Lembranças
+3
Eloo
Dawn
Chiie
7 participantes
Fanfics :: Categorias :: The Vampire Diaries :: Concluídas
Página 1 de 1
Lembranças
Lembranças
Classificação: + 14 anos.
Tipo: Romance.
Personagens Principais:
- Damon Salvatore
- Caroline Forbes
- Elena Gilbert
- Bryson Baker
Última edição por Chiie em Dom Ago 21, 2011 11:57 am, editado 1 vez(es)
Chiie- Mensagens : 248
Pontos : 5304
Data de inscrição : 18/07/2011
Localização : New Orleans
Re: Lembranças
Chiie, não demora pra postar, só o nome me deixou curiosa kkkk
(:
(:
Eloo- Admin
- Mensagens : 2414
Pontos : 9883
Data de inscrição : 11/07/2011
Idade : 27
Localização : Nárnia :B
Re: Lembranças
Mantive os olhos fechados, com medo de perdê-la mais uma vez. Entretanto meus esforços foram em vão... Mais uma vez seu rosto se desmanchou em uma nuvem branca de realidade.
- Mais um pesadelo, Damon? – a voz sonolenta ao meu lado perguntou.
- Sim... – murmurei, com a garganta seca. Finalmente abri os olhos e me sentei. – Volte a dormir, Carol...
- Hm... – ela gemeu, virando-se para o lado e me obedecendo.
Saí do quarto silenciosamente. Desci as escadas e fui até a cozinha. Enchi um copo de água e tomei uma aspirina. Minhas pernas ainda estavam bambas pelo sonho. Ela quase havia me dito seu nome mais uma vez... Quase...
Qual era o meu problema com aquela garota? Tantas outras vieram depois dela, tantas outras desapareceram no labirinto que era minha memória, mas ela, só ela, aparecia em meus sonhos.
Se Caroline soubesse daqueles constantes sonhos com a garota da turnê de 2005 – como eu gostava de nomeá-la – não ficaria muito feliz. Era péssimo ter que enganá-la com a história dos pesadelos, mas eu não podia fazer nada para impedir. Os sonhos haviam começado no começo do mês, e desde então sua presença em minhas noites de sono era constante.
Perguntava-me o que aquilo poderia significar. Saudades dos meus tempos de garoto? Abstinência de novas experiências? Saco cheio de monogamia? O que aqueles sonhos queriam me dizer?
- Querido? – Dei um pulo no balcão da pia e me virei. Caroline estava encostada na batente da porta só de camisola, com cara de sono. – Venha dormir. Você sabe que eu não consigo dormir sem você.
Sorri para ela. Sua preocupação era fofa. Eu amava aquela mulher. Minha mulher.
- Estou indo, linda. Só vou esperar a dor de cabeça passar...
- Bom, estou te esperando. – ela anunciou.
Ouvi-la subir as escadas. Quando a porta do quarto se fechou, fui até a sala, motivado a não deixar que aquela dor de cabeça me dominasse. Deitei-me no sofá, sentindo o corpo inteiro formigar e uma pressão horrível no cérebro. Sem nem pensar direito, adormeci.
Flashback On.
Era Dezembro de 2005. Nós éramos garotos em nossa primeira turnê. Não nos importávamos nem um pouco em não passar as festas de final de ano com nossos familiares. Era a nossa primeira viagem como banda, e estávamos animados demais para curtir aquele momento e fazer algumas besteiras.
- Stefan, qual é o seu problema? – Matt ria enquanto Stefan tentava, sem sucesso, colocar as lentes de contato.
- Meus olhos não abrem! Simplesmente não abrem! – ele gritou, desesperado.
- Pera aí, dude, eu vou te ajudar! – Tyler ofereceu, levantando-se da cama e entrando no banheiro onde Stefan estava. Eu e Matt ouvimos um “outch” e logo depois uma explosão de risada dos dois.
- Eu nem quero saber o que está acontecendo aí dentro... – comentei, e Tyler saiu do banheiro segurando Stefan pelos ombros.
- Estamos prontos. - anunciou. Subi os olhos dos meus tênis.
Stefan usava óculos escuros.
Caímos novamente na risada, só parando ao ouvir três toques rápidos na porta. Entreolhamo-nos: Será que a festa do terraço havia sido cancelada?
Matt abriu a porta, curioso, dando de cara com uma garota em prantos. Devia ter uns 17 ou 18 anos, usava uma boina vermelha e óculos de grau de armação preta. Fazia o tipo intelectual, se não fossem seus olhos vermelhos e o nariz inchado, que a deixavam com a aparência de... Bem, de uma maluca. Ela vestia uma malha preta de manga comprida com um decote princesa e uma saia xadrez cinza e preta. Nos pés usava uma sapatilha de veludo preta. Parecia uma boneca.
- Pois não? – Matt perguntou, meio assustado.
- V-vocês... V-viram... Um g-garoto? – ela soluçou. – Loiro, a-alto, olhos v-verdes...?
- Não vimos ninguém. – Matt deu de ombros. – É urgente? Quer que ajudemos a procurar?
“Não, Matt, nós vamos perder a festa!” pensei em gritar, mas a cara da menina era de partir o coração. Parecia arrasada.
- Não p-precisa, o-obrigada... – ela ofegou, dando meia volta e sumindo pelo corredor.
Flashback Off.
- Damon, estou indo. – Caroline me acordou, sua voz se confundindo com a voz da garota chorosa. Olhei no relógio da TV, que apontava 8h17. – Não se esqueça que você tem entrevista às 9h.
Sua voz estava baixa. Ela estava magoada. Com motivos... Prometi a ela que subiria para dormir na cama e acabei adormecendo no sofá.
- Obrigado por me lembrar, amor. – agradeci, levantando-me cheio de dores, esfregando meus olhos cansados. Caroline suspirou e abriu a porta para sair.
- Tchau, Damon. – murmurou.
- Tchau, Carol. – olhei para ela pela primeira vez. Usava um vestido floral que deixava suas pernas à mostra. Estava linda. – Tenha um bom dia. Eu amo você.
- Já estou aqui, relaxa, cara... – acalmei Stefan, que gritava no celular. – Cinco minutos e eu estou aí.
Estacionei meu carro na rua, mão de vaca demais para pagar 10 libras por um estacionamento, e enfiei um boné na cabeça, completando meu disfarce. Atravessei a rua de cabeça baixa, procurando não chamar atenção. Cheguei ao outro lado e me camuflei no meio da multidão. Caminhei olhando para baixo, só levantando o rosto ao esbarrar em alguém.
- Me desculpe... – murmurei, subindo os olhos pelo corpo da garota em que tinha esbarrado. Sapatilhas de veludo pretas, saia xadrez, malha preta de manga comprida com decote princesa... Poderia... Seria ela? – Eu... Eu... – perdi a fala, incrédulo.
- Algum problema, Natasha? – ouvi uma voz masculina atrás de mim. Virei-me, piscando os olhos, para encontrar um cara de uns 30 anos me olhando desconfiado. Ao voltar os olhos para a mulher, encontrei-a usando uma calça jeans de cintura alta, regata branca e saltos. Não tinha 17 ou 18 anos, tinha 30. Não usava óculos nem boina.
Senti-me o cara mais idiota do mundo.
- Me desculpe... – repeti, vazando dali o mais rápido possível.
Eu estava ficando louco! Completamente louco!
Fui até o prédio da rádio onde daríamos a entrevista, passando batido pelo porteiro, que nem reparou em mim. A recepcionista me encaminhou a um elevador e indicou o vigésimo terceiro andar. Entrei no elevador meio fora de mim. Eu ofegava, meu coração batia rápido e minhas mãos soavam.
Vendo coisas... Além de tudo, agora estava vendo coisas!
Subi os vinte e três andares batucando freneticamente em minha perna. Desci no andar indicado completamente alterado. Matt me esperava no saguão.
- Nossa, dude, você viu um fantasma? – ele perguntou assim que me viu.
“Quase... Mais ou menos isso...” pensei, mas sorri, calado.
- Vai, vamos acabar logo com isso... – ele bocejou, dando meia volta. Fui atrás dele, sem condições para reagir.
“Finalmente!” todos suspiraram assim que eu entrei no estúdio. Sorri, anestesiado pela adrenalina, e sentei-me na única cadeira vaga.
- Voltamos, agora com o quarto integrante! Diga “oi” Damon Salvatore! – o locutor exclamou, assim que a luz ficou vermelha.
- E aí, pessoal! – engasguei no microfone, minha voz saindo rouca.
- Eu estava esperando o Damon chegar pra perguntar o que todos os fãs do The Travel gostariam de saber: Qual foi a de Lembranças? Quero dizer, não é nada parecido com o estilo rock de vocês... É vontade de competir no mercado norte- americano?
Olhei para Matt, que ria. Stefan e Tyler também. Sabíamos que aquela pergunta viria, mais cedo ou mais tarde. Apontei com a cabeça para Stefan, indicando que ele responderia aquela pergunta. Ele se aproximou do microfone e eu desliguei.
Flashback On.
- Cara, pega mais uma cerveja pra mim? – Stefan pediu, ligeiramente bêbado.
- Duas! – Tyler pareceu brotar do chão.
- Faça disso três e nós temos um acordo! – Matt comentou, fazendo a menina com quem conversava rir.
Virei os olhos. Só obedeceria porque minha própria cerveja havia acabado.
Atravessei a enorme multidão que lotava o terraço do hotel e entrei na cobertura. Ali só alguns casais conversavam, deixando a atmosfera mais tranquila. Fui até a cozinha, estancando atrás da porta. Vozes gritadas saíam de lá de dentro.
“Você é um babaca! Como pôde fazer isso comigo? Você não cansa de me humilhar?”
“Pare de ser dramática, foi só uma porcaria de um beijo...” uma voz masculina respondeu, meio arrastada. Parecia estar bêbado.
“Só um beijo? Só uma porcaria de um beijo? Eu vi vocês dois! Por que você beijaria alguém totalmente pelado? Eu sou a Droga da sua namorada, Bryson! E você não me respeita! Nunca me respeitou! Só sabe beber e arranjar confusão! Você é um monstro! Você sempre estraga tudo!”
Então ela ofegou um “me solta!” e logo em seguida ouvi algo se chocar contra a parede. A voz masculina murmurou “agora eu vou calar sua boca, sua vagabunda!”
Abri a porta de supetão, encontrando um cara alto e loiro segurando a garota da boina vermelha pelo pescoço, forçando-a contra a parede. Ela estava vermelha, e parecia desacordada.
- Solta a garota, seu covarde Cabeça de mamão! – me ouvi gritar, desferindo um soco certeiro em seu nariz. O cara cambaleou para trás, fechando os olhos verdes com força, e a garota se apoiou na parede, desnorteada. – Por que não mexe com alguém do seu tamanho, seu babaca? Vaza daqui antes que eu chame a polícia! – terminei, ofegante.
O garoto passou a mão pelo nariz, fazendo uma careta ao ver o sangue nos dedos. Recuou dois passos e começou a andar em direção à porta da cozinha. Não sem antes lançar um olhar mortífero para a garota e vociferar:
- Isso vão vai ficar assim. – ameaçou, passando pela porta como um fantasma.
Olhei ofegante para ela, que me olhava sem expressão.
- Quem é você? – perguntou, com a respiração cortada.
- Um “obrigada” seria mais educado... – comentei, nervoso pela descarga de adrenalina, fazendo-a rir.
- Obrigada. – murmurou, envergonhada. – Você não precisava ter feito aquilo.
Olhei para ela, confuso.
- Como não? O cara ia te matar! – exclamei, e ela abaixou os olhos, ficando séria. – O que foi? Disse algo errado? Fiz algo errado?
- Você? – perguntou, subindo os olhos. Eles eram castanhos e profundos. – Não!
Que papo de maluco era aquele?
- Quer que eu chame a polícia? - perguntei, pegando meu celular no bolso.
- Não! - ela gritou, vindo até mim e recolocando o celular em meu bolso. - Não faça isso. Por favor.
Seus olhos eram suplicantes. Vacilei, antes de devolver o celular ao bolso.
- Tudo bem, como quiser... Damon Salvatore, mas pode me chamar de Damon. – estendi a mão para ela, tentando amenizar a situação.
- Prazer, Damon. – ela cantarolou, como se não quase fora morta segundos antes. – Eu sou...
- Salvatore! – Tyler invadiu a cozinha, desesperado. – O Stefan tá brigando com um cara lá fora!
Suspirei, virando os olhos. Sempre Stefan... Sempre ele...
Olhei para a garota na minha frente, uma bonequinha despedaçada. Lancei um olhar de desculpas e saí sem me despedir.
Flashback Off.
Se ao menos eu tivesse ouvido seu nome ali mesmo, talvez não tivesse esquecido... Talvez...
- Acho que o Damon chegou só em corpo, galera! – o VJ me tirou dos pensamentos. Sorri, envergonhado.
- Foi mal, estou morrendo de sono... – me desculpei no microfone.
- Ouviram só isso, meninas? Damon está exausto! Qual de vocês se candidata a cuidar dele?
- Eu! – Stefan exclamou, afetado.
Rimos todos. Era um novo começo para o The Travel! Infelizmente eu parecia estar preso ao passado...
- Matt, você... – parei no meio, sem coragem.
- Sim, Damon, eu te amo. Não, Damon, eu não vou namorar com você, me desculpe. Meu negócio são as mulheres.
Ri, divertido.
Estava levando Matt à sua casa depois da entrevista. Nunca havia tocado naquele assunto com nenhum deles antes, mas aqueles sonhos e flashbacks estavam me assustando. Eu precisava fazer alguma coisa a respeito. Precisava de algumas respostas.
- Não, é sério agora... – respirei fundo. – Você se lembra de uma garota que apareceu chorando na nossa porta, na nossa primeira turnê, em Bristol?
Matt ficou mudo, pensativo. Depois coçou a barba rala.
- Cara, não lembro, não!
- Claro que lembra! – exclamei, meio puto. – Aquela da boina vermelha, óculos pretos...
- Aaaah! Sim, claro que eu me lembro! – ele riu. – Bem gata...
“É, eu sei...”
- Por quê? - perguntou, interessado.
- Você lembra o nome dela? – soltei de uma vez, ansioso, ignorando sua pergunta.
- Aí você tá pedindo demais, cara... Eu não lembro nem o que eu comi ontem, e acho que ela nunca chegou a dizer seu nome pra gente... Por que a pergunta?
Ri, nervoso. É, ela não havia dito seu nome pra eles, era verdade, mas pra mim havia dito. E eu não conseguia me lembrar.
- Sei lá... Estava lembrando dela, aquele dia foi engraçado. - não era mentira. Mas também não era toda a verdade.
- Hm... Mas eu lembro da Ágata. Lembra dessa? - ele riu, arrancando uma risada rápida de mim. - Bons tempos, cara, bons tempos...
Parei em frente a sua luxuosa casa, dentro do condomínio fechado em que morávamos. Matt saiu do carro, agradecendo distraído. “Entrevista amanhã às 10h30, Damon, não se atrase de novo!” ele gritou, antes de entrar na casa.
Avancei pela rua. Cheguei à minha própria casa, mais cansado do que deveria. Joguei-me no sofá em que dormira na noite anterior, fechando os olhos...
Flashback On.
- Stefan, você é um babaca... – comentei, enquanto ele colocava uma lata de cerveja gelada no galo da cabeça.
- Ele quem começou... – murmurou, infantil.
- De jeito nenhum, cara, não saia daqui, o cara lá fora quer te matar... - aconselhei, saindo do quarto e fechando a porta atrás de mim.
Primeiro a briga na cozinha, depois aquilo... Aquela noite estava sendo uma droga. Uma grande e fedida droga.
Cruzei os corredores, trombando com a menina da boina. Sorri, verdadeiro, e ela sorriu fraquinho. Seu rosto não estava mais vermelho, mas ela parecia agitada.
- Como vai, boininha? - perguntei, querendo fazê-la rir, não sabendo exatamente por quê. Ela sorriu sem mostrar os dentes, com os olhos ainda vermelhos. - Está tudo bem? Aquele cara... Está te incomodando?
Sabia que em briga de marido e mulher não se metia a colher, mas algo dentro de mim queria acabar com a raça do Cabeça de mamão que a estava enforcando.
- Ele me incomoda há quatro anos. - ela comentou, dando de ombros. - Um dia a mais, um dia a menos, não vai me fazer perder a paciência.
Cocei a nuca. Aquela menina era esquisita... Sexy, mas esquisita. E de um modo completamente bizarro, eu gostaria de beijá-la. Seus lábios pareciam ter vida própria, me chamando...
- Vá se divertir, não precisa se preocupar comigo. - ela passou por mim, sem rumo.
- Olha só, você... - chamei, e ela se virou no mesmo instante, como se esperasse por aquilo. Sorri amarelo. Eu não sabia o que ia dizer, só queria chamar sua atenção. - Você não quer, sei lá, beber alguma coisa?
- Preciso voltar ao meu quarto. - ela deu de ombros.
- Vamos lá, só uma cerveja. - insisti. - Vamos ao terraço, você vai curtir a festa e esquecer seu namorado.
- Meu namorado está no terraço. - ela disse, amarga.
- Então nós podemos ir lá embaixo, na piscina. - peguei sua mão, e ela estremeceu. - O que me diz?
Ela hesitou um pouco, mas acabou dando de ombros.
- É, pode ser. - ela soltou sua mão da minha, caminhando em direção ao elevador. Entramos, e ela continuou muda ao meu lado. Senti minhas mãos soarem, em contraste com minha pele fria em contato com o ar-condicionado do cubículo. Eu poderia muito bem estar lá em cima caçando minha presa, mas de algum jeito estranho, a garota da boina vermelha parecia bem mais interessante. Ela parecia aquele tipo de menina que precisava desesperadamente de um abraço.
Descemos no primeiro subsolo e caminhamos por um longo corredor que cheirava a cloro. Aquele típico cheiro de piscina. Chegamos ao final dele e abrimos a porta. O lugar estava completamente vazio. Sem nenhuma alma viva. Até a água estava estática. O único barulho que ouvíamos era o do aquecedor.
- O que vai querer? - ela soltou minha mão, indo até o bar vazio. - Cerveja?
- Não tem ninguém aí. - balbuciei o óbvio. Ela soltou uma risadinha marota - seu estado de espírito havia mudando da água para o vinho - e pulou a bancada, entrando no quiosque. Abriu o frigobar e pescou duas cervejas geladas. - Bom, parece que você resolveu nosso problema.
Aproximei-me do bar, pegando a cerveja da sua mão. Ela pulou a bancada novamente, sentando-se no frio do mármore. Sentei-me em um dos bancos, dando um longo gole na minha bebida. Ela imitou meu gesto e nós ficamos parados, observando o azul da piscina cristalina.
Perdi-me em pensamentos, um tanto quanto agitado. Não senti a movimentação atrás de mim, e quando me virei deixei meu queixo cair um pouco. A garota estava só de roupas íntimas, terminando de tirar os sapatos. A boina não estava mais em sua cabeça, deixando seu cabelo respirar, e os óculos estavam ao lado das roupas. Ela jogou a sapatilha do pé direito longe e encostou os pés no chão. Olhei-a de cima a baixo. O que diabos ela estava fazendo?
- Quem entrar por último é a mulher do padre? - ela brincou, apontando com a cabeça para a piscina.
- Se formos pegos aqui nesse horário podem nos expulsar do hotel... - disse a primeira coisa que veio à minha mente.
- Cagão. - ela virou os olhos, dando impulso e se jogando na água.
Pisquei os olhos algumas vezes. Aquilo estava mesmo acontecendo.
Ela emergiu na água, olhando diretamente para mim. Nem preciso dizer que no instante seguinte eu estava tirando minha roupa.
- Mais um pesadelo, Damon? – a voz sonolenta ao meu lado perguntou.
- Sim... – murmurei, com a garganta seca. Finalmente abri os olhos e me sentei. – Volte a dormir, Carol...
- Hm... – ela gemeu, virando-se para o lado e me obedecendo.
Saí do quarto silenciosamente. Desci as escadas e fui até a cozinha. Enchi um copo de água e tomei uma aspirina. Minhas pernas ainda estavam bambas pelo sonho. Ela quase havia me dito seu nome mais uma vez... Quase...
Qual era o meu problema com aquela garota? Tantas outras vieram depois dela, tantas outras desapareceram no labirinto que era minha memória, mas ela, só ela, aparecia em meus sonhos.
Se Caroline soubesse daqueles constantes sonhos com a garota da turnê de 2005 – como eu gostava de nomeá-la – não ficaria muito feliz. Era péssimo ter que enganá-la com a história dos pesadelos, mas eu não podia fazer nada para impedir. Os sonhos haviam começado no começo do mês, e desde então sua presença em minhas noites de sono era constante.
Perguntava-me o que aquilo poderia significar. Saudades dos meus tempos de garoto? Abstinência de novas experiências? Saco cheio de monogamia? O que aqueles sonhos queriam me dizer?
- Querido? – Dei um pulo no balcão da pia e me virei. Caroline estava encostada na batente da porta só de camisola, com cara de sono. – Venha dormir. Você sabe que eu não consigo dormir sem você.
Sorri para ela. Sua preocupação era fofa. Eu amava aquela mulher. Minha mulher.
- Estou indo, linda. Só vou esperar a dor de cabeça passar...
- Bom, estou te esperando. – ela anunciou.
Ouvi-la subir as escadas. Quando a porta do quarto se fechou, fui até a sala, motivado a não deixar que aquela dor de cabeça me dominasse. Deitei-me no sofá, sentindo o corpo inteiro formigar e uma pressão horrível no cérebro. Sem nem pensar direito, adormeci.
Flashback On.
Era Dezembro de 2005. Nós éramos garotos em nossa primeira turnê. Não nos importávamos nem um pouco em não passar as festas de final de ano com nossos familiares. Era a nossa primeira viagem como banda, e estávamos animados demais para curtir aquele momento e fazer algumas besteiras.
- Stefan, qual é o seu problema? – Matt ria enquanto Stefan tentava, sem sucesso, colocar as lentes de contato.
- Meus olhos não abrem! Simplesmente não abrem! – ele gritou, desesperado.
- Pera aí, dude, eu vou te ajudar! – Tyler ofereceu, levantando-se da cama e entrando no banheiro onde Stefan estava. Eu e Matt ouvimos um “outch” e logo depois uma explosão de risada dos dois.
- Eu nem quero saber o que está acontecendo aí dentro... – comentei, e Tyler saiu do banheiro segurando Stefan pelos ombros.
- Estamos prontos. - anunciou. Subi os olhos dos meus tênis.
Stefan usava óculos escuros.
Caímos novamente na risada, só parando ao ouvir três toques rápidos na porta. Entreolhamo-nos: Será que a festa do terraço havia sido cancelada?
Matt abriu a porta, curioso, dando de cara com uma garota em prantos. Devia ter uns 17 ou 18 anos, usava uma boina vermelha e óculos de grau de armação preta. Fazia o tipo intelectual, se não fossem seus olhos vermelhos e o nariz inchado, que a deixavam com a aparência de... Bem, de uma maluca. Ela vestia uma malha preta de manga comprida com um decote princesa e uma saia xadrez cinza e preta. Nos pés usava uma sapatilha de veludo preta. Parecia uma boneca.
- Pois não? – Matt perguntou, meio assustado.
- V-vocês... V-viram... Um g-garoto? – ela soluçou. – Loiro, a-alto, olhos v-verdes...?
- Não vimos ninguém. – Matt deu de ombros. – É urgente? Quer que ajudemos a procurar?
“Não, Matt, nós vamos perder a festa!” pensei em gritar, mas a cara da menina era de partir o coração. Parecia arrasada.
- Não p-precisa, o-obrigada... – ela ofegou, dando meia volta e sumindo pelo corredor.
Flashback Off.
- Damon, estou indo. – Caroline me acordou, sua voz se confundindo com a voz da garota chorosa. Olhei no relógio da TV, que apontava 8h17. – Não se esqueça que você tem entrevista às 9h.
Sua voz estava baixa. Ela estava magoada. Com motivos... Prometi a ela que subiria para dormir na cama e acabei adormecendo no sofá.
- Obrigado por me lembrar, amor. – agradeci, levantando-me cheio de dores, esfregando meus olhos cansados. Caroline suspirou e abriu a porta para sair.
- Tchau, Damon. – murmurou.
- Tchau, Carol. – olhei para ela pela primeira vez. Usava um vestido floral que deixava suas pernas à mostra. Estava linda. – Tenha um bom dia. Eu amo você.
- Já estou aqui, relaxa, cara... – acalmei Stefan, que gritava no celular. – Cinco minutos e eu estou aí.
Estacionei meu carro na rua, mão de vaca demais para pagar 10 libras por um estacionamento, e enfiei um boné na cabeça, completando meu disfarce. Atravessei a rua de cabeça baixa, procurando não chamar atenção. Cheguei ao outro lado e me camuflei no meio da multidão. Caminhei olhando para baixo, só levantando o rosto ao esbarrar em alguém.
- Me desculpe... – murmurei, subindo os olhos pelo corpo da garota em que tinha esbarrado. Sapatilhas de veludo pretas, saia xadrez, malha preta de manga comprida com decote princesa... Poderia... Seria ela? – Eu... Eu... – perdi a fala, incrédulo.
- Algum problema, Natasha? – ouvi uma voz masculina atrás de mim. Virei-me, piscando os olhos, para encontrar um cara de uns 30 anos me olhando desconfiado. Ao voltar os olhos para a mulher, encontrei-a usando uma calça jeans de cintura alta, regata branca e saltos. Não tinha 17 ou 18 anos, tinha 30. Não usava óculos nem boina.
Senti-me o cara mais idiota do mundo.
- Me desculpe... – repeti, vazando dali o mais rápido possível.
Eu estava ficando louco! Completamente louco!
Fui até o prédio da rádio onde daríamos a entrevista, passando batido pelo porteiro, que nem reparou em mim. A recepcionista me encaminhou a um elevador e indicou o vigésimo terceiro andar. Entrei no elevador meio fora de mim. Eu ofegava, meu coração batia rápido e minhas mãos soavam.
Vendo coisas... Além de tudo, agora estava vendo coisas!
Subi os vinte e três andares batucando freneticamente em minha perna. Desci no andar indicado completamente alterado. Matt me esperava no saguão.
- Nossa, dude, você viu um fantasma? – ele perguntou assim que me viu.
“Quase... Mais ou menos isso...” pensei, mas sorri, calado.
- Vai, vamos acabar logo com isso... – ele bocejou, dando meia volta. Fui atrás dele, sem condições para reagir.
“Finalmente!” todos suspiraram assim que eu entrei no estúdio. Sorri, anestesiado pela adrenalina, e sentei-me na única cadeira vaga.
- Voltamos, agora com o quarto integrante! Diga “oi” Damon Salvatore! – o locutor exclamou, assim que a luz ficou vermelha.
- E aí, pessoal! – engasguei no microfone, minha voz saindo rouca.
- Eu estava esperando o Damon chegar pra perguntar o que todos os fãs do The Travel gostariam de saber: Qual foi a de Lembranças? Quero dizer, não é nada parecido com o estilo rock de vocês... É vontade de competir no mercado norte- americano?
Olhei para Matt, que ria. Stefan e Tyler também. Sabíamos que aquela pergunta viria, mais cedo ou mais tarde. Apontei com a cabeça para Stefan, indicando que ele responderia aquela pergunta. Ele se aproximou do microfone e eu desliguei.
Flashback On.
- Cara, pega mais uma cerveja pra mim? – Stefan pediu, ligeiramente bêbado.
- Duas! – Tyler pareceu brotar do chão.
- Faça disso três e nós temos um acordo! – Matt comentou, fazendo a menina com quem conversava rir.
Virei os olhos. Só obedeceria porque minha própria cerveja havia acabado.
Atravessei a enorme multidão que lotava o terraço do hotel e entrei na cobertura. Ali só alguns casais conversavam, deixando a atmosfera mais tranquila. Fui até a cozinha, estancando atrás da porta. Vozes gritadas saíam de lá de dentro.
“Você é um babaca! Como pôde fazer isso comigo? Você não cansa de me humilhar?”
“Pare de ser dramática, foi só uma porcaria de um beijo...” uma voz masculina respondeu, meio arrastada. Parecia estar bêbado.
“Só um beijo? Só uma porcaria de um beijo? Eu vi vocês dois! Por que você beijaria alguém totalmente pelado? Eu sou a Droga da sua namorada, Bryson! E você não me respeita! Nunca me respeitou! Só sabe beber e arranjar confusão! Você é um monstro! Você sempre estraga tudo!”
Então ela ofegou um “me solta!” e logo em seguida ouvi algo se chocar contra a parede. A voz masculina murmurou “agora eu vou calar sua boca, sua vagabunda!”
Abri a porta de supetão, encontrando um cara alto e loiro segurando a garota da boina vermelha pelo pescoço, forçando-a contra a parede. Ela estava vermelha, e parecia desacordada.
- Solta a garota, seu covarde Cabeça de mamão! – me ouvi gritar, desferindo um soco certeiro em seu nariz. O cara cambaleou para trás, fechando os olhos verdes com força, e a garota se apoiou na parede, desnorteada. – Por que não mexe com alguém do seu tamanho, seu babaca? Vaza daqui antes que eu chame a polícia! – terminei, ofegante.
O garoto passou a mão pelo nariz, fazendo uma careta ao ver o sangue nos dedos. Recuou dois passos e começou a andar em direção à porta da cozinha. Não sem antes lançar um olhar mortífero para a garota e vociferar:
- Isso vão vai ficar assim. – ameaçou, passando pela porta como um fantasma.
Olhei ofegante para ela, que me olhava sem expressão.
- Quem é você? – perguntou, com a respiração cortada.
- Um “obrigada” seria mais educado... – comentei, nervoso pela descarga de adrenalina, fazendo-a rir.
- Obrigada. – murmurou, envergonhada. – Você não precisava ter feito aquilo.
Olhei para ela, confuso.
- Como não? O cara ia te matar! – exclamei, e ela abaixou os olhos, ficando séria. – O que foi? Disse algo errado? Fiz algo errado?
- Você? – perguntou, subindo os olhos. Eles eram castanhos e profundos. – Não!
Que papo de maluco era aquele?
- Quer que eu chame a polícia? - perguntei, pegando meu celular no bolso.
- Não! - ela gritou, vindo até mim e recolocando o celular em meu bolso. - Não faça isso. Por favor.
Seus olhos eram suplicantes. Vacilei, antes de devolver o celular ao bolso.
- Tudo bem, como quiser... Damon Salvatore, mas pode me chamar de Damon. – estendi a mão para ela, tentando amenizar a situação.
- Prazer, Damon. – ela cantarolou, como se não quase fora morta segundos antes. – Eu sou...
- Salvatore! – Tyler invadiu a cozinha, desesperado. – O Stefan tá brigando com um cara lá fora!
Suspirei, virando os olhos. Sempre Stefan... Sempre ele...
Olhei para a garota na minha frente, uma bonequinha despedaçada. Lancei um olhar de desculpas e saí sem me despedir.
Flashback Off.
Se ao menos eu tivesse ouvido seu nome ali mesmo, talvez não tivesse esquecido... Talvez...
- Acho que o Damon chegou só em corpo, galera! – o VJ me tirou dos pensamentos. Sorri, envergonhado.
- Foi mal, estou morrendo de sono... – me desculpei no microfone.
- Ouviram só isso, meninas? Damon está exausto! Qual de vocês se candidata a cuidar dele?
- Eu! – Stefan exclamou, afetado.
Rimos todos. Era um novo começo para o The Travel! Infelizmente eu parecia estar preso ao passado...
- Matt, você... – parei no meio, sem coragem.
- Sim, Damon, eu te amo. Não, Damon, eu não vou namorar com você, me desculpe. Meu negócio são as mulheres.
Ri, divertido.
Estava levando Matt à sua casa depois da entrevista. Nunca havia tocado naquele assunto com nenhum deles antes, mas aqueles sonhos e flashbacks estavam me assustando. Eu precisava fazer alguma coisa a respeito. Precisava de algumas respostas.
- Não, é sério agora... – respirei fundo. – Você se lembra de uma garota que apareceu chorando na nossa porta, na nossa primeira turnê, em Bristol?
Matt ficou mudo, pensativo. Depois coçou a barba rala.
- Cara, não lembro, não!
- Claro que lembra! – exclamei, meio puto. – Aquela da boina vermelha, óculos pretos...
- Aaaah! Sim, claro que eu me lembro! – ele riu. – Bem gata...
“É, eu sei...”
- Por quê? - perguntou, interessado.
- Você lembra o nome dela? – soltei de uma vez, ansioso, ignorando sua pergunta.
- Aí você tá pedindo demais, cara... Eu não lembro nem o que eu comi ontem, e acho que ela nunca chegou a dizer seu nome pra gente... Por que a pergunta?
Ri, nervoso. É, ela não havia dito seu nome pra eles, era verdade, mas pra mim havia dito. E eu não conseguia me lembrar.
- Sei lá... Estava lembrando dela, aquele dia foi engraçado. - não era mentira. Mas também não era toda a verdade.
- Hm... Mas eu lembro da Ágata. Lembra dessa? - ele riu, arrancando uma risada rápida de mim. - Bons tempos, cara, bons tempos...
Parei em frente a sua luxuosa casa, dentro do condomínio fechado em que morávamos. Matt saiu do carro, agradecendo distraído. “Entrevista amanhã às 10h30, Damon, não se atrase de novo!” ele gritou, antes de entrar na casa.
Avancei pela rua. Cheguei à minha própria casa, mais cansado do que deveria. Joguei-me no sofá em que dormira na noite anterior, fechando os olhos...
Flashback On.
- Stefan, você é um babaca... – comentei, enquanto ele colocava uma lata de cerveja gelada no galo da cabeça.
- Ele quem começou... – murmurou, infantil.
- De jeito nenhum, cara, não saia daqui, o cara lá fora quer te matar... - aconselhei, saindo do quarto e fechando a porta atrás de mim.
Primeiro a briga na cozinha, depois aquilo... Aquela noite estava sendo uma droga. Uma grande e fedida droga.
Cruzei os corredores, trombando com a menina da boina. Sorri, verdadeiro, e ela sorriu fraquinho. Seu rosto não estava mais vermelho, mas ela parecia agitada.
- Como vai, boininha? - perguntei, querendo fazê-la rir, não sabendo exatamente por quê. Ela sorriu sem mostrar os dentes, com os olhos ainda vermelhos. - Está tudo bem? Aquele cara... Está te incomodando?
Sabia que em briga de marido e mulher não se metia a colher, mas algo dentro de mim queria acabar com a raça do Cabeça de mamão que a estava enforcando.
- Ele me incomoda há quatro anos. - ela comentou, dando de ombros. - Um dia a mais, um dia a menos, não vai me fazer perder a paciência.
Cocei a nuca. Aquela menina era esquisita... Sexy, mas esquisita. E de um modo completamente bizarro, eu gostaria de beijá-la. Seus lábios pareciam ter vida própria, me chamando...
- Vá se divertir, não precisa se preocupar comigo. - ela passou por mim, sem rumo.
- Olha só, você... - chamei, e ela se virou no mesmo instante, como se esperasse por aquilo. Sorri amarelo. Eu não sabia o que ia dizer, só queria chamar sua atenção. - Você não quer, sei lá, beber alguma coisa?
- Preciso voltar ao meu quarto. - ela deu de ombros.
- Vamos lá, só uma cerveja. - insisti. - Vamos ao terraço, você vai curtir a festa e esquecer seu namorado.
- Meu namorado está no terraço. - ela disse, amarga.
- Então nós podemos ir lá embaixo, na piscina. - peguei sua mão, e ela estremeceu. - O que me diz?
Ela hesitou um pouco, mas acabou dando de ombros.
- É, pode ser. - ela soltou sua mão da minha, caminhando em direção ao elevador. Entramos, e ela continuou muda ao meu lado. Senti minhas mãos soarem, em contraste com minha pele fria em contato com o ar-condicionado do cubículo. Eu poderia muito bem estar lá em cima caçando minha presa, mas de algum jeito estranho, a garota da boina vermelha parecia bem mais interessante. Ela parecia aquele tipo de menina que precisava desesperadamente de um abraço.
Descemos no primeiro subsolo e caminhamos por um longo corredor que cheirava a cloro. Aquele típico cheiro de piscina. Chegamos ao final dele e abrimos a porta. O lugar estava completamente vazio. Sem nenhuma alma viva. Até a água estava estática. O único barulho que ouvíamos era o do aquecedor.
- O que vai querer? - ela soltou minha mão, indo até o bar vazio. - Cerveja?
- Não tem ninguém aí. - balbuciei o óbvio. Ela soltou uma risadinha marota - seu estado de espírito havia mudando da água para o vinho - e pulou a bancada, entrando no quiosque. Abriu o frigobar e pescou duas cervejas geladas. - Bom, parece que você resolveu nosso problema.
Aproximei-me do bar, pegando a cerveja da sua mão. Ela pulou a bancada novamente, sentando-se no frio do mármore. Sentei-me em um dos bancos, dando um longo gole na minha bebida. Ela imitou meu gesto e nós ficamos parados, observando o azul da piscina cristalina.
Perdi-me em pensamentos, um tanto quanto agitado. Não senti a movimentação atrás de mim, e quando me virei deixei meu queixo cair um pouco. A garota estava só de roupas íntimas, terminando de tirar os sapatos. A boina não estava mais em sua cabeça, deixando seu cabelo respirar, e os óculos estavam ao lado das roupas. Ela jogou a sapatilha do pé direito longe e encostou os pés no chão. Olhei-a de cima a baixo. O que diabos ela estava fazendo?
- Quem entrar por último é a mulher do padre? - ela brincou, apontando com a cabeça para a piscina.
- Se formos pegos aqui nesse horário podem nos expulsar do hotel... - disse a primeira coisa que veio à minha mente.
- Cagão. - ela virou os olhos, dando impulso e se jogando na água.
Pisquei os olhos algumas vezes. Aquilo estava mesmo acontecendo.
Ela emergiu na água, olhando diretamente para mim. Nem preciso dizer que no instante seguinte eu estava tirando minha roupa.
Chiie- Mensagens : 248
Pontos : 5304
Data de inscrição : 18/07/2011
Localização : New Orleans
Re: Lembranças
Acordei com o telefone tocando. Dei um pulo do sofá, cambaleando até o criado mudo. Peguei o telefone na mão, trêmulo. Apertei o "send" e respirei aliviado ao ouvir a voz de Caroline. O sonho fora tão real que por um momento achei que tivesse voltado no tempo.
- Damon, vou me atrasar um pouco, mas chego em casa umas dez horas, tudo bem? - olhei no relógio, constatando que havia dormido por mais ou menos sete horas. Eram 18h23.
- Tudo bem... - assenti sozinho com a cabeça. - Se precisar, sabe onde me encontrar.
- Sim, eu sei. - ela riu, e meu coração deu um pulo no peito. - Até mais tarde, meu amor. Eu te amo.
- Eu também te amo. - vomitei as palavras, ansioso para dizê-las. - Até mais tarde, Carol.
Olhei pela janela, observando os tons de azul escuro brigarem com os tons de laranja claro para ver quem cobriria o céu. Pesquei meu celular no bolso, depois de muito pensar, ligando para Stefan. Ele atendeu, meio sonolento, e eu tinha certeza que ele havia passado a tarde dormindo, assim como eu.
- Fala, vagabundo. - ele brincou.
- E aí, cara! - cumprimentei, sem saco para brincadeiras. - Stefan, me diz uma coisa, você se lembra do nome daquela garota de boina que apareceu chorando na porta do nosso quarto na turnê de 2005, em Bristol? - soltei de uma vez. Precisava tirar aquele peso da minha cabeça.
- Hm... - ele murmurou. - Sei lá, cara, acho que ela não chegou a dizer o nome pra gente, chegou? Aliás, por que você quer saber o nome dela?
- Por nada... - suspirei. - Só estava tentando me lembrar.
- Se conseguir essa proeza, me avise! - ele pediu. - Ela era bem gata.
Desliguei o celular depois de me despedir, antes que ele fizesse mais perguntas. Quanto menos ele soubesse, menos os outros saberiam, menosCaroline poderia saber dos meus sonhos.
Fui até a cozinha, colocando um pacote de pipocas no microondas. Sentei-me na mesa, observando tudo ao meu redor.
Como eu não conseguia lembrar-me de seu nome? Como? Era tão óbvio, os momentos que passamos juntos estavam tão frescos na minha cabeça!
Bati com a cabeça no vidro, dando leves batidinhas em seguida. Tinha que me lembrar. Tinha que me lembrar!
Flashback On.
- Boininha, já é meio tarde. - comentei, ao seu lado. Estávamos na piscina, que já começava a ficar fria. Meus dedos estavam enrugados. Ela gargalhou, e sua risada era quente. Assim como todo o resto de seu corpo.
- Esse apelido é engraçado... - suspirou, encostando a cabeça em meu peito e me abraçando. Arregalei os olhos com a atitude repentina, sem saber direito o que fazer com as minhas mãos. Depois de uma briga interna, decidi por colocá-las em seu cabelo molhado. Ela suspirou. Ela era maluca. Completamente maluca! Numa hora estava me ignorando por completo enquanto eu tentava puxar assunto, e na outra me abraçava, como se fôssemos velhos amigos, ou algo mais... Eu havia ficado a noite inteira tentando sacá-la, sem nenhum progresso. Aquilo estava me deixando confuso.
Apoiei o queixo no topo da sua cabeça. Seu cheiro era inebriante. Durante as duas horas em que havíamos conversado na piscina, descobri que me identificava mais com ela, uma pessoa que havia conhecido em menos de 24 horas, do que com pessoas que convivi a vida inteira. Ela tinha os mesmos gostos que eu, o mesmo senso de humor, os mesmos hábitos, e me fizera rir várias vezes, o que era uma raridade. Ela podia ser meio maluca, mas sabia muito bem como conquistar alguém.
Só uma coisa me impedia de pensar em tentar conquistá-la de volta.
- Qual é o nome dele? - pensei em voz alta, logo em seguida cobrindo a boca com a mão. - Você não precisa me contar isso se não quiser, claro.
- Ele se chama Bryson Baker. Tem 24 anos, é seis anos mais velho que eu. Somos namorados há quatro anos.
Ficamos em silêncio. Ela parecia estar pensando em como continuaria a história, e eu permaneci calado, incentivando-a. Estava curioso. Ou até mesmo enciumado.
- Eu o conheci em uma festa. Nós ficamos na mesma noite e na semana seguinte ele me pediu em namoro. Parecia um príncipe, era tudo o que eu queria... Mas alguns meses depois as coisas começaram a dar errado. Minha mãe adoeceu, a depressão bateu profunda. Começou a ter ataques psicóticos, e a tomar remédios muito caros. Meu pai não aguentou a pressão e foi embora, me deixando sozinha com ela. Paralelo a isso, Bryson me bateu pela primeira vez. - ela respirou fundo. - Nas primeiras vezes, ele pediu desculpas, implorando para me ter de volta. Começou a pagar os remédios para a minha mãe, pois vem de uma família muito rica, e eu comecei a depender cada vez mais dele. Em troca dos remédios, deixava ele me bater, depois de beber muito. Hoje você viu uma prévia disso. Mas eu não posso me separar dele. Só ele pode pagar os cuidados que minha mãe precisa. Só ele pode me ajudar...
Ela terminou o relato de sua vida relativamente calma. Não parecia prestes a desabar, como qualquer garota normal em sua situação faria. Estava firme. Parecia até mais feliz, por finalmente desabafar com alguém, mesmo que esse alguém fosse um estranho qualquer com quem resolvera dividir algumas bebidas.
Aquele era um daqueles momentos em que nada fazia sentido, mas tudo parecia... Se encaixar.
- E o que vocês estão fazendo aqui no hotel? - perguntei, segurando-me para não subir até o terraço e acabar com a raça daquele desgraçado.
- Hoje eu tive um congresso no centro da cidade. Eu faço faculdade de medicina, e vim assistir a uma palestra. Um professor que me convidou. Trouxe bryson comigo porque não gosto de deixá-lo sozinho com a minha mãe. Hoje mais cedo, eu subi para a festa e quando desci para o quarto, o peguei na cama com outra garota, e o resto você já sabe. - ela saiu de perto de mim, e meu corpo pareceu reclamar. Depois saiu da piscina pela escada e foi até o bar se secar.
Saí logo em seguida, sentindo o frio cortar minha pele. Corri até minhas roupas, colocando-as logo depois de me secar.
- Sabe, Damon, você é um cara legal. - ela observou, assim que terminou de se vestir.
- Obrigado. - respondi, olhando fundo em seus olhos inexpressivos. - Você é uma garota muito legal! - aproximei-me dela, minhas pernas se movendo sozinhas, e coloquei uma mecha de seu cabelo molhado atrás de sua orelha. Ela sorriu, tímida, e abaixou os olhos. Assim que os subiu, inclinei minha cabeça e beijei seus lábios, não conseguindo me controlar.
Ela tinha hálito de cerveja, cheirava à cloro e seus lábios estavam gelados. Nada mais excitante.
Empurrei-a contra a parede, beijando-a carinhosamente. Ela abriu a boca ao sentir minha língua, e aprovou a passagem. Envolvi sua cintura com os braços e ela repousou os braços nos meus ombros.
O melhor beijo que já havia provado, sem nenhuma dúvida.
"Preciso ter essa garota pra mim." pensei. "Mas primeiro preciso saber seu nome..."
Flashback Off.
Pisquei os olhos ao ouvir o barulhinho irritante do micro-ondas, avisando que minha pipoca já estava pronta. Fui até lá e desliguei o aparelho. Subi até meu quarto e liguei a TV, tentando me distrair.
Caroline chegou em casa onze e meia da noite. Percebi através dos meus olhos fechados que ela havia ligado a luz, mas não os abri. Estava cansado. Cansado dos sonhos, cansado de tentar lembrar algo que parecia ter sumido da minha cabeça, cansado daquele mês, em que uma garota que amei intensamente por um pequeno intervalo de tempo estava ocupando meus pensamentos, que deveriam ser da garota que amava no atual momento.
Ela deitou-se ao meu lado, depois de apagar a luz, e nos cobriu. Abraçou-me pela cintura e beijou meu pescoço, virando para o outro lado. Eu não estava com um pingo de sono, mas não queria dar sinais de vida. No fundo, não queria encará-la. Estava traindo-a em pensamentos, me sentia sujo. Estava recordando um antigo amor ao lado da mulher da minha vida. Não fazia sentido. Não podia fazer sentido. Eu queria tirá-la da minha cabeça, mas algo muito mais forte que eu me impedia de esquecê-la. Não conseguia esquecer a garota sem nome.
Flashback On.
- Vamos subir para o meu quarto? - propus, terminando o beijo repentinamente. Continuei com os olhos fechados e ela riu. - Essas roupas molhadas estão gelando a minha bunda.
A garota riu, e afastou-se um pouco de mim, o suficiente para poder me olhar nos olhos sem ficar vesga.
- Você quer transar comigo? - perguntou, derrubando todas as minhas respostas prontas. Arregalei os olhos, numa falsa indignação. Era claro que eu queria transar com ela, mas estava assim tão óbvio? - Você só quer fazer isso porque eu dei mole ou tem algum outro motivo.
Olhei para ela fixamente. Seu cabelo estava quase secado, e a pele da bochecha estava esticada pelo cloro. Os olhos vermelhos, algumas pintinhas na testa e os lábios um pouco inchados do beijo. Ela era, com certeza, uma das garotas mais bonitas que eu já havia visto. Sem sombra de dúvida. Mas ela era mais do que isso... Não sabia explicar o que eu poderia estar sentindo por ela, mesmo porque eu nem a conhecia direito, mas meu coração se acelerava no peito toda vez que tentava provar pra ela que eu era um cara legal.
Talvez não fosse mais uma transa. Talvez eu até gostasse dela. Talvez aquele pudesse ser um daqueles amores arrebatadores, que te pegam de surpresa. Talvez eu estivesse apaixonado! Seria impossível? Claro que não. Tantas pessoas se apaixonam por bem menos... Sorri vagamente, encostando meu nariz ao dela.
- Você ser a garota mais linda e mais esquisita que eu já conheci é um motivo? - perguntei, fazendo-a sorrir. - Ter uma vontade muito estranha de te defender pra sempre é um motivo? Ter vontade de te carregar no colo e te apresentar pra todas as pessoas que eu conheço é um motivo? Querer te ajudar, querer te beijar, querer ficar com você de verdade mesmo sem te conhecer direito, é um motivo?
Parei para respirar, esperando sua reação.
A garota da boina estava feliz. Pegou minha mão e foi em direção aos elevadores, sem dizer uma palavra. Deixei-me levar. Paramos no terceiro andar e corremos para o quarto 302. Ela trancou a porta.
- Eu nem sei seu nome, mas essa é a melhor noite da minha vida... - pensei alto.
A garota segurou meu rosto com as duas mãos. Pude ver de perto seus grandes olhos, o cabelo bagunçado, o desenho da sua boca, seu nariz delicado, suas bochechas coradas, as pintinhas minúsculas em sua testa, seu queixo vermelho... O rosto do meu primeiro amor de uma noite só. Ou talvez meu primeiro amor pra toda vida.
- Prazer, Boininha. - ela riu, voltando a me beijar.
Flashback Off.
"Boininha!" Era a única coisa que eu sabia dela? Não, não era. Ela havia me dito seu nome ali, naquele quarto, um pouco depois de nós cairmos para o lado, ofegantes; Seu nome, que eu não conseguia recordar. O nome da garota que não saiu da minha cabeça por uns bons dois anos. A garota que eu queria saber como estava, por onde andaria, mesmo com o coração partido... A garota que Caroline substituiu nos meus pensamentos. Mas seu nome ainda estava por lá. Eu sabia que estava lá. Eu sabia.
Boininha, minha Boininha. Uma noite inesquecível, um rosto inesquecível, sensações inesquecíveis, e nenhum nome para poder te rastrear...
Acordei no dia seguinte com Caroline me cutucando. Havia adormecido como uma pedra, sem sonhos.
- Amor, você tem entrevista às 10 horas! - ela me chacoalhou. Olhei para ela com os olhos semi-abertos. Já estava pronta para sair. Sorri e puxei-a para mais perto. Ela se desequilibrou e caiu em meu colo. Nós dois rimos como crianças. Beijei sua testa e ela suspirou. - Queria poder ficar com você hoje...
- Amanhã é sexta, e nós vamos ficar juntos a noite inteira. - murmurei em seu ouvido. Ela se arrepiou.
- Vou esperar ansiosamente por isso. - ela sorriu, levantando-se. Beijou de leve minha boca, pegou sua bolsa na cadeira e saiu pela porta.
Olhei para frente, embasbacado. Como era linda minha namorada. Tão linda... Linda como ela só... A Boininha.
Que destruiu meu coração.
Agora eu me lembrava porque não havia ido atrás dela durante todos aqueles anos. Agora eu me lembrava da dor insana que havia sentido. Da traição, da sua submissão... Agora eu me lembrava claramente.
Flashback On.
Acordei com socos ardidos no ombro. Abri os olhos e encontrei a garota aflita. Estava com os óculos pretos, mas sem a boina. Usava calça jeans e camisa xadrez. Ela estava desesperada.
- Damon, acorde, preciso ir para o meu quarto. - ela murmurou.
Olhei no relógio do celular. Eram 4h20 da manhã. Levantei-me com um pulo, pegando minhas roupas no chão. Vesti-me em silêncio, sob os olhares arrependidos dela. Estaria arrependida de ter ficado comigo? Eu havia passado uma das melhores - se não a melhor - noites da minha vida, e ela estava arrependida? Triste por ter traído o namorado que a espancava?
Acabei de me arrumar e olhei pra ela, que sorriu nervosa para mim.
- O que foi? Fiz alguma coisa errada? - perguntei pela segunda vez na noite.
- Você? - ela me olhou com seus grandes olhos, vindo até mim e beijando minha testa. - Não!
Depois desceu o beijo para a boca, e dessa vez foi ela quem me encostou à parede. Ficamos nos beijando por um bom tempo, e meu coração parecia uma escola de samba.
Quem era aquela menina, e o que tinha feito comigo?
- Eu vou embora hoje, Damon. - ela separou nossas bocas bruscamente. - E eu... Eu não posso mais te ver.
Abri a boca para responder, mas ela não deixou.
- Me desculpe, foi ótimo ficar com você, mas eu preciso voltar para a realidade, voltar para quem realmente pode me dar estabilidade. Adorei ter te conhecido, e agradeço pela noite maravilhosa, e por ter me ouvido. Mas agora eu preciso ir, e você não pode nunca mais me procurar. Está entendendo?
Minha respiração falhou. Então era aquilo? Tudo acabaria tão rápido quanto havia começado?
- V-você... - gaguejei, sentindo que iria chorar. Sim, eu iria chorar por uma garota que havia conhecido em menos de 24 horas. O quão patético aquilo seria? Respirei fundo, engolindo a maçã que havia se formado em minha garganta. - Elizabeth, por favor, nós podemos mudar as coisas. Podemos mudar sua situação. Eu vou te ajudar! Não seja fraca!
- Por favor, Damon, não se iluda, você não poderia me ajudar. Você tem uma linda vida pela frente, e não vai se prender a alguém como eu. Você não pode me ajudar. Ninguém pode me ajudar... - ela sussurrou, e eu poderia jurar que estava prestes a chorar também. Ela abriu a porta para ir embora, mas eu a puxei pelo braço, desesperado.
- Você não pode ir embora assim! - exclamei, sem nenhum orgulho. - Por favor, Jenna, não vá!
Ela sorriu, sombria, e passou a língua pelo lábio inferior. Nós dois sabíamos o que estava prestes a acontecer. Nós dois sabíamos que assim que ela entrasse em seu quarto apanharia. Mas ela estava desistindo de tentar. Desistindo de querer ficar comigo. Desistindo da própria vida.
Minha mão ficou mole, fraca, e ela pôde se soltar. Saiu do quarto rapidamente, sem dizer nada, sem responder as minhas súplicas, mas olhando em meus olhos. Depois fechou a porta, me deixando ali sozinho, com os olhos ardendo.
Eu não fui atrás dela, mesmo pressentindo o pior. Não fui ao seu quarto para protegê-la. Proteger Jenna, que havia amado com todo o meu coração, de um jeito que nenhum filme poderia explicar.
Meu coração estava em pedaços, e eu ignorei o que poderia estar acontecendo a ela. E nunca mais a procurei, para dizer que a amava. Guardei dentro de mim aquele amor, que parecia impossível, irreal. Mas era amor. Verdadeiro. E ela nunca soube.
Flashback Off.
- Damon, vou me atrasar um pouco, mas chego em casa umas dez horas, tudo bem? - olhei no relógio, constatando que havia dormido por mais ou menos sete horas. Eram 18h23.
- Tudo bem... - assenti sozinho com a cabeça. - Se precisar, sabe onde me encontrar.
- Sim, eu sei. - ela riu, e meu coração deu um pulo no peito. - Até mais tarde, meu amor. Eu te amo.
- Eu também te amo. - vomitei as palavras, ansioso para dizê-las. - Até mais tarde, Carol.
Olhei pela janela, observando os tons de azul escuro brigarem com os tons de laranja claro para ver quem cobriria o céu. Pesquei meu celular no bolso, depois de muito pensar, ligando para Stefan. Ele atendeu, meio sonolento, e eu tinha certeza que ele havia passado a tarde dormindo, assim como eu.
- Fala, vagabundo. - ele brincou.
- E aí, cara! - cumprimentei, sem saco para brincadeiras. - Stefan, me diz uma coisa, você se lembra do nome daquela garota de boina que apareceu chorando na porta do nosso quarto na turnê de 2005, em Bristol? - soltei de uma vez. Precisava tirar aquele peso da minha cabeça.
- Hm... - ele murmurou. - Sei lá, cara, acho que ela não chegou a dizer o nome pra gente, chegou? Aliás, por que você quer saber o nome dela?
- Por nada... - suspirei. - Só estava tentando me lembrar.
- Se conseguir essa proeza, me avise! - ele pediu. - Ela era bem gata.
Desliguei o celular depois de me despedir, antes que ele fizesse mais perguntas. Quanto menos ele soubesse, menos os outros saberiam, menosCaroline poderia saber dos meus sonhos.
Fui até a cozinha, colocando um pacote de pipocas no microondas. Sentei-me na mesa, observando tudo ao meu redor.
Como eu não conseguia lembrar-me de seu nome? Como? Era tão óbvio, os momentos que passamos juntos estavam tão frescos na minha cabeça!
Bati com a cabeça no vidro, dando leves batidinhas em seguida. Tinha que me lembrar. Tinha que me lembrar!
Flashback On.
- Boininha, já é meio tarde. - comentei, ao seu lado. Estávamos na piscina, que já começava a ficar fria. Meus dedos estavam enrugados. Ela gargalhou, e sua risada era quente. Assim como todo o resto de seu corpo.
- Esse apelido é engraçado... - suspirou, encostando a cabeça em meu peito e me abraçando. Arregalei os olhos com a atitude repentina, sem saber direito o que fazer com as minhas mãos. Depois de uma briga interna, decidi por colocá-las em seu cabelo molhado. Ela suspirou. Ela era maluca. Completamente maluca! Numa hora estava me ignorando por completo enquanto eu tentava puxar assunto, e na outra me abraçava, como se fôssemos velhos amigos, ou algo mais... Eu havia ficado a noite inteira tentando sacá-la, sem nenhum progresso. Aquilo estava me deixando confuso.
Apoiei o queixo no topo da sua cabeça. Seu cheiro era inebriante. Durante as duas horas em que havíamos conversado na piscina, descobri que me identificava mais com ela, uma pessoa que havia conhecido em menos de 24 horas, do que com pessoas que convivi a vida inteira. Ela tinha os mesmos gostos que eu, o mesmo senso de humor, os mesmos hábitos, e me fizera rir várias vezes, o que era uma raridade. Ela podia ser meio maluca, mas sabia muito bem como conquistar alguém.
Só uma coisa me impedia de pensar em tentar conquistá-la de volta.
- Qual é o nome dele? - pensei em voz alta, logo em seguida cobrindo a boca com a mão. - Você não precisa me contar isso se não quiser, claro.
- Ele se chama Bryson Baker. Tem 24 anos, é seis anos mais velho que eu. Somos namorados há quatro anos.
Ficamos em silêncio. Ela parecia estar pensando em como continuaria a história, e eu permaneci calado, incentivando-a. Estava curioso. Ou até mesmo enciumado.
- Eu o conheci em uma festa. Nós ficamos na mesma noite e na semana seguinte ele me pediu em namoro. Parecia um príncipe, era tudo o que eu queria... Mas alguns meses depois as coisas começaram a dar errado. Minha mãe adoeceu, a depressão bateu profunda. Começou a ter ataques psicóticos, e a tomar remédios muito caros. Meu pai não aguentou a pressão e foi embora, me deixando sozinha com ela. Paralelo a isso, Bryson me bateu pela primeira vez. - ela respirou fundo. - Nas primeiras vezes, ele pediu desculpas, implorando para me ter de volta. Começou a pagar os remédios para a minha mãe, pois vem de uma família muito rica, e eu comecei a depender cada vez mais dele. Em troca dos remédios, deixava ele me bater, depois de beber muito. Hoje você viu uma prévia disso. Mas eu não posso me separar dele. Só ele pode pagar os cuidados que minha mãe precisa. Só ele pode me ajudar...
Ela terminou o relato de sua vida relativamente calma. Não parecia prestes a desabar, como qualquer garota normal em sua situação faria. Estava firme. Parecia até mais feliz, por finalmente desabafar com alguém, mesmo que esse alguém fosse um estranho qualquer com quem resolvera dividir algumas bebidas.
Aquele era um daqueles momentos em que nada fazia sentido, mas tudo parecia... Se encaixar.
- E o que vocês estão fazendo aqui no hotel? - perguntei, segurando-me para não subir até o terraço e acabar com a raça daquele desgraçado.
- Hoje eu tive um congresso no centro da cidade. Eu faço faculdade de medicina, e vim assistir a uma palestra. Um professor que me convidou. Trouxe bryson comigo porque não gosto de deixá-lo sozinho com a minha mãe. Hoje mais cedo, eu subi para a festa e quando desci para o quarto, o peguei na cama com outra garota, e o resto você já sabe. - ela saiu de perto de mim, e meu corpo pareceu reclamar. Depois saiu da piscina pela escada e foi até o bar se secar.
Saí logo em seguida, sentindo o frio cortar minha pele. Corri até minhas roupas, colocando-as logo depois de me secar.
- Sabe, Damon, você é um cara legal. - ela observou, assim que terminou de se vestir.
- Obrigado. - respondi, olhando fundo em seus olhos inexpressivos. - Você é uma garota muito legal! - aproximei-me dela, minhas pernas se movendo sozinhas, e coloquei uma mecha de seu cabelo molhado atrás de sua orelha. Ela sorriu, tímida, e abaixou os olhos. Assim que os subiu, inclinei minha cabeça e beijei seus lábios, não conseguindo me controlar.
Ela tinha hálito de cerveja, cheirava à cloro e seus lábios estavam gelados. Nada mais excitante.
Empurrei-a contra a parede, beijando-a carinhosamente. Ela abriu a boca ao sentir minha língua, e aprovou a passagem. Envolvi sua cintura com os braços e ela repousou os braços nos meus ombros.
O melhor beijo que já havia provado, sem nenhuma dúvida.
"Preciso ter essa garota pra mim." pensei. "Mas primeiro preciso saber seu nome..."
Flashback Off.
Pisquei os olhos ao ouvir o barulhinho irritante do micro-ondas, avisando que minha pipoca já estava pronta. Fui até lá e desliguei o aparelho. Subi até meu quarto e liguei a TV, tentando me distrair.
Caroline chegou em casa onze e meia da noite. Percebi através dos meus olhos fechados que ela havia ligado a luz, mas não os abri. Estava cansado. Cansado dos sonhos, cansado de tentar lembrar algo que parecia ter sumido da minha cabeça, cansado daquele mês, em que uma garota que amei intensamente por um pequeno intervalo de tempo estava ocupando meus pensamentos, que deveriam ser da garota que amava no atual momento.
Ela deitou-se ao meu lado, depois de apagar a luz, e nos cobriu. Abraçou-me pela cintura e beijou meu pescoço, virando para o outro lado. Eu não estava com um pingo de sono, mas não queria dar sinais de vida. No fundo, não queria encará-la. Estava traindo-a em pensamentos, me sentia sujo. Estava recordando um antigo amor ao lado da mulher da minha vida. Não fazia sentido. Não podia fazer sentido. Eu queria tirá-la da minha cabeça, mas algo muito mais forte que eu me impedia de esquecê-la. Não conseguia esquecer a garota sem nome.
Flashback On.
- Vamos subir para o meu quarto? - propus, terminando o beijo repentinamente. Continuei com os olhos fechados e ela riu. - Essas roupas molhadas estão gelando a minha bunda.
A garota riu, e afastou-se um pouco de mim, o suficiente para poder me olhar nos olhos sem ficar vesga.
- Você quer transar comigo? - perguntou, derrubando todas as minhas respostas prontas. Arregalei os olhos, numa falsa indignação. Era claro que eu queria transar com ela, mas estava assim tão óbvio? - Você só quer fazer isso porque eu dei mole ou tem algum outro motivo.
Olhei para ela fixamente. Seu cabelo estava quase secado, e a pele da bochecha estava esticada pelo cloro. Os olhos vermelhos, algumas pintinhas na testa e os lábios um pouco inchados do beijo. Ela era, com certeza, uma das garotas mais bonitas que eu já havia visto. Sem sombra de dúvida. Mas ela era mais do que isso... Não sabia explicar o que eu poderia estar sentindo por ela, mesmo porque eu nem a conhecia direito, mas meu coração se acelerava no peito toda vez que tentava provar pra ela que eu era um cara legal.
Talvez não fosse mais uma transa. Talvez eu até gostasse dela. Talvez aquele pudesse ser um daqueles amores arrebatadores, que te pegam de surpresa. Talvez eu estivesse apaixonado! Seria impossível? Claro que não. Tantas pessoas se apaixonam por bem menos... Sorri vagamente, encostando meu nariz ao dela.
- Você ser a garota mais linda e mais esquisita que eu já conheci é um motivo? - perguntei, fazendo-a sorrir. - Ter uma vontade muito estranha de te defender pra sempre é um motivo? Ter vontade de te carregar no colo e te apresentar pra todas as pessoas que eu conheço é um motivo? Querer te ajudar, querer te beijar, querer ficar com você de verdade mesmo sem te conhecer direito, é um motivo?
Parei para respirar, esperando sua reação.
A garota da boina estava feliz. Pegou minha mão e foi em direção aos elevadores, sem dizer uma palavra. Deixei-me levar. Paramos no terceiro andar e corremos para o quarto 302. Ela trancou a porta.
- Eu nem sei seu nome, mas essa é a melhor noite da minha vida... - pensei alto.
A garota segurou meu rosto com as duas mãos. Pude ver de perto seus grandes olhos, o cabelo bagunçado, o desenho da sua boca, seu nariz delicado, suas bochechas coradas, as pintinhas minúsculas em sua testa, seu queixo vermelho... O rosto do meu primeiro amor de uma noite só. Ou talvez meu primeiro amor pra toda vida.
- Prazer, Boininha. - ela riu, voltando a me beijar.
Flashback Off.
"Boininha!" Era a única coisa que eu sabia dela? Não, não era. Ela havia me dito seu nome ali, naquele quarto, um pouco depois de nós cairmos para o lado, ofegantes; Seu nome, que eu não conseguia recordar. O nome da garota que não saiu da minha cabeça por uns bons dois anos. A garota que eu queria saber como estava, por onde andaria, mesmo com o coração partido... A garota que Caroline substituiu nos meus pensamentos. Mas seu nome ainda estava por lá. Eu sabia que estava lá. Eu sabia.
Boininha, minha Boininha. Uma noite inesquecível, um rosto inesquecível, sensações inesquecíveis, e nenhum nome para poder te rastrear...
Acordei no dia seguinte com Caroline me cutucando. Havia adormecido como uma pedra, sem sonhos.
- Amor, você tem entrevista às 10 horas! - ela me chacoalhou. Olhei para ela com os olhos semi-abertos. Já estava pronta para sair. Sorri e puxei-a para mais perto. Ela se desequilibrou e caiu em meu colo. Nós dois rimos como crianças. Beijei sua testa e ela suspirou. - Queria poder ficar com você hoje...
- Amanhã é sexta, e nós vamos ficar juntos a noite inteira. - murmurei em seu ouvido. Ela se arrepiou.
- Vou esperar ansiosamente por isso. - ela sorriu, levantando-se. Beijou de leve minha boca, pegou sua bolsa na cadeira e saiu pela porta.
Olhei para frente, embasbacado. Como era linda minha namorada. Tão linda... Linda como ela só... A Boininha.
Que destruiu meu coração.
Agora eu me lembrava porque não havia ido atrás dela durante todos aqueles anos. Agora eu me lembrava da dor insana que havia sentido. Da traição, da sua submissão... Agora eu me lembrava claramente.
Flashback On.
Acordei com socos ardidos no ombro. Abri os olhos e encontrei a garota aflita. Estava com os óculos pretos, mas sem a boina. Usava calça jeans e camisa xadrez. Ela estava desesperada.
- Damon, acorde, preciso ir para o meu quarto. - ela murmurou.
Olhei no relógio do celular. Eram 4h20 da manhã. Levantei-me com um pulo, pegando minhas roupas no chão. Vesti-me em silêncio, sob os olhares arrependidos dela. Estaria arrependida de ter ficado comigo? Eu havia passado uma das melhores - se não a melhor - noites da minha vida, e ela estava arrependida? Triste por ter traído o namorado que a espancava?
Acabei de me arrumar e olhei pra ela, que sorriu nervosa para mim.
- O que foi? Fiz alguma coisa errada? - perguntei pela segunda vez na noite.
- Você? - ela me olhou com seus grandes olhos, vindo até mim e beijando minha testa. - Não!
Depois desceu o beijo para a boca, e dessa vez foi ela quem me encostou à parede. Ficamos nos beijando por um bom tempo, e meu coração parecia uma escola de samba.
Quem era aquela menina, e o que tinha feito comigo?
- Eu vou embora hoje, Damon. - ela separou nossas bocas bruscamente. - E eu... Eu não posso mais te ver.
Abri a boca para responder, mas ela não deixou.
- Me desculpe, foi ótimo ficar com você, mas eu preciso voltar para a realidade, voltar para quem realmente pode me dar estabilidade. Adorei ter te conhecido, e agradeço pela noite maravilhosa, e por ter me ouvido. Mas agora eu preciso ir, e você não pode nunca mais me procurar. Está entendendo?
Minha respiração falhou. Então era aquilo? Tudo acabaria tão rápido quanto havia começado?
- V-você... - gaguejei, sentindo que iria chorar. Sim, eu iria chorar por uma garota que havia conhecido em menos de 24 horas. O quão patético aquilo seria? Respirei fundo, engolindo a maçã que havia se formado em minha garganta. - Elizabeth, por favor, nós podemos mudar as coisas. Podemos mudar sua situação. Eu vou te ajudar! Não seja fraca!
- Por favor, Damon, não se iluda, você não poderia me ajudar. Você tem uma linda vida pela frente, e não vai se prender a alguém como eu. Você não pode me ajudar. Ninguém pode me ajudar... - ela sussurrou, e eu poderia jurar que estava prestes a chorar também. Ela abriu a porta para ir embora, mas eu a puxei pelo braço, desesperado.
- Você não pode ir embora assim! - exclamei, sem nenhum orgulho. - Por favor, Jenna, não vá!
Ela sorriu, sombria, e passou a língua pelo lábio inferior. Nós dois sabíamos o que estava prestes a acontecer. Nós dois sabíamos que assim que ela entrasse em seu quarto apanharia. Mas ela estava desistindo de tentar. Desistindo de querer ficar comigo. Desistindo da própria vida.
Minha mão ficou mole, fraca, e ela pôde se soltar. Saiu do quarto rapidamente, sem dizer nada, sem responder as minhas súplicas, mas olhando em meus olhos. Depois fechou a porta, me deixando ali sozinho, com os olhos ardendo.
Eu não fui atrás dela, mesmo pressentindo o pior. Não fui ao seu quarto para protegê-la. Proteger Jenna, que havia amado com todo o meu coração, de um jeito que nenhum filme poderia explicar.
Meu coração estava em pedaços, e eu ignorei o que poderia estar acontecendo a ela. E nunca mais a procurei, para dizer que a amava. Guardei dentro de mim aquele amor, que parecia impossível, irreal. Mas era amor. Verdadeiro. E ela nunca soube.
Flashback Off.
Chiie- Mensagens : 248
Pontos : 5304
Data de inscrição : 18/07/2011
Localização : New Orleans
Re: Lembranças
- Tyler, não vou poder ir hoje. Estou me sentindo muito mal. - menti, cantando pneus ao virar a esquina. Minha Audi Q7 reclamava pela velocidade em que estava, e eu não me importava. Nem um pouco.
- O que você tem? - ele perguntou, preocupado.
- Não sei, estou indo ao hospital agora. Mas não deve ser nada, só uma intoxicação alimentar. Não se preocupe comigo! Dê a entrevista, quando acabar me ligue, tudo bem?
- Não quer companhia?
- Não precisa. - respondi, desligando o celular sem me despedir. Joguei-o em cima do banco do passageiro, correndo pelas ruas desertas do pequeno bairro residencial. As casas eram todas iguais. As ruas eram todas iguais.
344, 344... Jenna morava na rua Amsterdã, número 344, como havia me informado pelo telefone na central de informações. Corri até lá. Não sabia exatamente por quê, mas precisava saber o que tinha acontecido a ela. Depois de relembrar seu nome, precisava saber o porquê de ela, depois de tantos anos, ter voltado à minha cabeça.
Há cinco anos a deixara à mercê daquele psicopata, sozinha, indefesa... Como pude ser tão idiota? Tão insensível? Ela precisava de mim. Havia construído um muro em volta de si, e só precisava de alguém para escalá-lo! Como pude ser tão cego, tão egoísta?
Parei bruscamente em frente ao número 344. A casa parecia destruída. As paredes estavam sujas, o jardim mal cuidado, as janelas quebradas... Estacionei o carro na calçada e subi correndo as escadinhas da entrada. Bati quatro vezes na porta. Ouvi um barulho alto dentro da casa, e fiquei mais impaciente. Alguns segundos depois uma mulher toda de branco atendeu a porta.
- Jenna? - murmurei, debilmente, mesmo sabendo que aquela não era a garota da boina vermelha.
- Está lá em cima. Algum problema? - a garota perguntou.
- Preciso falar com ela. Por favor. - implorei. A garota estranhou, levantando a sobrancelha.
- Tudo bem. Suba lá.
Passei correndo por ela, sem nem me explicar. Subi as escadas de dois em dois, entrando de supetão no primeiro quarto que vi, encontrando uma mulher de uns 50 e poucos anos sentada na cama, lendo. Ela me olhou por cima dos óculos, sem nenhuma expressão.
- Me desculpe, estou procurando por Jenna Gilbert.
- Está falando com ela. - a mulher abaixou o livro, e eu pude ver marcas de agulhas em seu braço. Olhei direito para ela... Se parecia muito com a garota da boina vermelha... Muito...
Então minha ficha finalmente caiu, e eu senti meus joelhos tremerem sob meu peso. Jenna era a mãe doente da garota da turnê de 2005. Ela criara uma defesa, mais do que eu poderia imaginar, mentindo até sobre seu nome. Ou talvez ela quisesse me dar aquele nome por outro motivo. Para eu poder procurá-la e encontrar sua mãe? Para que eu pudesse ajudá-la, assim com ela havia ajudado durante toda a vida? Dedicado toda sua vida à mãe?
Mas se Jenna era sua mãe, onde ela estaria? E qual era o seu nome de verdade?
- Senhora, desculpe incomodar, mas... Você pode me dizer onde está sua filha? - pedi, e seus olhos ficaram dois tons mais escuros. A mulher toda de branco - sua enfermeira - apareceu atrás de mim, indo até o seu lado.
- Jenna, quer que eu o mande embora? Ele está te incomodando? - ela perguntou, me olhando feio.
- Elena... Elena... Ele quer saber onde está minha filhinha Elena... - ela balbuciou, perdendo o ar de superioridade.
Elena. Seu nome era Elena.
- Escuta aqui, quem é você e por que veio atormentá-la? - a enfermeira levantou-se, vindo até mim, com a intenção de me expulsar do quarto. Começou a me empurrar para fora.
- Por favor, eu preciso saber onde ela está, por favor! - eu suplicava, sendo empurrando para fora, sem forças para revidar.
De repente a voz grave de Elizabeth ecoou pelo quarto, e a enfermeira soltou meus ombros.
- Bonnie, por favor, solte o garoto. - ordenou. Depois olhou para mim. - Quem é você?
- Damon. Damon Salvatore. - sua expressão mudou. Ela ficou... Feliz. Sorriu, verdadeira.
- Tenho algo para você, Damon Salvatore. De Elena. - ela apontou para a escrivaninha ao lado de sua cama. Fui até lá, tremendo, e abri a única gaveta de madeira podre, encontrando uma carta suja e empoeirada, onde podia se ler "para Damon Salvatore".
Peguei a carta entre os dedos, sentindo uma bola se formar em minha garganta. Podia sentir seu perfume. Provavelmente era um truque da minha cabeça, mas eu podia sentir seu perfume ali, na carta.
- Onde ela está? Por que ela mesma não me entrega essa carta pessoalmente? - perguntei, minha voz saindo falhada.
- Elena faleceu há um mês, Damon. - a enfermeira respondeu por Jenna, que não conseguia e nem tinha a intenção de responder. - Teve um edema cerebral.
Travei. Entrei em órbita. O que... O que... Elena havia morrido? De um edema cerebral?
Aquilo não podia ser verdade. Não podia... Ela... Eu... Eu nunca havia dito que a amava! Nunca... Nem mesmo tive a chance, e aquilo tudo era culpa minha! Eu não havia entendido seus sinais e voltado para procurá-la... Bryson havia matado Elena. Ela havia recebido tantas pancadas na cabeça que havia morrido. E a culpa era mim. A culpa era toda minha...
Por isso os sonhos há um mês. Por isso ela não me saía da cabeça. Ah, meu Deus! Eu havia matado o meu primeiro amor!
Dessa vez meus joelhos não aguentaram, e eu desabei no chão com a carta em minhas mãos. Meus olhos se encheram de lágrimas, algumas caindo no papel desgastado com o tempo; abri-la com as mãos trêmulas.
As lágrimas escorreram pelo meu rosto. Meu corpo tombou sob o assoalho, e eu chorei. Chorei por muito tempo.
Olhava para a lápide cinza, fria. O vento estava gelado. O seu nome entalhado ali me trazia calafrios. "Elena Gilbert". Abaixei-me e depositei na grama verde os lírios que tinha nas mãos. Meus olhos estavam embaçados. Fiquei mais um tempo observando a pedra, as memórias passeando pela minha cabeça. Os poucos momentos que passamos juntos agora se misturavam no labirinto da minha memória, e eu não sabia mais a ordem cronológica das coisas.
Suspirei. Tinha que buscar minha filha na escola, e não poderia mais ficar. Embora quisesse passar o dia ali, ao seu lado. Ainda me sentia muito culpado, embora os anos ajudando Elizabeth tivessem melhorado um pouco esse sentimento corrosivo.
Agachei-me e passei a mão pela pedra, sentindo o entalhamento nos dedos. Mesmo que não pudesse mais senti-la, aquele era o meu jeito de dizer que eu estava ao seu lado.
Saí do cemitério em passos largos, cumprimentando o conhecido porteiro. Entrei em meu carro e atravessei a cidade rapidamente. Em quinze minutos estacionei na porta da escola. Entrei apressado - já estava atrasado - e encontrei a professora sentada ao fundo da sala, com meu anjinho no colo.
- Me desculpe à demora. - fui até as duas, e a professora negou com a cabeça.
- Tudo bem, ela não me deu trabalho nenhum. Como sempre! - ela me entregou a garotinha, que dormia profundamente com os cabelos no rosto. Peguei-a no colo e saí da escola. Liguei para Caroline avisando que já estava com ela e que estaríamos em casa em menos de meia hora e apoiei-me no capô do carro. Fiquei olhando para minha filha, o nariz vermelhinho, as mãos enroscadas perto do queixo e os cachos caindo pelas suas costas. Passei a mão pela sua franja, e ela abriu os olhos, sonolenta. Tinha três anos, mas os olhos ágeis e profundos de uma adulta.
- Oi, Elena. - beijei sua testa, e ela sorriu.
- Papai. - disse, agarrando-se a mim.
Aquela era a minha pequena homenagem à garota da turnê de 2005, que mudara minha vida.
- O que você tem? - ele perguntou, preocupado.
- Não sei, estou indo ao hospital agora. Mas não deve ser nada, só uma intoxicação alimentar. Não se preocupe comigo! Dê a entrevista, quando acabar me ligue, tudo bem?
- Não quer companhia?
- Não precisa. - respondi, desligando o celular sem me despedir. Joguei-o em cima do banco do passageiro, correndo pelas ruas desertas do pequeno bairro residencial. As casas eram todas iguais. As ruas eram todas iguais.
344, 344... Jenna morava na rua Amsterdã, número 344, como havia me informado pelo telefone na central de informações. Corri até lá. Não sabia exatamente por quê, mas precisava saber o que tinha acontecido a ela. Depois de relembrar seu nome, precisava saber o porquê de ela, depois de tantos anos, ter voltado à minha cabeça.
Há cinco anos a deixara à mercê daquele psicopata, sozinha, indefesa... Como pude ser tão idiota? Tão insensível? Ela precisava de mim. Havia construído um muro em volta de si, e só precisava de alguém para escalá-lo! Como pude ser tão cego, tão egoísta?
Parei bruscamente em frente ao número 344. A casa parecia destruída. As paredes estavam sujas, o jardim mal cuidado, as janelas quebradas... Estacionei o carro na calçada e subi correndo as escadinhas da entrada. Bati quatro vezes na porta. Ouvi um barulho alto dentro da casa, e fiquei mais impaciente. Alguns segundos depois uma mulher toda de branco atendeu a porta.
- Jenna? - murmurei, debilmente, mesmo sabendo que aquela não era a garota da boina vermelha.
- Está lá em cima. Algum problema? - a garota perguntou.
- Preciso falar com ela. Por favor. - implorei. A garota estranhou, levantando a sobrancelha.
- Tudo bem. Suba lá.
Passei correndo por ela, sem nem me explicar. Subi as escadas de dois em dois, entrando de supetão no primeiro quarto que vi, encontrando uma mulher de uns 50 e poucos anos sentada na cama, lendo. Ela me olhou por cima dos óculos, sem nenhuma expressão.
- Me desculpe, estou procurando por Jenna Gilbert.
- Está falando com ela. - a mulher abaixou o livro, e eu pude ver marcas de agulhas em seu braço. Olhei direito para ela... Se parecia muito com a garota da boina vermelha... Muito...
Então minha ficha finalmente caiu, e eu senti meus joelhos tremerem sob meu peso. Jenna era a mãe doente da garota da turnê de 2005. Ela criara uma defesa, mais do que eu poderia imaginar, mentindo até sobre seu nome. Ou talvez ela quisesse me dar aquele nome por outro motivo. Para eu poder procurá-la e encontrar sua mãe? Para que eu pudesse ajudá-la, assim com ela havia ajudado durante toda a vida? Dedicado toda sua vida à mãe?
Mas se Jenna era sua mãe, onde ela estaria? E qual era o seu nome de verdade?
- Senhora, desculpe incomodar, mas... Você pode me dizer onde está sua filha? - pedi, e seus olhos ficaram dois tons mais escuros. A mulher toda de branco - sua enfermeira - apareceu atrás de mim, indo até o seu lado.
- Jenna, quer que eu o mande embora? Ele está te incomodando? - ela perguntou, me olhando feio.
- Elena... Elena... Ele quer saber onde está minha filhinha Elena... - ela balbuciou, perdendo o ar de superioridade.
Elena. Seu nome era Elena.
- Escuta aqui, quem é você e por que veio atormentá-la? - a enfermeira levantou-se, vindo até mim, com a intenção de me expulsar do quarto. Começou a me empurrar para fora.
- Por favor, eu preciso saber onde ela está, por favor! - eu suplicava, sendo empurrando para fora, sem forças para revidar.
De repente a voz grave de Elizabeth ecoou pelo quarto, e a enfermeira soltou meus ombros.
- Bonnie, por favor, solte o garoto. - ordenou. Depois olhou para mim. - Quem é você?
- Damon. Damon Salvatore. - sua expressão mudou. Ela ficou... Feliz. Sorriu, verdadeira.
- Tenho algo para você, Damon Salvatore. De Elena. - ela apontou para a escrivaninha ao lado de sua cama. Fui até lá, tremendo, e abri a única gaveta de madeira podre, encontrando uma carta suja e empoeirada, onde podia se ler "para Damon Salvatore".
Peguei a carta entre os dedos, sentindo uma bola se formar em minha garganta. Podia sentir seu perfume. Provavelmente era um truque da minha cabeça, mas eu podia sentir seu perfume ali, na carta.
- Onde ela está? Por que ela mesma não me entrega essa carta pessoalmente? - perguntei, minha voz saindo falhada.
- Elena faleceu há um mês, Damon. - a enfermeira respondeu por Jenna, que não conseguia e nem tinha a intenção de responder. - Teve um edema cerebral.
Travei. Entrei em órbita. O que... O que... Elena havia morrido? De um edema cerebral?
Aquilo não podia ser verdade. Não podia... Ela... Eu... Eu nunca havia dito que a amava! Nunca... Nem mesmo tive a chance, e aquilo tudo era culpa minha! Eu não havia entendido seus sinais e voltado para procurá-la... Bryson havia matado Elena. Ela havia recebido tantas pancadas na cabeça que havia morrido. E a culpa era mim. A culpa era toda minha...
Por isso os sonhos há um mês. Por isso ela não me saía da cabeça. Ah, meu Deus! Eu havia matado o meu primeiro amor!
Dessa vez meus joelhos não aguentaram, e eu desabei no chão com a carta em minhas mãos. Meus olhos se encheram de lágrimas, algumas caindo no papel desgastado com o tempo; abri-la com as mãos trêmulas.
Londres, 23 de Agosto de 2010.
Damon,
Lembra-se de mim, "Jenna"? Provavelmente não... Talvez possa se lembrar de mim como "boininha", embora eu não as use mais há muito tempo. Usá-las costumava ser um jeito de chamar atenção. De sair da inércia da minha vida. Mas isso não importa. O que eu queria te dizer - se algum dia essa carta chegar às suas mãos - é que eu te amei. Te amei e não fui forte o suficiente para me entregar de alma. Me desculpe... Você não sabe o quanto eu me arrependo, e o quanto é difícil pra mim não ir atrás de você. Eu te vejo na TV, ouço você nas rádios, e sinto meu coração se desmanchar, mas não posso estragar sua vida. Não posso tirar de você um novo amor. Só posso... Relembrar. Do único dia em que passamos juntos, o melhor dia da minha vida. Relembrar e pedir para que algum dia eu tenha forças pra poder viver minha vida sem dor. Eu estou doente, Damon. Muito doente. Bryson foi embora ao saber. Tem medo de que saibam que a culpa foi dele. Ele me deixou, e eu só me senti aliviada por isso. Eu só queria gritar de alívio por finalmente ter me livrado dele. Ele me matou, como sabia que mataria desde o começo. Mas eu não me importo. Não me importo se algum dia você se lembrar de mim e chegar até essa carta. Se isso acontecer, tudo valerá à pena. Se você encontrou essas palavras, tenho um último pedido a fazer: Ajude minha mãe. Cuide dela. Eu era o seu porto seguro, e agora também estou indo embora desse mundo. Me ajude, por favor. Me lembrarei de você, Damon. Até meus últimos minutos. Você, de algum jeito, mudou minha vida. E eu espero que tenha mudado a sua. Seja feliz, muito feliz, viva sua vida e ame muito. Ame de verdade. Assim como eu o amo há 5 anos.
Com amor,
Elena.
As lágrimas escorreram pelo meu rosto. Meu corpo tombou sob o assoalho, e eu chorei. Chorei por muito tempo.
4 Anos Depois
Olhava para a lápide cinza, fria. O vento estava gelado. O seu nome entalhado ali me trazia calafrios. "Elena Gilbert". Abaixei-me e depositei na grama verde os lírios que tinha nas mãos. Meus olhos estavam embaçados. Fiquei mais um tempo observando a pedra, as memórias passeando pela minha cabeça. Os poucos momentos que passamos juntos agora se misturavam no labirinto da minha memória, e eu não sabia mais a ordem cronológica das coisas.
Suspirei. Tinha que buscar minha filha na escola, e não poderia mais ficar. Embora quisesse passar o dia ali, ao seu lado. Ainda me sentia muito culpado, embora os anos ajudando Elizabeth tivessem melhorado um pouco esse sentimento corrosivo.
Agachei-me e passei a mão pela pedra, sentindo o entalhamento nos dedos. Mesmo que não pudesse mais senti-la, aquele era o meu jeito de dizer que eu estava ao seu lado.
Saí do cemitério em passos largos, cumprimentando o conhecido porteiro. Entrei em meu carro e atravessei a cidade rapidamente. Em quinze minutos estacionei na porta da escola. Entrei apressado - já estava atrasado - e encontrei a professora sentada ao fundo da sala, com meu anjinho no colo.
- Me desculpe à demora. - fui até as duas, e a professora negou com a cabeça.
- Tudo bem, ela não me deu trabalho nenhum. Como sempre! - ela me entregou a garotinha, que dormia profundamente com os cabelos no rosto. Peguei-a no colo e saí da escola. Liguei para Caroline avisando que já estava com ela e que estaríamos em casa em menos de meia hora e apoiei-me no capô do carro. Fiquei olhando para minha filha, o nariz vermelhinho, as mãos enroscadas perto do queixo e os cachos caindo pelas suas costas. Passei a mão pela sua franja, e ela abriu os olhos, sonolenta. Tinha três anos, mas os olhos ágeis e profundos de uma adulta.
- Oi, Elena. - beijei sua testa, e ela sorriu.
- Papai. - disse, agarrando-se a mim.
Aquela era a minha pequena homenagem à garota da turnê de 2005, que mudara minha vida.
Chiie- Mensagens : 248
Pontos : 5304
Data de inscrição : 18/07/2011
Localização : New Orleans
Re: Lembranças
Cupcake, li denovo sua fic!
e chorei denovooo!!
muito lindaaaaa!!!!
vc tem muito talento!!
e chorei denovooo!!
muito lindaaaaa!!!!
vc tem muito talento!!
Re: Lembranças
Obg, gemea.
Mas é só voc que gosta das minhas coisas.
ashasuhasuhasuh
^^
te adoro, liiinda!
Mas é só voc que gosta das minhas coisas.
ashasuhasuhasuh
^^
te adoro, liiinda!
Chiie- Mensagens : 248
Pontos : 5304
Data de inscrição : 18/07/2011
Localização : New Orleans
Re: Lembranças
Chiie, adorei a fic.
Me lembro de ter lido o começo no outro fórum. kk
Você escreve muito bem!!
Quando tem mais ? (:
Me lembro de ter lido o começo no outro fórum. kk
Você escreve muito bem!!
Quando tem mais ? (:
Eloo- Admin
- Mensagens : 2414
Pontos : 9883
Data de inscrição : 11/07/2011
Idade : 27
Localização : Nárnia :B
Re: Lembranças
já vou postar outra.
Dreams
espero que goste, seu nome vai aparecer por lá.
Beijooos
Dreams
espero que goste, seu nome vai aparecer por lá.
Beijooos
Chiie- Mensagens : 248
Pontos : 5304
Data de inscrição : 18/07/2011
Localização : New Orleans
Re: Lembranças
Chiie, já tinha lido essa fic no outro forum,
E choreii litros, dessa vez não foi diferente!!!
rsrsrsrs'
Parabens, a fic é PERFEITA!!!
E choreii litros, dessa vez não foi diferente!!!
rsrsrsrs'
Parabens, a fic é PERFEITA!!!
GaBiii- Mensagens : 1508
Pontos : 7044
Data de inscrição : 22/07/2011
Idade : 27
Localização : ** Summerland **
Re: Lembranças
obg... gabi.
leia a proxima!
vai se chamar Dreams
leia a proxima!
vai se chamar Dreams
Chiie- Mensagens : 248
Pontos : 5304
Data de inscrição : 18/07/2011
Localização : New Orleans
Re: Lembranças
Own muito linda *-*
Amei!!Super perfeita
Amei!!Super perfeita
Bru_S_Winchester- Mensagens : 299
Pontos : 5352
Data de inscrição : 12/07/2011
Idade : 26
Re: Lembranças
Olá,
Poderia colocar se a fic está em andamento, parada, cancelada enfim...
Atenciosamente
Poderia colocar se a fic está em andamento, parada, cancelada enfim...
Atenciosamente
Jeffrey- Mensagens : 182
Pontos : 5120
Data de inscrição : 06/08/2011
Idade : 35
Localização : Geralmente, Em Frente a um computador
Re: Lembranças
AHHHHHH!
Amei Chiie
chorando litros aqui
eu tinha começado a ler no outro fórum, mas só acabei aqui
sério, amei demais.
lerei Dreams com certeza.
Amei Chiie
chorando litros aqui
eu tinha começado a ler no outro fórum, mas só acabei aqui
sério, amei demais.
lerei Dreams com certeza.
Re: Lembranças
ok, vou ajeitar.Jeffrey escreveu:Olá,
Poderia colocar se a fic está em andamento, parada, cancelada enfim...
Atenciosamente
Chiie- Mensagens : 248
Pontos : 5304
Data de inscrição : 18/07/2011
Localização : New Orleans
Re: Lembranças
Ain JuuuJuhSalvatore escreveu:AHHHHHH!
Amei Chiie
chorando litros aqui
eu tinha começado a ler no outro fórum, mas só acabei aqui
sério, amei demais.
lerei Dreams com certeza.
qe bom que voc gostou.
fico feliz que alguem tao talentosa como voc gostou.
Chiie- Mensagens : 248
Pontos : 5304
Data de inscrição : 18/07/2011
Localização : New Orleans
Re: Lembranças
Chiie escreveu:Ain JuuuJuhSalvatore escreveu:AHHHHHH!
Amei Chiie
chorando litros aqui
eu tinha começado a ler no outro fórum, mas só acabei aqui
sério, amei demais.
lerei Dreams com certeza.
qe bom que voc gostou.
fico feliz que alguem tao talentosa como voc gostou.
e eu fico feliz por vc me achar talentosa, já que vc tem mto mais talento que eu!
a fic ficou maravilhosa amiga! perfeita mesmo!
pra uma fanfic me fazer chorar, ela precisa ser muito boa mesmo
e com a sua, eu chorei litros!!
sério, ficou perfeita!
Fanfics :: Categorias :: The Vampire Diaries :: Concluídas
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos