Novas Paixões

Até que a viagem passou depressa, o avião pousou direto no aeroporto de São Paulo sem fazer escalas. Aguardei pela minha bagagem nas esteiras do desembarque e assim que peguei minhas malas, passei pela porta de vidro e logo avistei meu irmão Henrique acompanhado de uma moça.

Como meu irmão estava lindo! Ele sempre foi um moço que chamava atenção das meninas quando éramos mais jovens, só que agora ele parecia um homem feito, todo musculoso, com o cabelo loiro e um pouco cumprido, caindo por cima de seus lindos olhos azuis. A moça que o acompanhava também era muito bonita, morena dos cabelos negros e longos. Tinha olhos verdes e uma expressão muito calma. O Ric havia comentado comigo que estava namorando com ela, a Giovanna. Eles formavam um belo casal!

Pensei se algum dia formaria novamente com alguém um casal assim também, mas logo descartei essa idéia. Deus, como poderia pensar em homens novamente depois e tudo que aconteceu comigo?!

- Que saudade de você magrela! Espero que esteja bem... – Disse meu irmão com tom de preocupação e logo veio me abraçar.

- Acho que magrela não é o apelido ideal pra mim nesse momento, mas vou levar isso como uma maneira carinhosa de me chamar. – Disse abraçando meu irmão. - E eu estou bem, na verdade estou ótima, porque não estaria?! – Perguntei com implicância. Será que as pessoas iam insistir em falar sobre o rompimento do meu noivado por causa da traição cruel que levei do Enzo?! Afff...

- Não ligue para o que seu irmão diz – Disse Giovanna antes de me abraçar. – Primeiramente você está linda e muito bem. Não sei de onde ele tirou esse apelido de magrela e essa idéia de que não estaria bem.

- O apelido vem desde a infância! – Brincou Ric. – E sobre o que eu ia perguntar, me desculpe. Não está mais aqui quem falou, mas saiba que eu ainda mato aquele filho da mãe! – Ameaçou ele.

- Ric, vamos virar a página e esquecer esse assunto. Vamos fazer de conta que isso nunca aconteceu e que esse sujeito nunca fez parte da minha vida. Não quero ouvir nunca mais ninguém comentar sobre “ele”, ok? – Disse determinada em acabar com qualquer fantasma do passado que me fizesse lembrar do Enzo.

Eu já estava determinada em esquecê-lo e de seguir minha vida adiante sem ele. Era preciso colocar um ponto final nisso tudo para que as pessoas realmente pudessem entender.

- Já entendi Carol, não está mais aqui quem falou. Me perdoe irmã. – Desculpou-se Ric.

- Tudo certo Ric. Mas agora eu quero conhecer minha nova casa, meu quarto e as novas possibilidades de viver e trabalhar nessa maravilhosa cidade! – Disse entrando no carro e tentando parecer mais entusiasmada.

- Vamos sim Carol! Espero que você goste da casa, separamos o antigo quarto do Henrique pra você. – Contou-me Giovanna.

- Não vá me dizer que você mudou de quarto só por minha causa Henrique! Eu avisei que não queria causar tumulto na sua rotina, pois eu vim pra cá... - Interrompeu-me meu irmão:

- Calma, calma aí Carol. Na casa tem três quartos. Quando me mudei pra lá, fiquei primeiramente nesse quarto, que hoje é o seu. Mas depois que eu e a Gi afirmamos um relacionamento mais sério, passei a dividir o quarto da suíte com ela. Agora, meu antigo quarto passou a ser seu, e no outro quarto de solteiro fica o meu cunhado Murilo, irmão da Gi. – Explicou Henrique.

- E você pode ficar à vontade porque a partir de agora a casa é sua também. No início, tínhamos uma relação de estudantes que dividiam o aluguel da mesma casa, na verdade foi por esse motivo que meu irmão convidou o Ric pra morar conosco. Mas depois, nos tornamos uma família de verdade e eu realmente espero que se sinta bem vivendo conosco. – Falou Gi com muita sinceridade.

- E eu agradeço do fundo do meu coração por essa oportunidade que vocês estão me dando, gente! Obrigada mesmo! – Disse muito agradecida pela recepção que recebi de meu irmão e de minha cunhada.

O trajeto do aeroporto até a minha nova casa não demorou muito. Era um bairro mais residencial e bem próximo à faculdade onde eles estudavam.

- Chegamos! – Avisou-me Giovanna.
Olhei para a casa e para a redondeza. Havia somente uma cafeteria na esquina e várias casas que enchiam o quarteirão. A maioria delas eram sobrados, assim como o meu novo lar.

- A casa é ótima! Tenho certeza de que vou me adaptar muito bem aqui! – Disse mais animada.

- Que bom ouvir isso irmã! Saiba que estou muito feliz pela oportunidade de morarmos juntos novamente. Como nos bons e velhos tempos! – Relembrou Ric entrando com o carro na garagem.

- Venha comigo Carol, vou te mostrar a casa. Ric, você leva as malas pra gente? – Disse Giovanna apontando para minha bagagem no porta-malas do carro.

- Deixe comigo! E se ver o Murilo por aí, chame ele pra me ajudar. – Pediu meu irmão à namorada.

- Claro amor! – Respondeu Gi.

Quando percebi, a moça já estava segurando minha mão e me guiando até a porta de entrada.
Essa namorada do Ric realmente parecia ser boa moça. Fiquei feliz ao notar que meu irmão namorava alguém que pudesse fazê-lo feliz de verdade. Pelo menos foi essa impressão que tive da Giovanna. Também percebi que além de cunhadas, poderíamos ser boas amigas. Ela era uma pessoa verdadeira, humilde e muito atenciosa.

Quando a Gi estava prestes a girar a chave e puxar a maçaneta da porta de entrada, ela se abriu sozinha. Então percebi que tinha alguém do lado de dentro abrindo-a no mesmo momento que a gente.

- Fica tranqüila, é o meu irmão Murilo. Ele deve ter ouvido a gente chegar. O portão da garagem faz barulho. – Explicou Giovanna.

No instante em que a porta se abriu totalmente, consegui ver o moço que estava por trás dela. Meu Deus, como ele era lindo! Devia ser uns quatro ou cinco anos mais novo que eu e estava na cara que era irmão da Giovanna, pois eles eram muito parecidos.

Fiquei olhando, hipnotizada, enquanto ele abria a boca pra falar pausadamente e mexer aqueles lábios pra lá de sugestivos, mostrando os dentes perfeitamente alinhados e brancos como as nuvens: