...
~ É só esperar pelo 7º capítulo ~
Sinto que a Eloo é a única que lê a minha fic <3
Bom, é verdade, pode ser suicídio, ou morte natural, acho que Cael não teria matado ele, mas também, pouco sei sobre ele ashuashasuas
Anciosa pelo capítulo sete kkkk
Que nada, o povo lê sim
Queria acreditar, #drama'squeen
Saiu o capítulo 7 \o/ !
Yoru- Mensagens : 28
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Yoru, eu PRECISO de mais capítulo! *-----------*
Ta ficando cada vez melhor a fic *-*
Meldeus, que soldado é esse? o.O
Sério, o capítulo ficou ótimo!
Quando tem mais? *------*
Ta ficando cada vez melhor a fic *-*
Meldeus, que soldado é esse? o.O
Sério, o capítulo ficou ótimo!
Quando tem mais? *------*
Eloo- Admin
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Eloo escreveu:Yoru, eu PRECISO de mais capítulo! *-----------*
Ta ficando cada vez melhor a fic *-*
Meldeus, que soldado é esse? o.O
Sério, o capítulo ficou ótimo!
Quando tem mais? *------*
*-* Obrigada minha leitora única !
Acho que é um soldado que veio montado naqueles pássaros gigantes .
Muito obrigada! Achei que ele havia ficado grande demais
Irá demorar, eu tive um sério bloqueio mental com esse capítulo, mas creio que agora que a verdadeira aventura irá começar \o.
Yoru- Mensagens : 28
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Yoru escreveu:
*-* Obrigada minha leitora única !
Acho que é um soldado que veio montado naqueles pássaros gigantes .
Muito obrigada! Achei que ele havia ficado grande demais
Irá demorar, eu tive um sério bloqueio mental com esse capítulo, mas creio que agora que a verdadeira aventura irá começar \o.
(:
Então ele é do mal? o.0
Nem fico *-*
Aaaahh
Também acho kkkk
(:
Eloo- Admin
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Eloo escreveu:Yoru escreveu:
*-* Obrigada minha leitora única !
Acho que é um soldado que veio montado naqueles pássaros gigantes .
Muito obrigada! Achei que ele havia ficado grande demais
Irá demorar, eu tive um sério bloqueio mental com esse capítulo, mas creio que agora que a verdadeira aventura irá começar \o.
(:
Então ele é do mal? o.0
Nem fico *-*
Aaaahh
Também acho kkkk
(:
Sim, é do mal D:
Eu que escrevi mal então, aqueles pássaros podem servir como montaria. Suigen não estava sofrendo ataque apenas dos pássaros gigantes. No próximo capítulo irei escrever sobre isso, ele irá contar sobre a devastação dessa província.
*-* obrigada ~
Yoru- Mensagens : 28
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Yoru escreveu:
Sim, é do mal D:
Eu que escrevi mal então, aqueles pássaros podem servir como montaria. Suigen não estava sofrendo ataque apenas dos pássaros gigantes. No próximo capítulo irei escrever sobre isso, ele irá contar sobre a devastação dessa província.
*-* obrigada ~
Ah, entendi kkkkk
Louca para o próximo capítulo *---*
Eloo- Admin
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Re: Erde - Capítulo 11 [ATUALIZADO 02/03/2012].
Será que agora tá dando para postar '-' ?
Não tava conseguindo antes D:< enfim...
No outro local que eu estou publicando a minha fic, os leitores pediram a descrição do Luke, ao qual eu já atualizei nesse capítulo.
Aos leitores que leram o Capítulo 7 sem a descrição do Luke, estou postando aqui o trecho que falo sobre ele.
Não tava conseguindo antes D:< enfim...
No outro local que eu estou publicando a minha fic, os leitores pediram a descrição do Luke, ao qual eu já atualizei nesse capítulo.
Aos leitores que leram o Capítulo 7 sem a descrição do Luke, estou postando aqui o trecho que falo sobre ele.
Ela continuou observando Jurt e seu violão. Cael havia se levantado e também estava olhando para aquele aspirante a bardo, mas Illie não o percebeu. Pouco tempo depois Luke apareceu e falou com Jurt, que para surpresa de Illie e Cael, saiu em disparada para dentro da casa, esquecendo-se do violão. O caçula sentou-se na pedra, e ficou observando o céu. Apenas Illie continuava olhando através da janela.
Apesar de serem vizinhos, Illie não o via desde que ambos começaram os seus estudos da maioridade.O amigo havia crescido bastante, estava mais alto que Jurt, possuía cerca de 1,90m. Mesmo com pouca luz, a menina podia perceber a pele branca e cheia de pontinhos do vizinho. O cabelo cor de fogo, que antes era bem curtinho e ralo, mas com uma franja toda desalinhada e bagunçada, agora estava mais cheio e comprido, o rapaz usava um pequeno rabo de cavalo, havia algumas mechas soltas e a mesma franja que usava quando criança. Antes o menino era extremamente magricela e esguio, mas agora possuía alguns músculos, provavelmente resultado dos treinamentos do senhor Hugo. Isack contara que Luke ainda não começara nenhum dos desafios, que ele não se preocupava muito em aprender a lutar, apesar de possuir aptidões para arquearia, além de uma mente extremamente calculista que, de acordo com Isack, era desperdiçada em “mirabolantes planos de fuga das aulas”.
Luke percebeu que ela estava o observando. Sem que a menina soubesse, depois de tudo que aconteceu nesses pouquíssimos dias, o coração dele pode aliviar-se com uma improvável felicidade.
Yoru- Mensagens : 28
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