Chuva
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Chuva
Está chovendo. Havia muito tempo não ouvia os pingos de chuva baterem contra minha janela e contra a calçada lá fora. Ah, como é tranquilizador, relaxante... Te remete à vida, ao nascer de mais um dia, ao sol que surgirá após o fim dessa chuva.
Havia muito tempo que a chuva era tudo o que desejava. Era minha vida, era minha chance de escapar de todas as minhas obrigações para apenas viver. Chance para eu poder perder tempo a escrever, chance para eu poder assistir televisão, chance para, acima de tudo, esquecer-me da existência do mundo lá fora.
E agora chove, e eu já não lembro mais o que era tão importante para mim na chuva.
Ainda amo o barulho da chuva a bater no vidro de minha janela, amo a sensação de segurança que ela me traz, mas agora, mais do que nunca, graças a saudade, ela traz também sua imagem em meio aos pingos que docemente caem do céu, transformando todo o barulho em uma doce sinfonia.
E me lembra daquele dia.
FLASHBACK
- Bem vinda de volta, doce April. - disse a doce senhora, ao abrir a porta de entrada da habitação.
- Obrigada, senhorita Marschall, é muito bom saber que ainda sou bem vinda em algum lugar.
- O que é isso, minha filha. Todos te amam, você sabe disso. Você nasceu para ser amada, doce April.
Fingi concordar com ela. A verdade é que eu jamais acreditei quando alguém disse que me amava. Afinal, cresci em um orfanato no interior de Ohio depois de ter sido abandonada pelos meus pais que, até onde sei, deixara-me para curtir a vida à moda louca. Dentre todos os casais que passaram no orfanato para adotar uma criança, o único que cogitou adotar-me devolveu-me ao orfanato antes ainda de terem assinado os papéis. E então, aos dezoito anos, fui enxotada de lá, meu único lar, sem ter nenhum lugar para onde ir, sem ter ao menos feito um só amigo durante todos aqueles anos.
E agora estava de volta à casa em que minha mãe morou, um pensionato quase 300 km distante de onde vivera minha vida inteira. Não estava sendo fácil adaptar-me ao local nebuloso e sem vida que era Fallensky.
- Aqui está seu quarto, April. Sinta-se a vontade para desfazer as malas e decorar esse local da maneira como lhe convir. Como já disse, agora ele é seu.
- Obrigada novamente, senhora Marschall. Obrigada por me acolher.
- Não por isso, minha jovem. Sua mãe iria querer que eu fizesse isso, e eu apreciava demais sua mãe, até ela...
- Até Lisa fugir com Marcos e deixar-me em um orfanato sujo e mal cuidado? É, realmente não foi uma atitude de muito bom coração para com a filha dela. Mas pelo menos ela não abortou-me.
- Querida April, ela te amava. Sei que não acredita, mas é verdade. Ela sempre te amou. Quando somos jovens cometemos erros.
- Desculpe-me, mas abandonar sua filha em um lugar moribundo não é um erro aceitável, senhora Marschall. Podemos, por favor, não falar sobre aqueles dois?
- Como quiser, senhorita April. - disse ela, docemente. - Pode tomar um banho e aprumar-se, por que daqui a meia hora será servido o jantar, e então te apresentarei para o resto dos moradores do pensionato, ok?
- Ok, senhora Marschall.
A mulher dirigiu-se à porta, abrindo-a com calma.
- E Senhora Marschall?
- O que foi, minha querida?
- Obrigada.
Ela sorriu docemente e saiu. Seus passos ecoaram pela escada de madeira até tornarem-se inaudíveis, e então April jogou-se em sua macia cama. Jamais havia deitado-se em uma cama tão macia por toda a sua vida.
April Veronn Chardell sempre fora uma garota tímida e retraída, sem uma imagem para chamar de pai, muito menos uma para chamar de mãe. Apesar disso, sempre foi extremamente doce e meiga, e jamais revoltava-se com nada que lhe fosse dito, a não ser que se tratasse de Lisa e Marcos. Aqueles eram os últimos nomes que a garota gostaria de ouvir em toda a sua vida, e se alguém optasse por defender a atitude dos dois, jamais teria a simpatia da garota.
Passou os dedos pelo seu cabelo ruivo enquanto ele secava, colocando uma calça jeans clara surrada e uma blusa de botões de um intermediário entre o verde e o azul. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo no alto da cabeça, aproveitando o calor que era produzido pela calefação, e desceu.
Sentou-se no único lugar vago da mesa, que localizava-se, infelizmente, o mais longe possível da senhorita Marschall.
Logo ela levantou-se e bateu com a lateral de uma faca em um copo de vidro de leve, produzindo um som suave que chamou a atenção de todos.
- Senhoras e senhores, quero apresentar para vocês minha nova protegida. Seu nome é April, e espero que a acolham da maneira como foram acolhidos em minha morada. Ela vai passar por dificuldades na adaptação, mas tendo amigos como vocês, aposto que, no final, ela conseguirá fazê-lo de maneira simples e majestosa.
Então ela dirigiu-se à ruiva ruiva e, puxando-a pela mão, levou-a de cadeira em cadeira, apresentando um por um os moradores da casa. E por último, mostrou o rapaz que sentava-se ao seu lado. Com os cabelos castanhos claro e os olhos verdes, musculoso e com um olhar doce, parecia exatamente com o tipo de pessoa que afagaria um gatinho peludo até o fim de seus dias.
- April, esse é Jensen Heatz Vanrel, chegou à esse pensionato dois meses atrás e, admito, se adaptou bem demais a esse lugar.
- Ah, me adaptei é? - disse ele, e a voz rouca realmente estremeceu as pernas de April.
- Ele não fala com quase ninguém, a não ser quem mora nessa casa. - disse a doce mulher, Patrícia Hiltz, pelo que ela lembrava-se.
- Nem é, Patrícia, nem é. - ele retrucou, balançando a cabeça negativamente.
- Claro que é.
Havia sido a primeira vez que ela havia o visto.
Seis meses depois, lá estavam eles, Jensen e April, sentados de frente a uma janela, em silêncio, no frio inverno que os rodeava. Ambos estavam em silêncio depois de uma longa crise de risos. Pela primeira vez, April sentia-se amada, sabia que tinha um amigo que sentiria a falta dela caso ela não existisse mais. E a sensação era maravilhosa.
- Eu vou embora. - disse ele, de repente, rompendo o silêncio.
A garota passou alguns instantes em silêncio, tentando absorver a informação.
- O que foi que você disse? - perguntou ela, já que aquela informação recusara-se ser assimilada por sua mente.
- Eu vou embora, April. - respondeu ele, a voz taciturna. - Eu vou para Saint Louis, para trabalhar.
- Você vai... embora? - ela disse. Dessa vez a informação havia sido assimilada, ela só não queria acreditar, não queria entender.
- Vou, Ap, sua surda.
- Não tente satirizar essa informação, Jen. Eu não quero que satirize a perda da única coisa que já me fez sentir minimamente humana!
- Você é humana, você é normal, você é perfeita, April Veronn Chardell. Está me entendendo? E não serei eu, nem ninguém, que te tirará isso, bem como não serei eu, nem ninguém, a trazer-te algo que já tens. O fato de eu ir embora não significa que vai deixar de ser essa garota maravilhosa, apenas significa que eu morrerei de saudades a cada dia que passar longe de ti.
- Então não vá! Fique e nenhum dos dois morrerá de saudades, Jensen Vanrel.
- Eu não posso, April! Não dá! Tenho vinte e cinco anos, meu deus do céu! Já está na hora de eu tomar juízo e dar um rumo para a minha vida!
- Então vai! Vai e leva contigo tudo o que é humano em mim! Tu bem sabes que és a única coisa em mim que ainda importa, és o único que me faz sentir viva. Mas vai e leva tudo isso de mim! Sei que sou egoísta, mas de que importa quando se estás a perder tudo o que realmente te importou?
- Pare com esse drama todo, April! Achas que será mais fácil para mim? Achas mesmo que irei amar a distância entre nós? Você é minha melhor amiga, April.
- Não foi você o rejeitado por dois monstros que dizem ser seus pais, passou a vida sem um amigo sequer e agora perde a única pessoa que realmente importou pra ela.
- Se eu pudesse, minha pequena sunshine, eu levava comigo a pessoa que mais amo no mundo: você. - disse ele, tocando onde encontrava-se o pulsante coração da garota com uma mão e enxugando com a outra as lágrimas que insistiam em correr-lhe face abaixo. - Mas eu não posso.
- Eu só queria...
- Shh... Me escuta, April: eu te amo, de verdade. Você é a única pessoa daqui que realmente importa de verdade. Você tem o dom de me fazer sorrir, e eu levarei seu sorriso para o resto de minha vida. Está ouvindo esse barulho de chuva?
Eles fizeram um breve silêncio, para ouvir as gotas de chuva batendo contra o vidro e contra a calçada do lado de fora da casa. Então ela assentiu com a cabeça.
- Sempre que ouvires esse barulho de chuva, lembre-se de que sou eu, chorando por falta de você. E quando o dia estiver ensolarado, saibas que o teu sorriso estará me fazendo sorrir.
- E quando estiver nublado?
- Eu estarei pensando em ti, da mesma maneira como pensei nos outros dois dias, pois será a lembrança de você que fará meu dia iluminar-se.
- Você é um fofo. - disse ela, fungando. - Eu só não quero te perder. Já perdi gente demais, ou melhor, nunca as tive.
- Não me perderá, pequena. Você é meu anjo.
Dizendo isso, ele deu um beijo na testa da garota e a pegou no colo. Subiu até o quarto da mesma e largou-a gentilmente na cama, deitada. Depois, deitou-se ao seu lado e a cabeça dela foi parar em seu peito. Então, em silêncio, ambos refletiram sobre as mudanças no futuro, ele mexendo nos cabelos da garota e ela brincando com a barra da blusa do rapaz.
Quando ela acordou, ele estava ao seu lado, beijando-lhe a face e dizendo adeus.
Agora dois anos passaram-se. Já estou crescida, e como sempre, não arranjei amigos. Jogo-me no sofá a lembrar de ti constantemente, mas não hoje, doce Jensen. Hoje estou agindo, fazendo algo que jamais fiz por ninguém, mesmo por que ninguém nunca mereceu isso antes.
Hoje despeço-me da senhora Marschall e de todos do pensionato e pego o trem para Saint Louis, para fazer minha vida por lá, para poder contar com um amigo, como jamais fiz antes de você e como jamais farei depois. Irei até você, quero te ver feliz, casando-se com sua doce Luce, por quem, ao meu ver, nutre um amor tão lindo quanto seus olhos, e tentarei ser feliz por lá, o mais perto de você que me é possível. E algum dia eu acharei para mim alguém como Luce para você, e serei feliz como você é. Mas isso só acontecerá quando estiveres junto a ti novamente, meu único amigo, a única pessoa que realmente me importou.
Havia muito tempo esperava por essa chance de partir, esse momento em que daria adeus a tudo que me é dispensável e iria atrás de você, meu anjo da guarda, mas queria esperar pela chuva. Isso por que sabia que o momento certo para sair era aquele em que você chorasse por falta de mim, para eu ter certeza de que seria aquela a última vez.
Se estou fazendo a coisa certa? Ora, como não? Estou correndo atrás da única pessoa que já se importou verdadeiramente comigo, correndo atrás do meu irmão. O que poderia estar mais certo que isso?
Enquanto não chego lá, a chuva a bater no vidro de minha cabine e no teto do trem embalar-me-ão em uma canção de ninar, velando para que meu retorno seja rápido, tranquilo e movido ao amor que hoje te dedico. Meu irmão.
Havia muito tempo que a chuva era tudo o que desejava. Era minha vida, era minha chance de escapar de todas as minhas obrigações para apenas viver. Chance para eu poder perder tempo a escrever, chance para eu poder assistir televisão, chance para, acima de tudo, esquecer-me da existência do mundo lá fora.
E agora chove, e eu já não lembro mais o que era tão importante para mim na chuva.
Ainda amo o barulho da chuva a bater no vidro de minha janela, amo a sensação de segurança que ela me traz, mas agora, mais do que nunca, graças a saudade, ela traz também sua imagem em meio aos pingos que docemente caem do céu, transformando todo o barulho em uma doce sinfonia.
E me lembra daquele dia.
FLASHBACK
- Bem vinda de volta, doce April. - disse a doce senhora, ao abrir a porta de entrada da habitação.
- Obrigada, senhorita Marschall, é muito bom saber que ainda sou bem vinda em algum lugar.
- O que é isso, minha filha. Todos te amam, você sabe disso. Você nasceu para ser amada, doce April.
Fingi concordar com ela. A verdade é que eu jamais acreditei quando alguém disse que me amava. Afinal, cresci em um orfanato no interior de Ohio depois de ter sido abandonada pelos meus pais que, até onde sei, deixara-me para curtir a vida à moda louca. Dentre todos os casais que passaram no orfanato para adotar uma criança, o único que cogitou adotar-me devolveu-me ao orfanato antes ainda de terem assinado os papéis. E então, aos dezoito anos, fui enxotada de lá, meu único lar, sem ter nenhum lugar para onde ir, sem ter ao menos feito um só amigo durante todos aqueles anos.
E agora estava de volta à casa em que minha mãe morou, um pensionato quase 300 km distante de onde vivera minha vida inteira. Não estava sendo fácil adaptar-me ao local nebuloso e sem vida que era Fallensky.
- Aqui está seu quarto, April. Sinta-se a vontade para desfazer as malas e decorar esse local da maneira como lhe convir. Como já disse, agora ele é seu.
- Obrigada novamente, senhora Marschall. Obrigada por me acolher.
- Não por isso, minha jovem. Sua mãe iria querer que eu fizesse isso, e eu apreciava demais sua mãe, até ela...
- Até Lisa fugir com Marcos e deixar-me em um orfanato sujo e mal cuidado? É, realmente não foi uma atitude de muito bom coração para com a filha dela. Mas pelo menos ela não abortou-me.
- Querida April, ela te amava. Sei que não acredita, mas é verdade. Ela sempre te amou. Quando somos jovens cometemos erros.
- Desculpe-me, mas abandonar sua filha em um lugar moribundo não é um erro aceitável, senhora Marschall. Podemos, por favor, não falar sobre aqueles dois?
- Como quiser, senhorita April. - disse ela, docemente. - Pode tomar um banho e aprumar-se, por que daqui a meia hora será servido o jantar, e então te apresentarei para o resto dos moradores do pensionato, ok?
- Ok, senhora Marschall.
A mulher dirigiu-se à porta, abrindo-a com calma.
- E Senhora Marschall?
- O que foi, minha querida?
- Obrigada.
Ela sorriu docemente e saiu. Seus passos ecoaram pela escada de madeira até tornarem-se inaudíveis, e então April jogou-se em sua macia cama. Jamais havia deitado-se em uma cama tão macia por toda a sua vida.
April Veronn Chardell sempre fora uma garota tímida e retraída, sem uma imagem para chamar de pai, muito menos uma para chamar de mãe. Apesar disso, sempre foi extremamente doce e meiga, e jamais revoltava-se com nada que lhe fosse dito, a não ser que se tratasse de Lisa e Marcos. Aqueles eram os últimos nomes que a garota gostaria de ouvir em toda a sua vida, e se alguém optasse por defender a atitude dos dois, jamais teria a simpatia da garota.
Passou os dedos pelo seu cabelo ruivo enquanto ele secava, colocando uma calça jeans clara surrada e uma blusa de botões de um intermediário entre o verde e o azul. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo no alto da cabeça, aproveitando o calor que era produzido pela calefação, e desceu.
Sentou-se no único lugar vago da mesa, que localizava-se, infelizmente, o mais longe possível da senhorita Marschall.
Logo ela levantou-se e bateu com a lateral de uma faca em um copo de vidro de leve, produzindo um som suave que chamou a atenção de todos.
- Senhoras e senhores, quero apresentar para vocês minha nova protegida. Seu nome é April, e espero que a acolham da maneira como foram acolhidos em minha morada. Ela vai passar por dificuldades na adaptação, mas tendo amigos como vocês, aposto que, no final, ela conseguirá fazê-lo de maneira simples e majestosa.
Então ela dirigiu-se à ruiva ruiva e, puxando-a pela mão, levou-a de cadeira em cadeira, apresentando um por um os moradores da casa. E por último, mostrou o rapaz que sentava-se ao seu lado. Com os cabelos castanhos claro e os olhos verdes, musculoso e com um olhar doce, parecia exatamente com o tipo de pessoa que afagaria um gatinho peludo até o fim de seus dias.
- April, esse é Jensen Heatz Vanrel, chegou à esse pensionato dois meses atrás e, admito, se adaptou bem demais a esse lugar.
- Ah, me adaptei é? - disse ele, e a voz rouca realmente estremeceu as pernas de April.
- Ele não fala com quase ninguém, a não ser quem mora nessa casa. - disse a doce mulher, Patrícia Hiltz, pelo que ela lembrava-se.
- Nem é, Patrícia, nem é. - ele retrucou, balançando a cabeça negativamente.
- Claro que é.
Havia sido a primeira vez que ela havia o visto.
Seis meses depois, lá estavam eles, Jensen e April, sentados de frente a uma janela, em silêncio, no frio inverno que os rodeava. Ambos estavam em silêncio depois de uma longa crise de risos. Pela primeira vez, April sentia-se amada, sabia que tinha um amigo que sentiria a falta dela caso ela não existisse mais. E a sensação era maravilhosa.
- Eu vou embora. - disse ele, de repente, rompendo o silêncio.
A garota passou alguns instantes em silêncio, tentando absorver a informação.
- O que foi que você disse? - perguntou ela, já que aquela informação recusara-se ser assimilada por sua mente.
- Eu vou embora, April. - respondeu ele, a voz taciturna. - Eu vou para Saint Louis, para trabalhar.
- Você vai... embora? - ela disse. Dessa vez a informação havia sido assimilada, ela só não queria acreditar, não queria entender.
- Vou, Ap, sua surda.
- Não tente satirizar essa informação, Jen. Eu não quero que satirize a perda da única coisa que já me fez sentir minimamente humana!
- Você é humana, você é normal, você é perfeita, April Veronn Chardell. Está me entendendo? E não serei eu, nem ninguém, que te tirará isso, bem como não serei eu, nem ninguém, a trazer-te algo que já tens. O fato de eu ir embora não significa que vai deixar de ser essa garota maravilhosa, apenas significa que eu morrerei de saudades a cada dia que passar longe de ti.
- Então não vá! Fique e nenhum dos dois morrerá de saudades, Jensen Vanrel.
- Eu não posso, April! Não dá! Tenho vinte e cinco anos, meu deus do céu! Já está na hora de eu tomar juízo e dar um rumo para a minha vida!
- Então vai! Vai e leva contigo tudo o que é humano em mim! Tu bem sabes que és a única coisa em mim que ainda importa, és o único que me faz sentir viva. Mas vai e leva tudo isso de mim! Sei que sou egoísta, mas de que importa quando se estás a perder tudo o que realmente te importou?
- Pare com esse drama todo, April! Achas que será mais fácil para mim? Achas mesmo que irei amar a distância entre nós? Você é minha melhor amiga, April.
- Não foi você o rejeitado por dois monstros que dizem ser seus pais, passou a vida sem um amigo sequer e agora perde a única pessoa que realmente importou pra ela.
- Se eu pudesse, minha pequena sunshine, eu levava comigo a pessoa que mais amo no mundo: você. - disse ele, tocando onde encontrava-se o pulsante coração da garota com uma mão e enxugando com a outra as lágrimas que insistiam em correr-lhe face abaixo. - Mas eu não posso.
- Eu só queria...
- Shh... Me escuta, April: eu te amo, de verdade. Você é a única pessoa daqui que realmente importa de verdade. Você tem o dom de me fazer sorrir, e eu levarei seu sorriso para o resto de minha vida. Está ouvindo esse barulho de chuva?
Eles fizeram um breve silêncio, para ouvir as gotas de chuva batendo contra o vidro e contra a calçada do lado de fora da casa. Então ela assentiu com a cabeça.
- Sempre que ouvires esse barulho de chuva, lembre-se de que sou eu, chorando por falta de você. E quando o dia estiver ensolarado, saibas que o teu sorriso estará me fazendo sorrir.
- E quando estiver nublado?
- Eu estarei pensando em ti, da mesma maneira como pensei nos outros dois dias, pois será a lembrança de você que fará meu dia iluminar-se.
- Você é um fofo. - disse ela, fungando. - Eu só não quero te perder. Já perdi gente demais, ou melhor, nunca as tive.
- Não me perderá, pequena. Você é meu anjo.
Dizendo isso, ele deu um beijo na testa da garota e a pegou no colo. Subiu até o quarto da mesma e largou-a gentilmente na cama, deitada. Depois, deitou-se ao seu lado e a cabeça dela foi parar em seu peito. Então, em silêncio, ambos refletiram sobre as mudanças no futuro, ele mexendo nos cabelos da garota e ela brincando com a barra da blusa do rapaz.
Quando ela acordou, ele estava ao seu lado, beijando-lhe a face e dizendo adeus.
Agora dois anos passaram-se. Já estou crescida, e como sempre, não arranjei amigos. Jogo-me no sofá a lembrar de ti constantemente, mas não hoje, doce Jensen. Hoje estou agindo, fazendo algo que jamais fiz por ninguém, mesmo por que ninguém nunca mereceu isso antes.
Hoje despeço-me da senhora Marschall e de todos do pensionato e pego o trem para Saint Louis, para fazer minha vida por lá, para poder contar com um amigo, como jamais fiz antes de você e como jamais farei depois. Irei até você, quero te ver feliz, casando-se com sua doce Luce, por quem, ao meu ver, nutre um amor tão lindo quanto seus olhos, e tentarei ser feliz por lá, o mais perto de você que me é possível. E algum dia eu acharei para mim alguém como Luce para você, e serei feliz como você é. Mas isso só acontecerá quando estiveres junto a ti novamente, meu único amigo, a única pessoa que realmente me importou.
Havia muito tempo esperava por essa chance de partir, esse momento em que daria adeus a tudo que me é dispensável e iria atrás de você, meu anjo da guarda, mas queria esperar pela chuva. Isso por que sabia que o momento certo para sair era aquele em que você chorasse por falta de mim, para eu ter certeza de que seria aquela a última vez.
Se estou fazendo a coisa certa? Ora, como não? Estou correndo atrás da única pessoa que já se importou verdadeiramente comigo, correndo atrás do meu irmão. O que poderia estar mais certo que isso?
Enquanto não chego lá, a chuva a bater no vidro de minha cabine e no teto do trem embalar-me-ão em uma canção de ninar, velando para que meu retorno seja rápido, tranquilo e movido ao amor que hoje te dedico. Meu irmão.
Re: Chuva
Ohh meu Deus, que lindo!!
Me emocionei demais aqui lendo essa história!
Juh, voce me impressiona cada vez mais, sua linda... isso tudo que voce escreveu é tocante...
Tadinha da April, que vida triste e solitária a dela, até conhecer o Jensen, que mostrou pra ela o verdadeiro significado de um grande amigo, de como era ter alguem pra confiar.
Mas, pq ele teve sair assim? Pq não chamou-a pra ir com ele?
Fiquei morrendo de pena dela, justo quando sua vida começava a ter um sentindo, ela perde a pessoa mais especial, o motivo da sua existencia.
Amei a relação que voce fez com a chuva e o sentimento de saudade do Jen, pq ele estaria chorando por ela. Foi lindo! Acho que considero essa a parte mais linda dessa historia... tanto que é o motivo pra ela decidir ir atrás dele, retomar sua vida próxima a ele.
Só queria saber se eles realmente se veriam novamente e o que aconteceria.
Vai ter continuação disso, né xodozinho?! Pq olha, eu aqui te PROÍBO de terminar essa historia assim! Quero saber se a April finalmente vai ser feliz, pq depois de conhecer dessa vida sofrida dela, necessito vê-la feliz! Ela merece!
Olha minha linda, não tenho nem o que falar, essa short fic é uma das mais lindas que já li! Adoro histórias assim, em primeira pessoa, pq me identifico e me sinto mais proxima da personagem e pude sentir toda a solidão da April.
Amucê demais, menina mais talentosa desse mundo! Não vou ficar repetindo o quanto amo o seu jeito de escrever, que voce descreve maravilhosamente os sentimentos dos personagens, pq vc deve estar cansada desse meu disco né! kkkkk
Mas eu só falo isso pra vc, pq não vejo uma descrição sincera e sensivel assim em mais ninguem! Amo muito e me inspiro em voce cada vez mais!!
Beijocas!
Me emocionei demais aqui lendo essa história!
Juh, voce me impressiona cada vez mais, sua linda... isso tudo que voce escreveu é tocante...
Tadinha da April, que vida triste e solitária a dela, até conhecer o Jensen, que mostrou pra ela o verdadeiro significado de um grande amigo, de como era ter alguem pra confiar.
Mas, pq ele teve sair assim? Pq não chamou-a pra ir com ele?
Fiquei morrendo de pena dela, justo quando sua vida começava a ter um sentindo, ela perde a pessoa mais especial, o motivo da sua existencia.
Amei a relação que voce fez com a chuva e o sentimento de saudade do Jen, pq ele estaria chorando por ela. Foi lindo! Acho que considero essa a parte mais linda dessa historia... tanto que é o motivo pra ela decidir ir atrás dele, retomar sua vida próxima a ele.
Só queria saber se eles realmente se veriam novamente e o que aconteceria.
Vai ter continuação disso, né xodozinho?! Pq olha, eu aqui te PROÍBO de terminar essa historia assim! Quero saber se a April finalmente vai ser feliz, pq depois de conhecer dessa vida sofrida dela, necessito vê-la feliz! Ela merece!
Olha minha linda, não tenho nem o que falar, essa short fic é uma das mais lindas que já li! Adoro histórias assim, em primeira pessoa, pq me identifico e me sinto mais proxima da personagem e pude sentir toda a solidão da April.
Amucê demais, menina mais talentosa desse mundo! Não vou ficar repetindo o quanto amo o seu jeito de escrever, que voce descreve maravilhosamente os sentimentos dos personagens, pq vc deve estar cansada desse meu disco né! kkkkk
Mas eu só falo isso pra vc, pq não vejo uma descrição sincera e sensivel assim em mais ninguem! Amo muito e me inspiro em voce cada vez mais!!
Beijocas!
Convidad- Convidado
Re: Chuva
ain ain ain... vc tem a séria mania de me fazer chorar com seus comments, sua coisa linda *-*Pri escreveu:Ohh meu Deus, que lindo!!
Me emocionei demais aqui lendo essa história!
Juh, voce me impressiona cada vez mais, sua linda... isso tudo que voce escreveu é tocante...
Tadinha da April, que vida triste e solitária a dela, até conhecer o Jensen, que mostrou pra ela o verdadeiro significado de um grande amigo, de como era ter alguem pra confiar.
Mas, pq ele teve sair assim? Pq não chamou-a pra ir com ele?
Fiquei morrendo de pena dela, justo quando sua vida começava a ter um sentindo, ela perde a pessoa mais especial, o motivo da sua existencia.
Amei a relação que voce fez com a chuva e o sentimento de saudade do Jen, pq ele estaria chorando por ela. Foi lindo! Acho que considero essa a parte mais linda dessa historia... tanto que é o motivo pra ela decidir ir atrás dele, retomar sua vida próxima a ele.
Só queria saber se eles realmente se veriam novamente e o que aconteceria.
Vai ter continuação disso, né xodozinho?! Pq olha, eu aqui te PROÍBO de terminar essa historia assim! Quero saber se a April finalmente vai ser feliz, pq depois de conhecer dessa vida sofrida dela, necessito vê-la feliz! Ela merece!
Olha minha linda, não tenho nem o que falar, essa short fic é uma das mais lindas que já li! Adoro histórias assim, em primeira pessoa, pq me identifico e me sinto mais proxima da personagem e pude sentir toda a solidão da April.
Amucê demais, menina mais talentosa desse mundo! Não vou ficar repetindo o quanto amo o seu jeito de escrever, que voce descreve maravilhosamente os sentimentos dos personagens, pq vc deve estar cansada desse meu disco né! kkkkk
Mas eu só falo isso pra vc, pq não vejo uma descrição sincera e sensivel assim em mais ninguem! Amo muito e me inspiro em voce cada vez mais!!
Beijocas!
né? eu fiquei morrendo de pena, a April merece alguém como o Jensen para fazê-la feliz, pq tipo, ela nunca teve nada né...
vai ter continuação? como assim, ninguém me avisou isso... kk' posso pensar em uma continuação, meu xodózinho. mas só pq vc pediu.
só não garanto que ela saia tão logo, por que né... minha falta de criatividade não me deixará concluir as mesmas. kk'
awnn sua linda, que honra, meudeus! *-*
fico tão mega feliz que vc tenha gostado *-* ganhei meu dia com esse seu comentário.
tbm amo... só acho mais complicado de escrever, sei lá... to tentando pegar a mania de escrever em primeira pessoa, fica mais pessoal, eu acho.
nhaw, coisa mais fofa ever. olha quem fala, a menina mais talentosa que eu conheço.
nhaw, fico feliz em saber, amr. tbm me inspiro em vc cada dia mais.
Beijoos, minha coisa linda.
Amucê cada dia mais. obrigada meeeesmo por todo o apoio que me devota dia após dia. ele é essencial.
Re: Chuva
awn que coisa linda, perfeito demais, muito bem escrito e trabalhado, porfavor faz uma continuação
sofiee..- Mensagens : 133
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Data de inscrição : 26/03/2012
Re: Chuva
nhaw sofiee! que bom que gostou!
fico mega feliz por ter agradado vc!
pode deixar, já estou pensando na continuação.
fico mega feliz por ter agradado vc!
pode deixar, já estou pensando na continuação.
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