O Diário de Anna Wiclyffe
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O Diário de Anna Wiclyffe
Eu fiz isso para um trabalho de história, mas ficou legalzinho e eu resolvi postar aqui.
A história se passa na época do Renascimento Cultural e da Reforma Religiosa, quando a Santa Inquisição controlava a vida e o pensamento das pessoas.
Espero que gostem.
O que sei sobre mim? Apenas o que minhas tias me contaram.
Meu nome é Anna Wiclyffe. Sou filha de uma mulher considerada bruxa chamada Georgia e de um teólogo reformista. Meus pais se envolveram em 1518, meses antes de eu nascer. Trago comigo os ideais hereges de minha mãe e reformistas de meu pai.
Quando foi descoberto pela inquisição que papai envolvera-se com uma herege, ele fora caçado e minha mãe teve que fugir da cidade, rumando à oeste, para a casa de minhas tias.
Os inquisidores não desistiram tão fácil, mas depois de algum tempo de medo e insegurança, tudo parecia ter voltado ao normal. Eu nasci em 12 de junho de 1519.
Logo após meu nascimento, mamãe saiu da cidade à procura de meu pai, deixando-me aos cuidados de minhas tias Louise e Joanna.
Desde então, vivo com a dúvida sempre presente: será que mamãe está bem? Será que ela encontrara papai? Quem sou eu, realmente?
Neste diário, a partir de hoje, registro tudo o que acontece, para que, futuramente, as pessoas vejam o quão grande foram as atrocidades da inquisição, e para que o homem não mais sucumba a estes mesmos pecados seus, que hoje fazem tantos sofrerem e omitem ao povo europeu a chance de demonstrar como realmente se sentem e fazerem-se entender seus ideais.
Meu coração disparou. Não sei como, mas sabia que ela era minha mãe desde o início.
Contei a ela nossa triste história. Desde o trágico incidente, meu mundo estava em um compasso completamente divergente do das demais pessoas. O tempo arrastava-se lentamente, em uma agonia enorme e inexplicável.
Não havia um dia sequer em que eu não preocupava-me com minhas tias. Como estariam elas agora? Estariam vivas? Eu só esperava que ainda ouvessem esperanças para quando eu fosse salvá-las.
Agora não estou mais sozinha nesse mundo. Minha amada mãe, aquela que eu tanto sonhei em conhecer, está aqui, na minha frente. Meu mundo finalmente volta a girar como antes. Agora sim, eu consigo pensar direito. Agora, com minha mãe ao meu lado,eu finalmente saberei quem realmente sou.
Minha mãe pretende ir comigo à Florenza e rumar para o sul assim que possível. Eu quero ficar e lutar por minhas tias até que me reste um único suspiro em meu ser. Elas foram tudo o que eu tive por anos, não posso desistir assim.
Esta manhã, os inquisidores me capturaram. Não sei como nem quando descobriram sobre minha existência e sobre meus ideais. O que sei é que agora estou indo em direção a algum lugar qualquer para ser julgada, e após, queimada em uma praça pública, provavelmente.
Só espero que mamãe fique bem.
E lamento por não ter ajudado minhas tias.
Eu falhei.
Tia Louise finalmente conseguiu sua liberdade. Os inquisidores a libertaram, graças ao bom Deus. Infelizmente, Joanna não teve essa sorte. Só espero que ainda reste esperanças para nós.
Não me resta mais nada aqui. Tia Louise foi queimada na fogueira. Quando soube da morte de minha querida tia Louise, tia Joanna suicidou-se, deixando para trás apenas uma carta, relatando seus últimos dias. Aqueles malditos inquisidores conseguiram o que queriam: dizimaram minha família.
Eu estou decidida: de alguma maneira inexplicável, eu sobreviverei. Sobreviverei em nome de mamãe, papai, das minhas tias... sobreviverei em nome de todos aqueles que foram mortos por seus ideais, por suas crenças. Sobreviverei em prol da liberdade de expressão, mesmo sabendo que provavelmente não a presenciarei.
E daqui a alguns anos, eu voltarei a escrever nesse diário, provando que o que eu disse era verdade, provando que eu sou capaz.
Mesmo com problemas de memória, lembro perfeitamente de cada dia da pior época da minha vida.
Graças a deus, essa época acabou. E com ela a fase de opressão e de absolutismo religioso.
Os tempos agora não outros. A liberdade de expresso chegou, graças a um rei, que eu não recordo o nome, mas que sei que rompeu com a igreja para casar-se com uma donzela de classe mais baixa chamada Anna Bolena, e graças a tantos outros que lutaram a favor disso.
Me sinto honrada e vitoriosa por ter feito parte dessa gloriosa conquista.
Lembrarei para sempre de Georgia, Antonio, Joanna e Louise, e também de tantou outros que, como eles, lutaram pelos seus ideais e acabaram mortos por isso. Essas pessoas me deram forças para chegar aonde cheguei. E eu não podia ser mais grata por isso.
Meus netinhos, Laurence e Gabrien, não acreditam hoje nas atrocidades que enfrentei em minha juventude. Por isso, deixo registrado a eles e ao meu amado Harey meu diário, para que possam fazer um bom uso das histórias contidas nele.
Sei que, lendo isso, entenderão que, por mais que tudo pareça difícil, nunca devemos desistir dos nossos sonhos. Afinal, eles podem ser a única coisa que nos resta, no fim do dia.
A história se passa na época do Renascimento Cultural e da Reforma Religiosa, quando a Santa Inquisição controlava a vida e o pensamento das pessoas.
Espero que gostem.
O DIÁRIO DE ANNA WICLYFFE
Por: Juliana Begnini
Por: Juliana Begnini
O que sei sobre mim? Apenas o que minhas tias me contaram.
Meu nome é Anna Wiclyffe. Sou filha de uma mulher considerada bruxa chamada Georgia e de um teólogo reformista. Meus pais se envolveram em 1518, meses antes de eu nascer. Trago comigo os ideais hereges de minha mãe e reformistas de meu pai.
Quando foi descoberto pela inquisição que papai envolvera-se com uma herege, ele fora caçado e minha mãe teve que fugir da cidade, rumando à oeste, para a casa de minhas tias.
Os inquisidores não desistiram tão fácil, mas depois de algum tempo de medo e insegurança, tudo parecia ter voltado ao normal. Eu nasci em 12 de junho de 1519.
Logo após meu nascimento, mamãe saiu da cidade à procura de meu pai, deixando-me aos cuidados de minhas tias Louise e Joanna.
Desde então, vivo com a dúvida sempre presente: será que mamãe está bem? Será que ela encontrara papai? Quem sou eu, realmente?
Neste diário, a partir de hoje, registro tudo o que acontece, para que, futuramente, as pessoas vejam o quão grande foram as atrocidades da inquisição, e para que o homem não mais sucumba a estes mesmos pecados seus, que hoje fazem tantos sofrerem e omitem ao povo europeu a chance de demonstrar como realmente se sentem e fazerem-se entender seus ideais.
14 de junho de 1538
Finalmente a data tão esperada aproxima-se gradualmente, em uma lentidão quase mortal. Nem o cheiro de jasmins diminui a ansiedade por essa data. Finalmente, depois de 19 anos de uma longa e tortuosa espera, minha mãe retornará para casa. Não vejo a hora de conhecê-la. Por algum motivo que não sei bem, parece que com ela aqui, tudo ficará bem no final. É como se eu esperasse o meu final feliz de um auto renascentista, e quando minha mãe chegar, terei absoluta certeza de que este final feliz estará mais próximo do que nunca.15 de junho de 1538
Hoje aconteceu o que durante toda a minha vida temi: minhas tão amadas tias, Louise e Joanna, foram descobertas pela inquisição. E eu presenciei tudo o que eu mais amava na minha vida esvaindo-se por entre meus dedos, impossibilitada de tomar qualquer atitude para ajudar. Sim, fui uma completa inútil, vi elas sendo capturadas e não movi nem um dedo para ajudar. Como farei, sendo covarde assim, para ajudar minha mãe quando esta chegar? Agora sei que uma parte de mim sempre faltará. E se algo acontecer às minhas tias, eu jamais me perdoarei. Este será um fardo que carregarei pelo resto da minha vida.16 de junho de 1538
Estava lendo meu livro, com meu coração partido. Desde que minhas tias foram capturadas pelos inquisidores, ler se tornou minha única distração. Nem ver os lírios da janela, agora mais lindos do que nunca, me serve de consolo. Mas aconteceu algo que eu não esperava, e ao mesmo tempo ansiava com todo o meu ser: uma mulher irrompeu pela porta.Meu coração disparou. Não sei como, mas sabia que ela era minha mãe desde o início.
Contei a ela nossa triste história. Desde o trágico incidente, meu mundo estava em um compasso completamente divergente do das demais pessoas. O tempo arrastava-se lentamente, em uma agonia enorme e inexplicável.
Não havia um dia sequer em que eu não preocupava-me com minhas tias. Como estariam elas agora? Estariam vivas? Eu só esperava que ainda ouvessem esperanças para quando eu fosse salvá-las.
Agora não estou mais sozinha nesse mundo. Minha amada mãe, aquela que eu tanto sonhei em conhecer, está aqui, na minha frente. Meu mundo finalmente volta a girar como antes. Agora sim, eu consigo pensar direito. Agora, com minha mãe ao meu lado,eu finalmente saberei quem realmente sou.
17 de junho de 1538
Mamãe me contou tudo o que precisava saber. O nome de meu pai era Antônio Wiclyffe. No dia em que minha mãe fugiu para cá, ele desapareceu. Não temos mais notícias dele desde então. Mas eu sei que se eu e minha mãe permanecermos unidas, nada nos fará mal. Tudo ficará bem no final... pelo menos eu espero que sim.Minha mãe pretende ir comigo à Florenza e rumar para o sul assim que possível. Eu quero ficar e lutar por minhas tias até que me reste um único suspiro em meu ser. Elas foram tudo o que eu tive por anos, não posso desistir assim.
20 de junho de 1538
Neste momento, estou rumando ao meu fim. Pelo jeito, ele não será tão feliz quanto previsto, mas nem sempre as coisas são como queremos.Esta manhã, os inquisidores me capturaram. Não sei como nem quando descobriram sobre minha existência e sobre meus ideais. O que sei é que agora estou indo em direção a algum lugar qualquer para ser julgada, e após, queimada em uma praça pública, provavelmente.
Só espero que mamãe fique bem.
E lamento por não ter ajudado minhas tias.
Eu falhei.
23 de junho de 1538
Os inquisidores me soltaram. Sim, eu deveria estar feliz, mas mil vezes preferia morrer queimada a receber essa notícia. Minha mãe sacrificara-se por mim. Ela se entregou para ser queimada viva em troca da minha insignificante liberdade. A encontrei e tão logo a perdi. É mais dor do que eu pensei suportar. Para piorar, minhas tias continuam naquelas celas imundas. Não podia ficar pior.10 de julho de 1538
Tia Louise finalmente conseguiu sua liberdade. Os inquisidores a libertaram, graças ao bom Deus. Infelizmente, Joanna não teve essa sorte. Só espero que ainda reste esperanças para nós.
12 de julho de 1538
Não me resta mais nada aqui. Tia Louise foi queimada na fogueira. Quando soube da morte de minha querida tia Louise, tia Joanna suicidou-se, deixando para trás apenas uma carta, relatando seus últimos dias. Aqueles malditos inquisidores conseguiram o que queriam: dizimaram minha família.
Eu estou decidida: de alguma maneira inexplicável, eu sobreviverei. Sobreviverei em nome de mamãe, papai, das minhas tias... sobreviverei em nome de todos aqueles que foram mortos por seus ideais, por suas crenças. Sobreviverei em prol da liberdade de expressão, mesmo sabendo que provavelmente não a presenciarei.
E daqui a alguns anos, eu voltarei a escrever nesse diário, provando que o que eu disse era verdade, provando que eu sou capaz.
25 de novembro de 1569
Estava sentada em minha cadeira descansando, quando lembrei de uma antiga promessa. Não sei como, mas lembrei. Sabe, minha memória não anda me ajudando muito ultimamente, então isso já é uma vitória para mim.Mesmo com problemas de memória, lembro perfeitamente de cada dia da pior época da minha vida.
Graças a deus, essa época acabou. E com ela a fase de opressão e de absolutismo religioso.
Os tempos agora não outros. A liberdade de expresso chegou, graças a um rei, que eu não recordo o nome, mas que sei que rompeu com a igreja para casar-se com uma donzela de classe mais baixa chamada Anna Bolena, e graças a tantos outros que lutaram a favor disso.
Me sinto honrada e vitoriosa por ter feito parte dessa gloriosa conquista.
Lembrarei para sempre de Georgia, Antonio, Joanna e Louise, e também de tantou outros que, como eles, lutaram pelos seus ideais e acabaram mortos por isso. Essas pessoas me deram forças para chegar aonde cheguei. E eu não podia ser mais grata por isso.
Meus netinhos, Laurence e Gabrien, não acreditam hoje nas atrocidades que enfrentei em minha juventude. Por isso, deixo registrado a eles e ao meu amado Harey meu diário, para que possam fazer um bom uso das histórias contidas nele.
Sei que, lendo isso, entenderão que, por mais que tudo pareça difícil, nunca devemos desistir dos nossos sonhos. Afinal, eles podem ser a única coisa que nos resta, no fim do dia.
Com carinho e pela última vez
Anna.
Anna.
Re: O Diário de Anna Wiclyffe
Mããee adorei!
Foi um belo trabalho de história! Eu sempre gostei desse tipo de assunto, principalmente dessas épocas, da idade Média e Renascimento.
Juntando todo seu talento então, ficou perfeito!
O professor deve ter amado, com certeza!
Foi um belo trabalho de história! Eu sempre gostei desse tipo de assunto, principalmente dessas épocas, da idade Média e Renascimento.
Juntando todo seu talento então, ficou perfeito!
O professor deve ter amado, com certeza!
Convidad- Convidado
Re: O Diário de Anna Wiclyffe
awnnty, obrigada florzinha!
vc é q tem mtoooo talento!
eu amo vc, e morro de orgulho de vc, minha bebê!
e sim, eu tbm amo... a segunda guerra então, sou fascinada!
ah, a professora amou... levando em consideração o fato de ela ser minha mãe... kk'
amucê filhota! bjos!
vc é q tem mtoooo talento!
eu amo vc, e morro de orgulho de vc, minha bebê!
e sim, eu tbm amo... a segunda guerra então, sou fascinada!
ah, a professora amou... levando em consideração o fato de ela ser minha mãe... kk'
amucê filhota! bjos!
Re: O Diário de Anna Wiclyffe
Tia Juh, para de me encantar com essas fics perfeitas
Só você mesmo pra conseguir escrever fics assim...
Só você mesmo pra conseguir escrever fics assim...
Re: O Diário de Anna Wiclyffe
nhaac, sobrinha linda!
que bom que gostou!
nossa, mto feliz mesmo amr!
beijoos, e obrigada por vir ler, viu? ;**
que bom que gostou!
nossa, mto feliz mesmo amr!
beijoos, e obrigada por vir ler, viu? ;**
Re: O Diário de Anna Wiclyffe
nossa, muito bom mesmo, aposto que tirou uma otima nota
sofiee..- Mensagens : 133
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