Almost Is Never Enough

...


Ariana sentiu a água fria em sua pele. Pelo menos, ninguém perceberia  que ela estava chorando. As lágrimas se confundiram com a água da chuva. As pessoas ao seu redor corriam para se proteger, mas ela não sentia essa necessidade. O frio que sentia e o incomodo das roupas molhadas não eram mais fortes do que a dor em seu coração.
Enquanto caminhava em direção ao seu apartamento, cada ponto que olhava de cidade lembrava a Nathan, trazia uma lembrança feliz de uma amizade que ela acabou.


Lembrou da última vez que o viu.
Ela entrou no apartamento que conhecia tão bem quanto a própria casa onde cresceu. Nathan estava sentado no sofá azul claro da sala, e ela sentou-se ao seu lado, como de costume. Ele estava assistindo a um show de uma mulher que ela nunca havia ouvido falar, mas antes que ela tivesse a oportunidade de perguntar quem era, Nathan desligou a TV.
-Tenho algo sério para falar com você.
Ariana apenas concordou com a cabeça, sem saber se ria ou se ficava preocupada. Nathan raramente falava sério.
-Eu... acho que... não consigo mais ser – ele hesitou, por desconfortáveis segundos -, ser apenas seu amigo. Eu estou apaixonado por você.


Ariana não sabia o que fazer. Ela podia dizer que o amava também, mas estaria mentindo. Ela não o amava, ou pelo menos achava que não.
-Você não vai dizer nada? – ele perguntou.
-A verdade é que... eu não sei... não sei se o amo – ela teve que admitir. Os olhos de Nathan pediam uma resposta sincera, e ela nunca conseguia mentir para ele. Aqueles olhos que eram para onde ela sempre olhava quando não sabia o que fazer, que sempre estavam lhe dando uma mensagem secreta, e ela viu a dor neles. Viu a dor de Nathan estampada em seu rosto. Uma lágrima correu pelo rosto de Ariana, por saber que ela causou aquela dor. – Eu sinto muito.
Ela levantou-se e saiu do apartamento, entrou no elevador e chorou. Nathan nunca iria perdoá-la, por tê-lo magoado, por não ter atendido aos pedidos dele, por não o amar como ele queria. Ela o amava, como uma irmã ama um irmão. Mas ela estava errada, muito errada.


Passou a noite em claro, sem conseguir dormir, sem conseguir parar de pensar em Nathan.
Quando o seu despertador tocou, às 7 horas, ela levantou-se, sem tem dormido nem um segundo, motivada a ir até o apartamento de Nathan e dizer que agiu como uma idiota, que ela pensou bem no que sentia por ele, percebeu que aquilo que sentia por ele era amor de verdade, e que só não havia dito nada porque achava que aquilo era algo normal da amizade.
-Sinto muito, srta. Grande – disse o porteiro para Ariana -, o sr. Sykes sofreu um acidente grave de carro, ontem a noite.
Ela começou a se desesperar.
-Como ele está?
-Eu... sinto muito mesmo, não queria ter que dar essa notícia, mas... ele está morto.
Ariana sentiu seu mundo desabar. Lágrimas escorriam loucamente pelo seu rosto, e ela correu sem destino pelas ruas da cidade. Nathan... morto. Não, ela não conseguia acreditar.


Então ela se encontrou ali, indo para casa, se lembrando de Nathan em cada ponto que passava da cidade, e a cada lembrança, se torturando por não ter falado o que sentia na hora certa, por ter deixado para depois. Agora, ela nunca mais o veria.


Na tempestade que caía sobre a cidade, Ariana sentou-se em um banco molhado da praça que ela e Nathan adoravam visitar. Percorrendo a mão pelo banco de madeira, achou as iniciais dela, A.G., e as iniciais de Nathan, N.S., que ele havia perfurado no banco com uma faca.
Ninguém nunca faria para ela o que Nathan fez.


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Tá gente, eu sei, ficou horrível, mas eu me apaixonei por essa música e fiz a primeira coisa que me veio na cabeça.